Capítulo 1 - O início da minha ruína

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05 de março de 1983

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05 de março de 1983

Era final de verão, o tempo seco e quente revelava isso de maneira torturante enquanto o meu sorvete de menta se derretia no pote de vidro. Me levantei, limpando o meu vestido verde rodado e infantil, e resolvi entrar em casa.

Meus pais não me deixavam brincar com outras crianças que não fosse da mesma classe social que nós. Por um tempo eu achava isso bom, não ia me misturar, mas tudo mudou quando um menino deixou a bola de futebol cair no meu jardim.

Aquele objeto atrai minha atenção por estar toda surrada e suja. Eu me levantei deixando o sorvete para trás e peguei a bola indo até o portão.

— Não tem autorização para sair, senhorita Martínez — o alto segurança com uma cara fechada e a voz grossa me impedia.

— Quem é que paga o seu salário? — eu vi seus olhos começarem a mudar de um severo verde para um furioso escuro. — Agora saia da minha frente.

Ele abriu o portão a contragosto, mas um sorriso brilhante e convencido surgia no meu rosto. Eu encarei os lados e não havia sinal do dono da bola.

— Ali a bola! Na mão daquela garota!

Eu ouvi uns gritos e chiados, logo eu olhei para alguns meninos sentados do outro lado da rua. No primeiro momento o que me chamou atenção foi o estado das roupas deles, estavam sujas e suadas, eu fiz uma expressão de nojo.

Ela desapareceu na mesma velocidade que a bola foi retirada das minhas mãos pelo garoto de cabelos castanhos escuros, alto, magrelo e com olhos castanhos esverdeados.

— Valeu...

— Ei, espera!

Ele se vira novamente para me encarar.

— O que foi?

Eu fico calada, eu olho novamente para o meu jardim vazio e solitário e olho para os garotos que estavam sujos com expressões contentes no rosto.

Por mais que só tivesse nove anos eu sabia exatamente o que a palavra inveja significava. E eu sabia que ela se aplicava muito bem nesse quesito.

Eu estava com inveja.

Pela primeira vez em anos eu sentia esse sentimento transbordar por dentro do meu corpo. Eu tinha tudo. Completamente tudo que poderiam imaginar, mas o que eles tinham eu não tinha. Felicidade, mesmo que fosse momentânea, eu não tinha.

— Eu quero brincar também!

O garoto a minha frente gargalhou dobrando o corpo para frente. Eu fechei os punhos por raiva.

Senhora V.M - As Faces Da Mentira | Livro II | Trilogia Mulheres IndomáveisOnde histórias criam vida. Descubra agora