Ainda no dia da nossa chegada, minha tia nos arrastou para a praia. Aquela altura o Rio de Janeiro não era o perigo que é hoje. Por ser a capital federal, era extremamente bem protegida, assim sendo uma capital levemente pacata. Andando, da casa da minha tia nós fomos até a praia. Como nos dias de hoje, a praia é linda. As águas do mar iam e voltavam. As pessoas caminhavam na praia. Haviam crianças brincando, era muito legal.
- Que linda praia. Já estava com saudade daqui - falou ele - foi quase um ano separado dessa cidade...
- Pois é, eu também... - pisamos na areia e fomos nos aproximando do litoral.
- Me lembra Cannes...
- Você vai muito muito lá ?
- Um pouco. Parei de ir por causa da Guerra, mas antes dela de vez em quando eu ia. Como a estrada e ruim, é uma dificuldade. Mas a gente chega - falou, me fazendo sorrir.
- Olhem meninos, como está linda a praia - falou, fazendo nós darmos uma volta de 360° com o olhar.
- Muito linda tia...
- Duvido você me acertar água ! - falou, correndo em direção ao mar. Fui atrás dele, entre risos e suspiros. Como eu esperava, a ida ao Rio seria um momento incrível.
- Eu acerto ! - falei, chegando no mar. Começei a atirar água nele, mas tínhamos que fechar os olhos para não correr o risco de levar água nos olhos - viu como acerto ?
- Vi. Você acerta muito ! - falou, Me puxando com tanta força que acabo caindo dentro da água. Após o mergulho forçado, contínuo a jogar água nele, como uma forma de vingar- me por ele ter me puxando para a Água.
- Mais do que você - falei. Na brincadeira caiamos um por cima do outro, as vezes riamos, principalmente quando entrava água em nossos olhos. As vezes esbarramos, até que em certo momento eu acabo caindo sobre suas pernas. Nosso olhar se juntou, como sempre acontecia quando estávamos muito perto um do outro. Porém, a onda nos separou, lembrando a nós que não estávamos sozinhos como no sítio. Estávamos no Rio, vigiados pela minha tia. Quando olhamos para ela, sua cara era enigmática. Nem boa, nem ruim.
TEMPO DEPOIS
O tempo foi passando. Aos poucos fomos acostumando com o Rio de Janeiro. Visitamos algumas outras praias, alguns parques e agora iríamos visitar um homem, amigo da família. Eu não o conhecia, mas segundo minha tia, era amigo inseparável do meu pai. Estranho, pois ele nunca falava de amigos. Ele vestiu o terno, com dificuldade no nó. Eu com nenhuma dificuldade vesti-me. A noite caiu e minha tia entao veio chamar-nos.
- Vamos Garotos ?
- Vamos tia.
Da casa da minha tia ate o homem era perto. Mas obvio, para se chegar com um pouco mais de classe usavamos o carro. Fomos, e quando chegamos na mansao, ja estava cheia de pessoas. Chegamos na entrada, ele deu uma olhada numas duas paginas, depois alguem o distraiu e eu acabei passando sem nem ele perceber. Bela fiscalizacao que faz a policia. Descemos, vinhamos entrando, e só então eu lembrei de quem se tratava. Era o deputado Haroldo Parente, presidente do congresso na época em que meu pai lá trabalhava.
- Olá Haroldo - minha tia falou.
- Olá. Que bom que vieste. Trouxe o garoto ?
- Sim, aqui está. Ele é filho do Deputado, mas é bem difícil de que siga a carreira do pai.
- Eu gosto de outros cursos, não a política.
- Entendo. Meus filhos também são assim, não puxaram o meu talento para a política.
- É uma pena - os dois ficaram conversando quando eu e Maurice ficávamos no canto.
- Ora, se eu soubesse teria ficado em casa.
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Descobrindo o Amor
RomanceNo fim dos anos 1910, o jovem Antônio vivia no interior de Minas Gerais junto com sua mãe. Filho de um deputado e herdeiro de grandes terras, parecia ter um futuro tranquilo tendo um grande patrimônio para administrar e uma futura esposa. Porém, tud...