Um mês após a batalha de Alexandria
Não havia luz alguma. O cheiro era terrível. A podridão estava impregnada em todos os lugares. Ao longe gritos de horror ecoavam. Não era possível saber se era dia ou noite... A única certeza era a morte.
Adrian acordou e rolou para fora da cama. Os cabelos e o rosto estavam encharcados em suor. Estava ofegante e o coração batia acelerado.
O quarto era iluminado apenas por uma fraca lamparina. Não havia lua no céu. Rosalyn dormia tranquilamente na cama macia e espaçosa da estalagem. Os cabelos ruivos se derramavam sobre o travesseiro. Adrian sentou-se e afogou o rosto da moça lentamente.
O caçador secou o suor com as costas das mãos e procurou acalmar seu espírito. Era sempre o mesmo pesadelo. Quase todos os dias após aquela batalha eles surgiam em seu sono. Adrian era tomado por uma angústia inexplicável, era como se ele mesmo estivesse preso. No início achou que não era nada importante, mas agora, estava claro que era uma espécie de sinal. Estava na hora de procurar ajuda.
– Adrian? – perguntou Rosalyn com a voz sonolenta e abrindo apenas um olho.
– Está tudo bem, volte a dormir – respondeu automaticamente.
– Você vai embora? – Rosalyn já ouvira os gemidos de Adrian por muitas vezes, mas permanecia em silêncio para não fazer perguntas ao caçador.
– Preciso resolver um problema, volto antes do nascer do Sol – respondeu com autoridade de um comandante.
Adrian beijou a testa de sua companheira e começou a vestir-se. A moça nada perguntou, o caçador nunca lhe contava nada, era sempre misterioso.
Poucos minutos depois Adrian já não estava mais lá. Os passos pesados e apressados ecoavam no chão de pedra.
A cidade estava no silêncio de sempre, mas desde a batalha a sensação de terror havia desaparecido completamente. A paz reinava desde a ocupação.
Os guardas da muralha avistaram a figura de capa preta se aproximando dos limites da cidade. Com as armas em punho esperaram para identificar o alvo, foram treinados para isso. As tochas espalhadas estrategicamente no caminho até o portão iluminaram o rosto até então desconhecido.
– Boa noite comandante – berrou o guarda que estava na guarita de pedra acima do portão.
– Boa noite soldado – respondeu Adrian em voz alta. – Onde está ele?
– Partiu há poucas horas senhor, disse que estaria no lago caso algo acontecesse.
– Abra o portão – ordenou Adrian.
O portão foi aberto alguns segundos depois, o ranger da madeira fez com que os moradores mais próximos acordassem. Alguns guardas sonolentos limparam os olhos para ver seu comandante deixar a cidade.
Do lado de fora existiam mais dois homens que fizeram uma longa reverência ao reconhecer seu comandante.
– Devo mandar preparar o seu cavalo senhor? – indagou rapidamente.
– Não, irei andando, obrigado.
– Sim senhor – responderam os guardas simultaneamente.
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O Caçador - O Covil das Bruxas
FantasiaCapítulo 1 - Segundo volume da saga O caçador.