Capítulo Dois

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Thiago Nunes

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Thiago Nunes

Era uma manhã de agosto quando as aulas voltaram, eu não estava exatamente animado para as aulas mas sim não aguentava mais ficar em casa. Era verão, prefiro inverno particularmente, as casas de certa forma ficaram mais animadas e festivas, disso eu gostava.

A escola não chega a ser completamente um bicho de sete cabeças, contudo algumas dificuldades aparecem e na adolescência tudo e qualquer coisa parece ser o fim do mundo. Relacionamentos, amizades, notas, esportes, trabalhos, vida. Por que temos que escolher o que faremos da nossa vida aos 17? Tudo se torna pior quando no colegial temos que ser o melhor em tudo, o popular. Para mim, um titulo idiota porém que foi me dado sem nem ao menos eu perceber. No colegial se tem sempre a rixa, se assim posso classificar, de um querendo ser melhor que o outro, em todos os quesitos, o que discordo. Sei do meu tempo e não vou competir com ninguém por um pódio que só servirá no colegial. Depois da formatura, como a própria psicologa da escola diz: todos seguirão seus caminhos e os interesses seguirão diferentes. E o que eu tomo para mim? Que nada, dessa briga besta de quem é o popular, vale.

Na mesma manhã, acordei animado. Fiz meus agradecimentos matinais, arrumei minha cama e corri para o banheiro antes que o Tyler o fizesse. Tyler é meu irmão mais novo, três anos mais novo. Ele é assim como eu negro, seu cabelos encaracolados negros como a asa de uma graúna - tipo Iracema mesmo -, seus olhos tem a cor da folha mais saudável de uma árvore. E ele demora muito no banho, já eu não gosto de me atrasar. Tomo um banho, e volto para o quarto. Visto uma boxer, uma calça skinny mais curta de lavagem clara, um t-shirt azul escura, um tênis branco, e coloco meu relógio marrom. Ajeito meus cachos, coloco um boné preto de forma que não os amassa. Pego na minha mochila, coloco meus materiais e meus fones. Vou à cozinha, encontrando minha mãe sentada na mesa tomando café já de farda.

- Bom dia mãe- digo e deposito um beijo em sua cabeça

- Bom dia filho- diz sorrindo- Dormiu bem?- assinto colocando o pão na boca.

- Bom dia família- o Ty chega gritando o que fez minha mãe se assustar e eu gargalhar. Olho a hora no relógio e acelero. Me levanto, vou ao banheiro, escovo os dentes.

Guardo minhas chaves dentro da mochila e visto a jaqueta do time da escola. Não demoro para chegar na escola. Entro e vou direto para sala, lá estavam o Erick, o João e mais um pessoal do time. Me junto a eles fazendo um aperto de mão. Jogo minha mochila na minha cadeira e volto conversando com eles.

Me encosto no birô do professor. Passa-se um tempo conversando e vejo o João abraçar um garota que logo vejo ser a Mel, sobrinha dele, e um dos garotos solta uma gracinha que notavelmente a fez ficar desconfortável mas se manteve inalterada. Talvez eu tenha ficado com um pouco de raiva, não gosto quando destratam uma garota na minha frente, elas são como flores raras, ou princesas guerreiras. Faço um sinal com a cabeça chamando os meninos - Erick e João- que me seguem. Puxo a Melissa pelo braço até seu lugar.

- Não vai me agradecer?- ela me olha de sobrancelhas franzidas.

- Se você fez isso com o intuito de ganhar um beijinho e uma frase de: Oh, obrigada, incrível salvador da pátria. Você não vai ter- ela se senta gesticulando e eu me apoio na mesa dela.

- Eu te defendi- digo a encarando com um sorrisinho de canto.

- Não pedi que o fizesse -diz e arruma a postura na cadeira - Se falou aquilo querendo algo em troca, era melhor ter ficado calado- arqueia uma sobrancelha.

- Meninas são como princesas precisam ser defendidas- digo me inclinando em sua direção e ela faz o mesmo.

- Pois se procura uma princesa vá à Disney, lá tem inúmeras- ela me olha firme e sorrio divertido.

- Entendi- digo meio pensativo- Não quer um príncipe? Posso ser um para você- digo querendo muito saber onde isso vai dar.

- Você está de brincadeira né?!- questiona retoricamente rindo.

- O que? Todas as meninas dizem que sou como um príncipe negro, posso ser para você- digo e ela ri ainda mais porém fico sério.

- Você acha mesmo que eu sou o tipo de garota que precisa de um príncipe?- concordo, a observo falar- Todas as garotas não precisam de um príncipe como você acha. Elas podem ser a princesa, o príncipe encantado, o cavalo branco e a bruxa- diz e continuo a encara-la mas involuntariamente desço o olhar para sua boca- Contudo, há sim meninas que sentem a necessidade de ter alguém do lado e não é um problema. E eu não preciso de um príncipe. Outra coisa, você não é menos príncipe por ser negro. Seja um príncipe que como característica é negro, não um príncipe que tem como adjetivo negro- concentrei na sua boca e nem reparei e concordo com a cabeça para disfarçar. Queria sentir os lábios dela nos meus, parecem doces de tão rosados que estavam.

- Obrigada pequena- digo tocando seu queixo e indo embora.

De certa forma ela mexeu comigo. Melhor eu tirar isso da cabeça. Acabo me pegando novamente pensado nela mas sou tirado desses pensamentos quando escuto a voz esganiçada do Erick gritando.

- Por que raios o Erick está gritando em?- pergunto retoricamente.

- Porque é o que ele sabe fazer, dormir e gritar, dormir e gritar- o João diz

- Realmente- digo

- Calma gente- e olhamos para o Augusto- Ele grita e dorme também- e todos rimos.

Todos nos sentamos em nossos lugares. As aulas passam até que rápido. No intervalo, fiquei com os meninos no campo. E as últimas aulas passaram como o flash e o toque de saída ecoa pela escola, dou graças a Deus por isso. Guardo tudo na bolsa. Passo pela Melissa e esbarro no seu ombro propositalmente, olhando para trás logo após dando um sorrisinho de lado e piscando o olho. Ela faz uma cara desdém e eu gargalho. Saio correndo para o estacionamento. Encontro o João com uma menina, mais uma.

- Tin- balanço a cabeça negativamente e ele dá de ombros. E beija a menina. Separo os dois e sorrio amarelo- Entrem no carro- digo e João revira os olhos. Juro como já tentei fala com o Tin sobre isso de fazer as minas se apaixonarem, ele se saciar e acabar simplesmente sem motivo aparente. Mas é mais fácil uma parede se levanta sozinha do que ele ouvir.

Quando viro a esquina da escola, avisto de longe a Melissa e a Bianca que pareciam se divertir muito mais que eu, que apenas escuto o som dos beijos dos pombinhos. Encosto perto das meninas que se assustam.

- As mocinhas querem carona?- digo. - Não vou te sequestrar, você pode ser seu próprio sequestrador- eu rio e a Mel cruza os braços arqueando uma sobrancelha e a Bia fica sem entender.

- Engraçadinho demais- ela revira os olhos e sorrio.

- Vocês vão entrar ou não?- o vidro de trás abaixa revelando o dono da voz, o Tin, que estava abraçado com uma garota.

- Vamos- dizem e dão a volta.

A Mel vem no banco da frente e Bianca atrás. Ela fica com uma cara de quem não está gostando.

- Está tudo bem?- perguntei e ela olhava pelo retrovisor o Tin se beijando com a menina e a Bia revirando o olho- Eu já conversei sobre mas não deu em nada- diferi simplesmente e liguei o som.

- Obrigada por ao menos tentar- disse ela e dou de ombros.


A Sobrinha Do Meu Melhor AmigoOnde histórias criam vida. Descubra agora