Depois da morte de sua gata, o coração de Harry finalmente quebrou. A partir de então, o menino andara tão vazio que até mesmo as outras crianças não ansiavam aquele frio emocional vazando dele. Então elas o deixou em paz por um tempo, antes de começarem a espancá-lo pelos corredores novamente. Harry não se importava mais. Deixava fazer o que quisessem.
E assim se passou um ano, o garoto cheio de solidão e tristeza que não podia fazer nada quanto a como o tratavam. Tornou-se rotina, até. Ele já se acostumou àquilo, tanto que qualquer coisa no orfanato parecia naturalmente comum.
Exceto quando Harry sentiu algo literalmente puxando-o para o jardim. Parecia uma corda, estava ligada à sua mente e o que estava do outro lado insistia em puxá-lo. Seguindo seus instintos pela primeira vez desde meses, Harry foi até o jardim e ficou paralisado. Havia um homem ali, um estranho, mas ninguém parecia notá-lo. E a primeira coisa que o menino pensou ao vê-lo, mesmo com o grau errado dos óculos, foi…
Perfeito.
Existia uma aura nobre ao seu redor, embora Harry não saiba exatamente explicar como sentia isso, ele podia praticamente dizer que o estranho vestia roupas de tecido caro, coisa do tipo que sua tia usaria. O homem parecia procurar por algo e, assim que se virou para ele, Harry sentiu seu coração parar.
Características aristocratas e um nariz reto, cabelos negros encaracolados nas pontas e, acima de tudo…
Olhos vermelhos vívidos.
Os mesmos daquele sonho que ele sempre tem, que ele sempre mantém a memória consigo na esperança de enfim encontrar o possuidor deles. Harry sabia que agora o encontrara. Ele tem certeza.
O nobre sorriu e andou calmamente para Harry. É claro que Tom andaria até ele imediatamente. Ele nunca esqueceria aqueles olhos esmeraldas. Chegando perto o suficiente e abaixando-se até ficar na altura do garoto – que, ele notara, é muito pequeno para sua idade e parecia ter 3 anos, mesmo que Riddle soubesse que possuísse 5 –, Tom esperou por alguns segundos antes que decidisse falar.
— Olá, Harry Potter. — Disse, suavemente. Harry deu um pulo de susto. Ele estava certo? Esse homem realmente viera por ele? Ignorando o susto, foi questão de segundos e então o rosto de Potter estava radiante. Tom não perdeu a mudança, estranhou, mas nada comentou. — Meu nome é Tom, e eu vim para te roubar. — Acrescentou no final, determinado.
Os olhos do garoto se alargaram, um brilho alarmado sobre eles. Roubá-lo? Isso era um sequestro? Harry estava começando a ficar em pânico, e Tom percebeu. Ele estava prestes a dizer ao outro para não se preocupar quando o menor acabou se acalmando. Afinal, não é como se alguém no orfanato se importasse com ele. Talvez ser sequestrado seja bom, talvez ele ganhe uma vida melhor.
Potter não sabia o que era esse formigamento, mas algo o dizia que neste caso era algo bom. Sua esperança em viver retornara com força e ele estava radiante. Aliás, agora ele sabia que seus sonhos eram de fato reais, que era possível alguém ter olhos vermelhos. Magnífico.
— Vem comigo. — Disse Tom, arrastando Harry com ele, que veio obedientemente. Riddle pensou que isso era estranho e, quando chegaram a uma rua deserta, ele parou e falou. — Você tem certeza que quer me seguir? Eu poderia ser um pedófilo. — Perguntou, levantando uma das sobrancelhas em uma reação de desacreditamento. Ao notar que Harry nem abriu a boca, Tom lançou um desencanto para ele e, surpreendentemente, funcionou.
Harry sentiu como se algo dentro dele mudasse, uma coisa boa. Sua garganta parecia estar viva em seu corpo, ele a sentia agora. Quando o menor finalmente falara, ele se surpreendeu com a própria voz. Ele nunca tinha falado, afinal. Era falha e parecia que ia quebrar a cada segundo, mas agora ele tinha uma voz! Forçando sua garganta ele finalmente disse.
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Omnia opera bona
FantastikTudo o que Voldemort queria era que Harry Potter tivesse uma família feliz, uma que não o tratasse como uma arma. Tudo deu errado no momento em que Tom morreu, deixou para trás uma criança obcecada com seus olhos rubis e, acima de tudo, a situação a...