Desde o início, estávamos destinados ao fracasso. E é por isso que nunca tivemos um começo.2020, 2 de fevereiro.
Por muito tempo, vivi a minha vida renegando meus sentimentos por palavras que um dia eu jurei serem suficientes.
Mas não são.
No final de tudo, chegamos a conclusão que, porra, palavras não têm o poder de nada.
Digo, qual o motivo de ligar para palavras quando são negativas? Todos sempre falam: "Não ligue para o que dizem de mal sobre você.", mas por que eu ligaria?
No entanto, sempre queremos que nos digam algo bom.
Por qual motivo temos essa necessidade?
Se eu não preciso ligar para palavras negativas, porque eu preciso incansavelmente alcançar palavras boas de bocas distintas a minha?
Não faz sentido.E talvez, seja por isso que eu nunca me encaixei nesse mundo.
Enquanto ando na calçada, a caminho do estúdio, conto em minha cabeça os passos que dou.
Mil duzentos e sessenta e cinco.
Mas ontem deram mil trezentos e um.
Assim como os passos que dou, minha vida se tornou.
Com Arritmia.
É estranho usar essa palavra. No hospital, usam para dizer que algo não tem ritmo. Arritmia cardíaca, respiratória.
Mas quando pode-se dizer que uma vida é arritmica?Quando ela não está mais aqui.
- Hyung! - Sou empurrado e saio de meus devaneios.
- Meu ombro, filho da puta! - Aperto o mesmo por sentir uma leve pontada.
- Oh, o que aconteceu? - Arregalo os olhos de leve, me recordando que ele não sabe. Ninguém sabe.
- Dormi de mal jeito. - Minto.
- Ah, hyung! Vamos subir, eu tenho certeza que tem um remédio para dor muscular na minha bolsa! - Jimin sorri e faz com que seus olhos virem dois riscos. Lindo.
- Não precisa se preocupar, Jiminie, estou bem. - Levanto o polegar e ele põe suas mãos em sua cintura.
- Nananinanão! Não venha com essa de "não se preocupe" - Jimin faz aspas com as mãos. - Somos irmãos!
- Não faça isso! - Nego com a cabeça. - Não faça aspas com as mãos. - O imito.
- O que? O que o hyung tem contra dedos? Meu deus? Você é dedofobico? - Ele coloca a mão no coração como se realmente estivesse ofendido.
- Isso sequer existe?
- Não sei! - Jimin gargalha.
- Vamos, pirralho! - Reviro os olhos e prosseguimos para o estúdio.- Yoongi hyung... - Jimin me chama tímido.
- Hm? - Não me viro, continuando o caminho.
- Como você tem estado? Hoje de madrugada eu estava no quarto com Tae e Jun e nós ouvimos u-
- Jimin! - O interrompo. - Eu não vou falar sobre isso. Por favor, não tente, estou morrendo de dor de cabeça.
- Até quando, hyung? - Sua voz falha.
Não respondo.
Coloco minhas mãos em meu bolso e aperto meus passos, deixando Jimin para trás.
Ele não entenderia.
Eu não me entendo.- Nossa, que estranho, não acho minha bolsa de remédios. - Jimin coça sua cabeça.
- Vem logo, Jimin! - Hoseok o grita.
- Um, dois, três e... - A batida começa e eu não sigo seu ritmo.
A música para.
- Hyung, tudo bem? - Namjoon se aproxima.
Permaneço imóvel. Todos os olhares, dos membros, do coreógrafo. Todos direcionados a mim.
Namjoon encosta em meu ombro e me encolho.
- Hyung, o que aconteceu? - Diz com seu tom preocupado, tanto conhecido por cada um de nós.
- Eu não estou me sentindo bem. - Me afasto de todos, saindo do estúdio de dança direto para o banheiro.
Sinto meu coração acelerado, a cabeça explodindo, o ar que apreciava durante a caminhada, agora me falta.
Eu não aguento.
De novo. De novo. E de novo.
O banheiro se torna cada vez menor e me sinto sufocado. Lágrimas consequentemente caem por não suportar tamanha dor.
Meu coração não dói, e por mais que esteja acelerado, faz um bom trabalho.
Minha alma dói.
E é para essa dor que eu perco.
Entorpecido na sudorese, minha visão se embaça, tento me segurar na pia mas já é tarde.
E a escuridão me abraça.
Pela segunda vez no mesmo dia.
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Migraine
Fanfiction[Concluída] Yoongi enfrenta seus demônios sozinho, e vive em uma luta entre encontar a si mesmo e desistir de tudo.