heresia [ kth + jjk ]

heresia; extra.

— O que está fazendo, hyung?

O mais velho foi desperto pelo questionamento de Jeongguk assim que emitiu mais um clique de sua Polaroid Z2300. Estava longe de ser a câmera mais cara — ou famosa — entre as tantas outras que o Kim possuía, mas o tamanho apreço pelo objeto fez com que destinasse seu uso única e exclusivamente para fotografar o menor em momentos como aquele.

Há poucas semanas, Taehyung e Jeongguk oficializaram o que possuíam — que incluía saídas após as aulas, às escondidas, de preferência na casa de um dos dois. Na maioria das vezes, o apartamento do castanho era o lugar escolhido, pois este morava sozinho, enquanto Jeongguk, dividia um loft no centro com Hoseok.

Naquela tarde, não fora diferente.

O final do período se aproximava e, com ele, consequentemente, a formatura. Como nem tudo são flores, as avaliações finais também estavam mais próximas; Fotografia para Cinema e Vídeo inclusa.

Jeon estava um caos — como sempre ficava no período pré-provas — e seus momentos fora do campus era destinado a estudar mais e mais. Esse fato estendera-se pela última semana inteira, esfriando, mesmo que inconscientemente, o relacionamento dos rapazes.

Taehyung não se importava, porque tinha plena noção do que era estar no lugar do universitário. Por isso, contentava-se a tirar quaisquer dúvidas que poderiam surgir no processo — por mais que fossem poucas, afinal, o moreno alegava abusar da relação que possuíam para ir bem na faculdade (o que não era verdade. Jeongguk nunca precisou transar com um professor para conseguir notas satisfatórias, mas o mais velho apenas concordou com um sorriso mediano, pensando em como se apaixonaria ainda mais pelo outro com gestos simples como aquele).

Contentava-se, também, em fotografar pequenas ações que lhe pareciam demasiadamente interessantes, tais como: a forma como o rosto do moreno contraía-se ao deparar-se com um tópico mais complexo; a maneira despreocupada que estirava-se em seu sofá carmim quando precisava ler um texto mais exaustivo; como suas anotações — sempre tão organizadas e legíveis — transformavam-se em um perfeito amontoado de garranchos que só o moreno seria capaz de entender ao transcrever palavras-chave ou frases que poderiam ajudá-lo a memorizar e resenhar o que acabara de ler. Tudo isso, aos olhos de Taehyung, era interessantíssimo. E, como o menor estava ocupado o suficiente para lhe dar qualquer atenção, aquela Polaroid era sua única companhia.

A pergunta desferida para si, no entanto, o fez voltar ao presente.

— Estou fotografando você — respondeu Kim, sorrindo ao que balançava a imagem impressa nos dedos.

— E posso saber por quê? — O moreno arqueou a sobrancelha; o mais velho tomando sua concentração inteiramente para si. Fechou o caderno, apoiando-o na mesinha de centro, espreguiçando-se após.

— Porque você é bonito e interessante, por que mais seria? — devolveu com outra pergunta.

Jeongguk riu, mais na tentativa de mascarar a vergonha que subia em sua face numa coloração avermelhada do que por ter achado a fala, de fato, engraçada. Pegou-se pensando em como o maior possuía a mania de deixá-lo daquela forma com frequência e travou uma pequena discussão consigo mesmo, perguntando-se se era intencional.

— Deveria tirar mais selfies, então — brincou Jeon, levantando-se lentamente de onde estava para caminhar até o professor.

O mais novo abaixou-se, ficando de joelhos entre as próprias pernas de Taehyung. Passou os dedos de forma ritmada e superficial pelas coxas cobertas por uma calça de moletom antiga e desbotada, formando círculos imaginários e instigando o castanho a fotografar aquele momento, assim como fizera durante os dias anteriores em qualquer cena protagonizada pelo moreno.