Pode ir

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A enfermeira fez sinal pra me levar até seu quarto, você estava sozinho naquela cama, sua calça jeans e sua blusa preta que foi rasgada às pressas estavam amontoadas em um canto da parede, mesmo andando desnorteada, sentei ao seu lado. Ela gentilmente desligou o aparelho que monitorava seus batimentos cardíacos e o som cessou. Aquele bipe que ficava cada vez mais lento deu lugar ao silêncio. Escutei um "sinto muito" e em seguida a porta se fechou.

Ainda que eu estivesse tremendo muito, segurei sua mão, agora fria e aos poucos perdendo a cor. Eu estava sentindo você indo embora. Tantas e tantas vezes eu te pedi pra não ir, pra não me deixar. Eu só tinha você.

Passei boa parte da minha vida chorando por qualquer coisa, muitas vezes você até brincava com isso. Naquela hora eu não consegui. Deus sabe como eu queria ter chorado, mas eu quis ser forte pra você. Deitei ao seu lado e te abracei como tantas vezes tinha feito.

-Tá tudo bem amor. Pode ir.

Eu queria que você soubesse que eu ia ficar bem. E foi assim que vi sua vida se esvair. Abraçada com o seu corpo e me perguntando o que faria sem você.

 Abraçada com o seu corpo e me perguntando o que faria sem você

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A vida sem vocêWhere stories live. Discover now