O Pedido

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O silêncio e a escuridão que a envolviam eram quase palpáveis. Ela sentiu que flutuava suavemente, como se estivesse imersa em um lago cálido em uma noite sem lua. Então ela viu uma luz muito suave, muito bonita. Ela não sabia se a luz vinha de dentro dela, ou de algum lugar no meio da escuridão, ou se ela, a escuridão e a luz eram uma coisa só...

Então ela foi tomada por uma emoção muito forte, uma mistura de raiva, tristeza e pesar, seguidos de um medo terrível. Um sentimento de compaixão aqueceu seu peito, seguido por um amor tão grande, tão forte, que doía. Doía tanto que parecia que seu coração ia explodir, mas quanto mais doía, mais lhe parecia que o seu coração crescia.

Em algum momento em meio à dor ela sentiu que não estava sozinha... Essa sensação aumentou, e ela olhou para escuridão, procurando. A luz brilhou mais forte e, no meio daquele breu, um vulto começou a se formar.

— Quem é você? – perguntou Cece, o corpo todo tremendo de emoção.

E uma voz diferente de todas as vozes humanas que ela já ouvira, mas ainda estranhamente familiar, respondeu:

— Quem é você?

— Cece!

Uma outra voz, também familiar, estava chamando. Enquanto ela ouvia o chamado, o vulto ia desaparecendo.

— Não, espere! – Gritou a garota.

— Cece!

A voz que chamava estava mais alta, mais urgente.

Cece tentou correr na direção em que o vulto estava, mas seus passos não diminuíram a distância até ele.

— Espere, espere! – Gritou a garota, estendendo as mãos para tocar a figura evanescente. – Não vá!

Mas era tarde. Tudo estava escuro outra vez, mas dessa vez era uma escuridão fria e desagradável. Cece sentiu a cabeça girar; sentiu que caía em um chão frio como gelo. Ela abraçou o próprio corpo, tentando respirar... Mas parecia que o frio invadia seus pulmões, e ela se afogava nele.

— Não me deixe!

🔹🔹🔹

— Cece! Cece!

O senhor Stormfield chamava desesperadamente o nome da filha, o rosto quase tão branco quanto o dela.

Ele havia lutado para soltar o pequeno Leward dos braços rígidos da irmã, e, depois de verificar rapidamente que a criança não estava com nenhum machucado sério, voltara sua atenção para a filha que estava inconsciente.

— Barbara! – Gritou ele.

A babá de Leward já vinha descendo as escadas correndo, e parou horrorizada com a cena.

— Sr. Stormfield! O que aconteceu??

— Barbara, leve Leo com você e não tire os olhos dele, ele pode estar machucado.

— Machucado?! – Barbara arregalou os olhos – Mas como?

E então ela rompeu em lágrimas.

—Me p-perdoe Sr. Stormfield! É tu... tudo minha culpa! E-eu fui ao banheiro e qu-quando voltei...

— Barbara, você pode pedir desculpas depois – cortou o Sr. Stormfield. – Agora leve Leward com você e não tire os olhos dele!

Barbara assentiu, apreensiva, e pegou o pequeno Leward, que chorava e se debatia no colo do pai.

— Shhh, calma pequenino, vai ficar tudo bem... shh... – fez ela, para acalmá-lo.

Enquanto Bárbara subia as escadas, Meg aparecia no hall, atraída pelo choro do garoto.

Cece BlueWhere stories live. Discover now