Quatro dias se passaram, e em algumas horas a primeira fase do jogo para eliminar criminosos começaria. Após os quatro dias de treino arduo para aprender pelo menos o básico sobre campos de batalha, Marla dormia no quarto reservado para Alisha, agradecendo em sonhos por nao estar deitada na cama de madeira e feno.
Alisha jazia sentada na janela, olhando para a capital de Dragonstone. As casas eram lindas e bem cuidadas, mas possuiam padrões e estruturas distintas que acolhiam os gostos de seus moradores. No céu, Wyverns de cores distintas voavam com seus montadores na garupa, a maioria entregando mensagens para os reinos além mar. Logo, desviou o olhar para o pequeno cristal que Raniel lhe deu, tentando se lembrar para que ele serve.
As horas se passaram rápidas, até demais, e logo Alisha precisou acordar Marla, que resmungou e xingou por bastante tempo enquanto tomava um banho e vestia sua roupa de batalha, similar as roupas de gladiadores romanos. A Zashti respirou fundo, vestindo o mesmo padrao de roupa de combate, sentindo o couro apertar seu tronco. Xingou baixo, respirando fundo mais algumas vezes, se habituando a vestimenta e rezando mentalmente para que seu corpo ja estivesse recuperado completamente da ultima surra.
Marla saiu do banheiro, olhando para o proprio corpo e sorrindo, apreciando a roupa.
- Achei que seria algo tipo as roupas de RPG. Sabe, sexy.
- Estamos indo pra um combate que vai decidir nossas vidas. Por que usariamos algo sexy? Não tem lógica.
Marla ri, olhando para Alisha, e logo desfazendo o sorriso.
- Alisha, me escute e preste atençao, por que estou falando sério. Se você tiver de escolher entre a sua vida e sua inocência, escolha sua vida. Não hesite em matar alguém. E saiba que eu nao vou hesitar.
- Marla... O que o Kaden fez com você?! - a Zashti arregala os olhos, olhando a amiga. - Você não fala assim.
- Eu sei que não. Mas enquanto treinava, eu vi alguns dos outros prisioneiros, e nenhum deles tem cara de quem vai hesitar so por que nao somos daqui. É a liberdade e a vida deles em jogo, eles nao vao hesitar em nos matar pra passar de fase. Nós também não podemos hesitar.
Alisha respirou fundo, olhando para Marla e segurando suas mãos, apertando de forma carinhosa e, em seguida, apertou as fitas de sua roupa e as amarrou com força, garantindo que nao fossem se soltar e deixar a humana desprotegida.
Um dos servos bateu na porta e a abriu, chamando as duas. Elas assentiram e seguiram o servo para fora do castelo, sendo deixadas no pátio antigo atrás da montanha do castelo. Os outros prisioneiros tambem estavam ali. Eram homens e mulheres de diversos tamanhos e formas, a maioria sendo mais velha e experiente que as Hyds.
Marla puxou conversa, tagarelando sobre como essa competição era maluca e sem sentido. De início, Alisha argumentava com ela, mas logo perdeu o foco, lembrando que Heilos não havia melhorado em momento algum. A semana havia passado sem notícias dele, e ela olhava em volta esperando que ele chegasse trajando uma armadura de couro, pronto para guia-las para a vitória, no entanto, isso não aconteceria. Ele havia sido levado para ser cuidado por Marcon, em Ophiocus. Naquele momento, sem sombra de dúvidas, o guerreiro estaria atravessando o oceano e não poderia ajuda-la.
Repentinamente, todos os prisioneiros foram guiados pelos guardas para longe da cidade. Ninguem ousava dizer nada, sabiam que os guardas nao lhes dariam atenção.
Distante da cidade, havia uma enorme entrada de caverna. Os prisioneiros foram parados e, ao olhar por entre o monte de pessoas, foi capaz de ver o rei de Dragonstone e seus tres filhos: Kaden, Fiwrah e Edrion. Os quatro assistindo os prisioneiros serem enviados para dentro da caverna. Sem nenhum discurso, ou uma palavra sequer, a maioria deles nao merecia palavras de consolo ou força.
Com todos dentro, a entrada foi fechada por uma pedra enorme, que devia pesar no mínimo duas toneladas. Alisha olhou ao redor, esperando sua visao se ajustar a escuridao, e quando isso aconteceu, percebeu todos caminhando em uma unica direção, e os seguiu.
Marla segurou sua mao. Alisha pôde ouvi-la rezar baixinho e a acompanhou em sua prece. Logo a caverna foi recheada pelos gritos dos prisioneiros mais aventureiros, que saltavam do penhasco a frente ou se penduravam nos cipós e vinhas do teto esburacado da caverna. Graças aos buracos, a luz do sol poente entrava no lugar, permitindo que enchergassem o que havia a frente. E o que havia a frente, era nada. Nada alem de rochas, um buraco fundo, e vinhas e cipós.
Marla estreitou os olhos e se concentrou, vendo o que havia do outro lado quando sua visão se ajustou.
- Há uma continuaçao ali. Se darmos uma de macacos, podemos chegar do outro lado.
- Nao. - Alisha diz, olhando para onde a amiga apontou - Se fosse tão fácil, essa prova não seria eliminatória. Temos chances maiores de sobreviver se ficarmos juntas.
Marla assentiu e, quase que instantaneamente, os gritos de aventura se tornaram gritos de terror, acompanhados por passos desesperados e pedras se soltando da parede do precipicio. Em seguida, um rugido de uma fera que, infelizmente, Alisha pôde conhecer. Aquela era a toca de um dragao, e ele estava faminto. Marla arregalou os olhos.
- Mas que merda.
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Daechya (Vol.2) - Coroa de Serpentes
Fantasia~ Volume 2 - Daechya ~ Capa por: @FadinhaLacerda "Quando o céu liberar as lágrimas de tristeza das estrelas, um novo rei ao trono subirá. E em sua cabeça terá de suportar, o peso da Coroa de Serpentes. Forjada com o ouro de uma terra esquecida, tom...