DEAR DIARY

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❗AVISO DE GATILHO :
     violência e abuso
    ( caso queira pular a cena leia após o símbolo de  ྉ ) ❗

Park Jimin, 19 anos.

Estou correndo, quase sem fôlego.

As árvores ao redor fazem tudo ficar mais escuro e os galhos me atrapalham a conseguir desviar, mas continuo correndo, e apenas correndo porque sei que se parar, algo terrível pode acontecer.

A noite escura pinta um céu que parece não ter uma estrela sequer, está muito frio mas a adrenalina não me deixa sentir a brisa congelante, e esta floresta maldita parece não acabar nunca, eu preciso sair daqui, preciso chegar na estrada.

Quando finalmente vejo o asfalto corro ainda mais rápido, como se minha vida dependesse disso, não sei do que ou de quem corro, nem o porque de precisar sair dali tão depressa, mas é o que meu corpo está me mandando fazer, consigo ver os carros passando e estou quase lá.

Falta pouco, tão pouco.

Mas sou jogado ao chão.
Sinto duas mãos me puxarem, elas estão molhadas e quentes, não consigo ver quem me derruba, é uma sombra alta e pesada, como se fosse uma pessoa porém não uma pessoa normal, é como um monstro, me arrepio por inteiro, sentindo cada músculo tensionar.

Me debato, grito, choro mas nada parece adiantar, ele consegue segurar cada centímetro do meu corpo no chão.
Sinto que vou vomitar pois minha barriga dói mas nada sai, quero gritar ainda mais porém minha voz falha e só consigo soltar um grito silencioso, meu corpo está em puro êxtase de desespero, cada fibra só quer sumir daquele momento, sair dali, aperto os olhos fortemente querendo acordar daquele pesadelo.

Ele coloca a mão sobre minha boca e eu afundo, vou afundando aos poucos naquele chão molhado, caindo no escuro.

Continuo a cair, sem nunca chegar a um fim, ainda sentindo dor, sentindo tudo mas não sentindo nada, apenas uma culpa, não sei exatamente de que, mas me sinto culpado.

Abro os olhos quando me falta o fôlego, dou um suspiro profundo tentando recuperar o ar que está faltando, mais um maldito pesadelo de merda. 

Sinto meu rosto molhado e enxugo meus olhos, minhas mãos tremem minimamente e não consigo controlar nada, preciso me acalmar.

Olho no relógio e são quatro da manhã, minha mente recapitula o que acabou de acontecer e meu coração aperta, é uma dor que parece se espalhar do coração para o peito e depois para o corpo inteiro.
Uma dor emocional tão horrível que chega a ser física, por que tem que ser assim ?

Tento voltar a dormir mas não consigo, tenho medo de ter mais um pesadelo, eles sempre me fazem piorar, então apenas descanso tentando não deixar pensamentos ruins tomarem conta, se minha cabeça está nublada então pelo menos posso tentar não enxergar nada.

                                     ྉ

— JIMIN ! - escuto Taehyung gritar de seu quarto, o ignoro e continuo a encarar a parede azul do meu quarto de costas para a porta, permaneço imóvel.

— JIMIN-SSI ! - sua voz é ainda mais alta porém ainda finjo não o escutar, não quero falar com ninguém.

— HYUNG ! - ele abre a porta do quarto com tudo, às vezes da vontade de o jogar escada abaixo.

— Hyung ? - ele me pergunta baixinho, para saber se estou dormindo, o que não adianta muito já que seus gritos podem ser ouvidos do fim da rua.

  — Morreu - respondo sem nem me virar.

— O que está fazendo ? - pergunta.

— Tô dormindo, não tá vendo ? - o corto. Não gosto de ser grosso com Taehyung mas hoje meu humor está uma merda, sinto que qualquer coisa é minimamente irritante, eu só queria dormir em paz.

INTOCÁVELOnde histórias criam vida. Descubra agora