Arregalei os olhos quando vi ele ali, falando novamente comigo.
- Obrigado ! - falei, já desviando o olhar por causa do nervosismo - aonde foram ?
- Eu e sua mãe ? Nós estávamos comprando coisas.
- Para Que ?
- Sua festa de aniversário.
- O que ?
- Ela me disse que você vai ter uma festa, e queria a minha ajuda para comprar o material.
- Sério ?
- Sim... Eu comprei um presente também, mas esse só vou dar depois.
- E porquê não dá agora ?
- Porquê não, seu sabichão. Vai ter que esperar até a noite ou ficará sem presente nenhum.
- Tá bom, eu espero - sorri, ao ver que ele havia voltado a ser aquele Maurice que eu tanto gostava justamente no dia do meu aniversário.
NARRADO POR MAURICE
É, não valia apenas me afastar dele novamente apenas por nervosismo. Eu não podia negar, sentia falta quando ele não estava por perto. Minha vontade de correr para o seu quarto e ficar horas conversando era enorme nesse tempo em que não nos falamos. Mas não acho que esse tempo foi ruim. Serviu para acalmar os ânimos e serviu também para eu me entender. É... Eu cheguei a uma conclusão. Uma conclusão inacreditável, para mim.
NARRADO POR ANTÔNIO
Ele havia voltado a falar comigo. Falta palavras para descrever a alegria que senti quando isso aconteceu. Aos poucos a vergonha que eu sentia por termos nos beijado se esvaiu, e restou em mim apenas um bom sentimento que me fazia ter saudades daquele momento. Já queria repeti-lo, o mais breve possível. Aos poucos os pensamentos iam clareando. E eu já não podia mais negar a mim mesmo. Já não era mais uma simples amizade o que eu nutria por ele. Mesmo sem conhecer o amor, eu tinha quase certeza que isso era o que eu sentia por ele. Um amor doce e ingênuo, mas ainda assim um amor.
- Olá Mamãe - dizia eu, vendo ela desempacotar com a ajuda de uma empregada as compras.
- Meu filho ! Feliz aniversário meu lindo, que você consiga as melhores conquistas na sua vida e que a felicidade reine sobre você sempre - a felicidade reinar sobre mim era o que mais eu precisava que acontecesse naquele momento.
- Desejo tudo em dobro o que ela desejou para você - dizia Maurice, aparecendo de repente por trás.
- Nossa Maurice, que susto ! Porquê não avisa que vem chegando.
- Tá bom, vou comprar uma buzina só para avisar você que estou chegando na sala de jantar - minha mãe riu.
- Seu bobão ! - definitivamente, seu corpo tinha um poder que me dominava. Eu era dominado pelo sentimento. Sentimento que eu nutria por ele.
MINUTOS MAIS TARDE
Minha mãe me fez vestir novamente um traje mais elegante. Não se esqueçam que os cavalheiros da alta sociedade naquela época se vestiam muito bem, com ótimos tecidos e ótimos cortes de roupa. Arrumava meu cabelo quando ele entrava no quarto.
- EI ? Antoine ? - via um nó de gravata extremamente mal feito na minha frente - me ajuda - comecei a rir alto.
- Vai me dizer que você não consegue dar um nó de gravata ainda !
- Não... Eu nunca tive paciência para aprender. Talvez por isso não goste de terno.
- Mas no dia que você chegou trajava um terno.
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Descobrindo o Amor
RomanceNo fim dos anos 1910, o jovem Antônio vivia no interior de Minas Gerais junto com sua mãe. Filho de um deputado e herdeiro de grandes terras, parecia ter um futuro tranquilo tendo um grande patrimônio para administrar e uma futura esposa. Porém, tud...