Método (difícil) para uma percepção que dê vida

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Vou começar aqui a trabalhar com relatos. A palavra "trabalho" não gosto de dizer e ela infelizmente me remete a uma espécie de "transformar minha atividades em algo sem valor", penso que meu trabalho não teria nenhum valor, é a respeito disso? Bem, alguns planos do que dizer estavam em minha mente, rondando em diálogo enquanto preparava o computador para escrever. "Escrever", também é algo que me remete a uma época em que eu pensava estar fazendo uma boa coisa, para trabalho não voltar ao meu dizer, e, de fato, eu fazia, boas histórias surgiram nesse entremeio, mas hoje, penso em relatos, para ser mais sincero com minha associação livre.

Estava pensando em associações livres e nunca tinha notado como isto ajuda a dar sentido às experiências e ao fluxo de ideias que aparecem na minha imaginação. Descobri algo que pode até ser uma lógica, a de pensar em miséria, em erros, vozes que estão em minha cabeça e fazem com que eu sempre faça a primeira escolha, uma voz agourenta que me leva a coisas que são tipo lixo, nem macabras posso dizer, mas distorcidas, feias. É uma voz que frequentemente surge, e acho que até já se tornou minha, mas tudo isto que estou anotando vou esquecer... é o que tal voz disse.

Penso em meu pai e em suas mandanças... Talvez, em entrelinhas, surge um sentido que diz "não... talvez suas ordens sejam apenas modos de ele também expressar sua dor". Mas por que a voz de dor de meu pai é a voz que me faz cometer erros? Acho que sua dor é devida aos seus erros e alguma parte inconsciente de meu Ego faz com que eu deseje cometer estes mesmos erros. Só agora fui perceber e isto parece uma melancolia, pois, como um insight dessa grandiosa qualidade, se for verdade, leva-me a perceber que venho repetindo este ciclo e de repente percebi o porquê de eu também cometer erros? É um inferno.

Agora, nunca estudei Dante, mas talvez eu esteja vivendo em um dos ciclos do inferno dele. Vou pesquisar no google.

Ah, enquanto isto. Sei que estou tomando medicamentos para meu humor, aumento de serotonina e etc. há uns dois meses. E minha capacidade de sentir representações para sentimentos e sentimentos para representações hoje notou-me que a venho tendo há uns tempos. Penso, será que são os efeitos deles?, digo, dos medicamentos... ou foi o efeito de uma literatura policial em primeira pessoa? Quais desses fatores me levaram a estas espécies de pensamentos?

Dante... a voz me disse: ele. Quem será? Quando pensei nele, a própria palavra "Ele" me levou a uma espécie de ressentimento... Eu não sou ele. Então coloquei-me a ver a imagem de uma pessoa que parecia ser o Eu perfeito, o ideal de Eu. Sinto vergonha e sei - porém saber não quer dizer sempre controle sobre o que irá fazer seu Eu -, sei que este eu que penso não tem nada a ver comigo e alguém idealizou este eu. Um rapaz objetivo, que trabalha, que é igual a uma máquina para mim, mas não uma real máquina, mas um estômago, como se a pessoa fosse a funcionalidade de um estômago perfeito sob o efeito da representação do café. Ele então seria o café. Ele seria o executivo de sala fechada trabalhando objetivamente em algum projeto que, terei de admitir, representa ele... um ideal, um self-made-man, mas de uma imaginação distorcida minha, de uma objetividade que quer dizer "Olhe, ele é perfeito, é aquele que não comete nenhum erros, é o que domina qualquer planilha de excel apresentada a ele".

Na verdade, tenho alguns amigos que penso ser assim, mas veja, um "Ei, não existe este ele", subitamente me apareceu e me fez pensar... Bom, eles também tem os amores deles, algo que os diferencia de um "Ele".

Pensei em um amigo chamado Patrick. Sei que ele trabalha para o termas de jurema, mas a minha imaginação retardada me fez pensar no portal de entrada do Termas de Jurema... Ela tende a fazer isso, associar pessoas a portais de entrada. Ele também tem seu amor, algo que em sentimento me veio a mente, mas que agora não consigo descrever, mas é próximo à felicidade.

Este meu amigo me dá o sentido de: não é mais seu, inalcançável, vida diferente.

E assim fecho um ciclo que novamente me leva ao lixo. Ao coração trespassado, mas que nem dor sente... Talvez as lembranças estejam condensadas em meu inconsciente, afeto desligado da representação, ou seja, angústia.

Mas coisas vem me tirar deste meio de pensamentos ruins, como a lembrança de um ex-romance que tive e agora suas imagens e emoções me parecem disponíveis. Não que eu seja um computador, mas ela estão por aí, por aqui não. "Me lembro dele". Mais uma voz me veio à mente.

Não quero descrevê-lo aqui... Parece que as palavras serão insuficientes para dizer as literaturas que compartilhávamos como se fossem sonhos com anjos... tínhamos até anjos específicos que dizem respeito à uma moda vintage onde imagens caracterizavam-na. Tínhamos isso... o doce sabor da paixão, que vocês sabem, não é tão doce, mas na medida certa dá sabores. O nosso tinha sabor de chás. Pois ela gosta deles... gostava também, talvez seu gosto tenha se incrementado. É aquela paixão onde os jovens deixam de existir em meio ao nada e ao caos de se viver e criam um mundo próprio, não que isolam-se, mas tem um suporte que é simplesmente a imaginação deles... a força de vontade muda, ou seja, parece que aumenta. Coisas da libido. As cores tem mais sentido.

Acho que é quando a pessoa começa a notar que pode também se comunicar com uma parte mais agradável que é o caos da natureza... Antes, vivia-se só em partes desagradáveis do caos. Não sei. Não sei se é uma aceitação, mas, sinto que estou alternando entre momentos de dores de cabeça por não suportar nada: sons, imagens, vozes, sensações normais do próprio corpo, ou não normais... e... momentos em que o parágrafo acima existe em meio.

Li 300 páginas de um livro em 6 dias. Estou satisfeito por participar de uma história. Talvez isto tenha contribuído para que... emoções surgissem dele. Ele? Quem é ele? Isto me dá um sentimento de choreiro.

Vejo a mãe da garota que participou de meu ex-romance e vejo... meu coração acelerou. Sentimento de estar prestes a me desvanecer por ele, mas ao mesmo tempo a percepção de que se eu acreditar em algo para além de uma simples coincidência, estarei sendo esquizofrênico.

"Esquizofrênico". Me lembra de uma discussão que tive com esta garota... Meu estômago me diz "erro"... Não tinha muita noção do que estava dizendo. Mas discussões são isso né... Razões tortas encontrando-se.

Ele... Alguém fez meu Às de Copas, ele.

Um relato contra o não-sentirWhere stories live. Discover now