E então lá estavam eles, dez anos haviam se passado e eles tinham que decidir:
- norte ou sul?
Breno perguntou pro seu nobre companheiro de viagem
- e eu sei lá porra, você é quem tem a visão de latifundiário, vê aí oq tá menos pior.
Claro que não fazia diferença, tudo estava na merda e eles teriam que continuar andando de qualquer forma, mas esses pequenos exercícios diários eram oque mantinha a jornada coesa e fazia-os pensar que existia algum sentido naquilo tudo. Mas pra que pudessem prosseguir seja lá pra onde estavam indo, eles tinham que decidir.
- pqp hein Edu, ok...
Breno então deu uma boa olhada em volta. Ao norte: vários nadas, ao sul: mas nadas ainda.
Realmente não fazia diferença, o mundo tava mesmo uma zona, quilômetros e quilômetros de estradas desertas, as poucas sociedades restantes se isolavam nos lugares mais aleatórios possíveis, e todas as que haviam encontrado, quando não eram muito hostis, escutavam pagode alto irritando todos os vizinhos. Em função disso viviam vagando pelo mundo, já haviam pego muitas estradas, trilhas e até atravessado o oceano algumas vezes. A falta de pessoas não ajudava muito na localização, será que já estavam em outro continente? Ou rodaram em círculos e estão a dois quarteirões do local de partida? Vindo dos nossos protagonistas ambas as hipóteses eram extremamente plausíveis. Breno chutava a ideia dos quarteirões, e hora ou outra sugeria a ideia de voltar pra casa. Edu no entanto jurara ter visto um ornitorrinco uma vez, animal do qual não se dúvida nada, nem mesmo ter sobrevivido a uma catástrofe mundial. De todo modo, eles precisavam escolher, a tarde já ameaçava cair e passar a noite sem abrigo não era lá uma das experiências mais agradáveis dês de o grande desastre.Breno enfim chegou a uma conclusão:
- jokenpô
- que?
- jokenpô. se é pra resolver isso que seja de maneira madura hora bolas. A não ser que tenha uma ideia melhor.
- ok né, se eu ganhar a gente vai pro sul. E se der merda a culpa é sua.Breno riu e então se colaram a postos. Olhares fixos uns nos outros, o clima de tensão pairando no ar, só havia uma chance, e o resultado desse embate decidiria pra sempre o destino dos nossos heróis.
E então disseram juntos:
- jokeeeeen pô!
...Vitória pra Breno. Estava consumado, a jornada se seguiria pro norte a partir daquele ponto, subirão no seu bug movido a água, gasolina e qualquer outra coisa que o fizesse rodar. Seus seguidores (ah sim, eles tinham alguns seguidores) olharam com profunda admiração, e os seguiram rumo ao destino que os esperava: o norte.
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As crônicas de gleba
Ficción GeneralO mundo de gleba se passa em um futuro distópico, onde um homem que outrora fora tido pelo mundo como o salvador da humanidade, um dia se virou contra ela e a dizimou quase completamente. Agora, 10 anos após a grande catástrofe, Bruna do k-pop vai t...