À medida que a Colheita chegava, Cece tinha muito pelo que esperar. Primeiro, seus irmãos entrariam de férias, o que significava uma estação inteira de brincadeiras, passeios e viagens. Depois, ela finalmente completara a sua educação básica. Ela se formara na mesma semana que Trevor, recebendo elogios de seus tutores, o que significava que estaria pronta para frequentar a escola com os irmãos no próximo período letivo.
Cece acordou feliz certa manhã no fim do Plantio pensando em ir ao haras visitar Willhein. Sem esperar por Meg, ela se lavou rapidamente, vestiu suas calças preferidas de montaria, uma camisa leve de algodão e botas confortáveis de couro negro. Sentou-se na penteadeira e tentou trançar os cabelos. A trança não ficou nem de longe tão boa quanto a que Meg fazia, mas ela não se importou.
No corredor, hesitou por um segundo pensando em chamar Trevor, afinal ele gostava de ir ao haras tanto quanto ela... mas então lembrou que o irmão havia ido passar alguns dias na casa de um amigo da escola.
A garota desceu correndo as escadas e quase derrubou Meg, que subia em direção ao seu quarto.
‒ Ai! Cece, tome cuidado, por favor! Aonde a senhorita vai com tanta pressa?
‒ Desculpe, Meg ‒ disse a garota, rindo. ‒ Estou indo ao haras visitar Willhein.
‒ De novo? ‒ Meg deu um gemido. ‒ O que a sua mãe vai dizer quando me perguntar onde você está e eu lhe disser?
‒ Então não diga. Diga que não sabe.
‒ Cece! ‒ Censurou Meg. ‒ Não posso mentir para a patroa ‒ ela deu um pesado suspiro.
‒ Vamos, Meg, não faça essa cara. Eu volto logo, prometo. E vou pensar em uma forma de compensar a mamãe. Que tal desmanchar essa cara amarrada e me dar um sorriso? ‒ Perguntou Cece, rindo.
Meg virou o rosto e fungou.
‒ Qual é, Meg, só um sorrisinho, vai!
Meg não se mexeu.
‒ Eu sei que você quer dar um sorriso para a sua garotinha ‒ cantarolou Cece, abraçando a outra pela cintura.
‒ Hum ‒ fez Meg, ainda com o rosto virado, tentando se desvencilhar da garota, porém sem muita firmeza.
‒ Ah Meg, me ajuda vai. Você sabe que eu não consigo fazer nada sem você.
Meg parou de tentar se desvencilhar de Cece e um sorriso involuntário começou a abrir caminho pelos cantos de sua boca.
‒ Eu sabia! ‒ Exclamou Cece, e, ainda rindo, começou a fazer cócegas em Meg.
‒ Ha ha ha... não... ha ha ha, Cece! Pare... ha ha ha ha ha ha... está bem, está bem! ‒ Disse a mais velha, sem fôlego. ‒ Ok, você venceu!
‒ Obrigada Meg! Apenas enrole a mamãe até eu voltar. Será que você poderia pedir à Magda que prepare uma cesta de café da manhã tardio? E também que separe cenouras e maçãs. Porção dupla; estou pensando em visitar o Rufus também.
‒ Está bem, vou providenciar o que me pediu. Mas como espera que eu passe pelo salão de jantar com todas essas coisas sem atrair a atenção da patroa?
‒ Não precisa, Meg. O Jim vai encontrar com você na porta dos fundos para pegar tudo.
‒ Então o Jim também está metido nisso! Que ótimo ‒ fungou ‒, assim quando a patroa me puser para fora por acobertar seus esquemas de fuga pelo menos não irei sozinha.
Cece riu, beijou Meg no rosto e continuou a descida até o hall. Parou no último degrau, procurando ouvir alguma coisa através da porta entreaberta do salão. Nada. Ela concluiu que o resto da família ainda não descera para o café da manhã. Tomou fôlego e atravessou o hall rapidamente. Abriu a porta com cuidado, apenas o suficiente para que pudesse se espremer através da abertura e fechou-a com igual cuidado, prendendo a respiração.
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Cece Blue
FantasyCom apenas dois anos de idade, Cece é abandonada em um orfanato do Reino da Tempestade. Aos oito, ela é adotada por uma família de nobres, amorosa e complicada. Tudo o que ela quer é viver feliz ao lado da família, mas seus espantosos cabelos azuis...