Droga de vida como guardião legal.

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Harry aprendeu rapidamente que, no orfanato, era difícil ser uma pessoa muda. Especialmente na escola, onde os professores exigiam uma resposta e, quando percebiam, lhe davam olhares de pena. Ele odiava isso. Todas as crianças ao seu redor pareciam zombar desta sua deficiência, lançando olhares de desdém e risadinhas zombadeiras. Ele não se importa. Ninguém ainda descobriu que ele era uma aberração, ninguém batia nele e ele tinha comida todo dia, o que era uma benção para o menino.

Tudo piorou quando um dos meninos do local chegou para conversar com ele. O menino, Daniel, era uma espécime de grandalhão, duas vezes maior do que Harry. Ao ver que Harry não respondia – principalmente porque ele não podia e porque Daniel era, de fato, extremamente chato –, o garoto foi e agarrou Potter pelo cabelo, exigindo que falasse com ele.

Harry não conseguia falar com ele, esse era o problema. Em resposta ao ato de agressão, a magia de Harry acabou sendo ativada e, assim, o valentão foi lançado a três metros de distância, na frente de todo o refeitório.

Demônio. Aberração. Monstro.

O pequeno Harry não estava preparado para tamanho julgamento. Ele correu, trancou-se em seu quarto lendo e foi sair apenas três dias após o ocorrido. Mas algo mudara. As crianças, que antes o ignoravam, começou a ser ativamente mal educada e violenta com o menino, o espancando nos corredores e fora do orfanato. Sra.Benson, a diretora, tampouco fazia algo sobre isso. Harry acha que ela tem alguma coisa pessoal contra ele.

Voltando ao presente, Harry agora estava no jardim, cuidando das precárias e mortas flores deste recanto. Tornou-se um lugar de calma para o garoto, mesmo que o lembrasse de todos os espinhos que tinha na casa de seus parentes. Estava prestes a sair quando um miado baixo o interrompeu. Era uma gata de um puro branco, adulta e, aparentemente, prenha. Ele a amou. Depois de dias de sacrilégio para fazer a gata ir com ele, trouxe ela para o quarto e cuidou dela com extremo carinho.

— Ei, essa aberração não está sendo muito ousada ao trazer essa coisa para aqui dentro? — Comentou uma garota para suas amigas. As três eram conhecidas como as rainhas, simplesmente por serem mais "fofas" do que todo o resto. Haviam altas chances de serem adotadas. — Que tal dar uma lição nele? 

— Uma lição? O que sugere? — Murmurou uma outra menina.

— Talvez devêssemos tirar o gato dele, apenas por diversão. Eu não gosto como aquela aberração tem um quarto só pra ele. 

— Mas também, quem suportaria viver do lado daquela tralha? Nem morta! — indignou-se a terceira garota.

Sorrindo maliciosamente, a primeira menina teve uma ideia brilhante para o plano. — Eu tenho uma ideia melhor…

Harry, cheio de tanto comer mingau, subiu para o quarto e, abrindo a porta, estranhou ao ver uma pequena caixa em cima de sua cama. Ficou curioso. O que teria? Alguém finalmente deu algo para ele, como presente de natal? Ele estava ansioso. Saltitando, Harry abriu a caixa e, com horror, caiu para trás e bateu a cabeça na parede, gerando uma concussão.

Ele acordou muito tempo depois, já havia anoitecido e a caixa não estava mais lá. Talvez tenha sido um sonho, pensou. Sim, definitivamente era um sonho. Um terrível e horroso pesadelo, na verdade. Eles nunca poderiam fazer isso com uma gatinha indefesa.

'É tudo minha culpa…'

Agarrando seu colar, que por algum motivo sempre esteve com ele – Harry nunca pegou-se questionando de onde havia vindo, mas ele tem certeza de que o lembra o suficiente dos seus olhos prediletos ao olhar para o rubi fundido na esmeralda –, ele buscou em qualquer lugar, perguntando-se onde a gata estava.

Omnia opera bonaOnde histórias criam vida. Descubra agora