Capítulo 4 - Dia de folga

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            O sol mal havia aparecido no horizonte quando Bernard acordou. O quarto era espaçoso e confortável. O velho caçador não gostava daquele recinto, muito menos daquele castelo, mas Rian o convencera de que deveriam ocupar o local.

        O castelo nos últimos anos representava um símbolo de opressão ao povo de Alexandria. Rian havia transformado o local na sede do exército dos caçadores, a fortaleza era uma ótima construção para que não fosse utilizada. Os cidadãos agora enxergavam um símbolo de esperança.

             Bernard sentou-se na cama e viu os primeiros raios de sol penetrarem pelas persianas quase transparentes. Mais um dia de trabalho nascia. Adrian com certeza não estava lá, e isso não fazia diferença, contanto que não faltasse seu treinamento.

           O neto estava recebendo aulas suas e de Rian. Estava aprendendo estratégias de combate e como contabilizar e administrar tudo que um exército precisava.

            As costas já não doíam tanto. A cama confortável e a energia captada na batalha haviam ajudado seu corpo a manter-se firme, por enquanto.

            Caminhou até a janela enquanto estalava suas juntas. Afastou as persianas e retirou o ferrolho. O vento entrou vagarosamente no quarto, percorrendo-o silenciosamente.

            A barba grisalha estava avolumada, dando um aspecto rígido ao experiente caçador. Vestiu as calças de algodão e uma camisa tão velha quanto ele. A vantagem de acordar cedo era que ninguém estava acordado para lhe importunar. Sentou-se na cadeira em frente a sua mesa e folheou os pergaminhos lentamente. Rolos e mais rolos estavam espalhados por todos os locais, alguns potes de tinta estavam vazios. Bernard coçou a nuca e começou a checar algumas de suas anotações. Ao longo dos dias havia escrito dezenas de cartas para que fossem distribuídas nos vilarejos mais próximos. Nada sobre Adrian ou Demetrius foi dito, apenas que Alexandria estava livre e que precisava de bravos homens para o exército de caçadores que ressurgia. As cartas eram entregues secretamente e a notícia espalhava-se com a maior cautela possível. A estratégia era um tanto arriscada, mas não havia tempo para lidar com tudo isto sozinho. Bernard temia a presença de espiões, sempre que podia conversava com seus homens durante o treinamento. Procurava alguém que lhe fosse suspeito, mas até o momento ninguém havia despertado seu interesse.

            Todos os relatórios possíveis acerca do exército estavam naquela mesa, lentamente os organizou de acordo com suas informações. O número de homens ainda não era satisfatório, apenas 210. Sabia que caso uma guerra eclodisse nas próximas semanas eles seriam esmagados sem piedade. Bernarnd esperava que tivesse tempo o suficiente.

            Dusman havia partido dias atrás e com ele iam informações de extrema valia. O mensageiro se mostrava um bom homem e bom combatente, mas Bernard não confiava plenamente em sua capacidade de disfarçar-se.

            Christopher precisava receber a informação da vitória o quanto antes. Os Lordes provavelmente já tinham conhecimento da volta de Demetrius e consequentemente da presença do caçador abençoado. Uma retaliação poderia acontecer em breve... Rezava todos os dias pela segurança de seu filho, daria tudo para vê-lo mais uma vez.

            Os treinamentos iam bem e os homens estavam entusiasmados, mas ainda eram terrivelmente inexperientes. Muitos nunca haviam combatido um vampiro sequer, não conheciam a velocidade nem a força daquelas criaturas. A batalha de Alexandria foi um golpe de sorte, não aconteceria uma segunda vez.

            Bernard caminhou até a pequena sala ao lado de seu quarto e aliviou suas necessidades. Banhou-se com água fresca e fechou os olhos... Tentou limpar a mente apenas por um instante, mas algo não estava certo.

O Caçador - O Covil das BruxasOnde histórias criam vida. Descubra agora