03. a famosa amizade pacífica

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Taeyong ficou especado a olhar para o chá e as torradas acabadas de fazer. A fumaça do quente evaporava e evaporava. Também sentia-se um pouco desconfortável com todos à mesa. A mesa era pequena, de quatro lugares. Ten estava à sua frente e yuwin de cada lado.

Tae pensava várias vezes se a comida tinha veneno ou não.

— Come. Vai arrefecer — mandou Ten.

— Não tem veneno, relaxa — Yuta deixou claro. A sua expressão estava tão entregue assim? Ou Yuta sabe ler as expressões dos outros muito bem? Uau. Admirável.

— Porque iria pôr veneno numa comida que está a ser dividida por todos, sendo que eu acabei de te dar um sítio para dormires? — Ten perguntou. A sua expressão era uma de desilusão. Não era que Taeyong não acreditava um pouco em Ten, mas, acabaram de se conhecer! Taeyong era demasiado inseguro no que toca a "novas amizades" e confiança.

Sabia que tinha de conversar com Ten a sós.

— Não foi a minha intenção, besta.

— Pois. Mas não foi o que pareceu, Taeyong.

Suspirou. Ten iria mesmo ficar de trombas por causa de desconfiança? Ele tinha de entender o lado de Tae, nem que Taeyong repita mil vezes para Ten entender de uma vez por todas. Qual é? É normal desconfiar, nem que seja um pouco.

— Não precisas de amuar — Tae pegou na sua chavena e deu um gole.

— Não amuei — levantou-se.

— Onde que tu vais? — perguntou Yuta. Não gostava quando saíam da mesa, enquanto uns ainda comiam.

— Fumar — saiu do bar.

— Larga o vício, desgraçado! — suspirou, continuando a comer as suas torradas quentinhas, acabadinhas de fazer, junto o chá.

— Deixa-o estar. Nunca vai largar — pediu Winwin. Taeyong pôde ouvir a sua voz pela segunda vez desde que pisou os pés no bar.

— Quando é que ele vai entender que acabámo-nos de conhecer à pouco?!

— O Ten é assim. Não te preocupes. Um dia ele supera isso — contou Yuta. Yuta, provavelmente, um amigo de Chittaphon de longa data (já que ambos decidiram abrir o bar juntos), conhecia Ten muito bem. Taeyong não iria mentir se dissesse que tinha umas curiosidades aqui e ali sobre Ten, mas decidiu deixar isso de lado. Tinha assuntos mais importantes com que se preocupar no momento e não numa amizade acabadinha de ser criada.


(...)


Livre. Livre, era como ele se sentia no momento. Quando inspirava, a fumaça penetrava os seus canais respiratórios, deixando-o mais calmo, relaxado e como se estivesse nas nuvens. Quando expirava, parecia que um certo peso que carregava nas costas, era libertado. O sabor a mentol, era o seu favorito.

Ten queria abandonar o vício porque, praticamente, estava a pagar para ter cancro. Mas, quando se tem problemas na vida que não se consegue aguentar sem algum tipo de ajuda ou apoio, a pessoa precisa de encontrá-lo em algum canto. Ten encontrou. Ten encontrou o seu apoio no cigarro, não em drogas. Preferiu tentar utilizar o cigarro como ajuda porque na sua mente, era bem melhor que estragar o seu corpo por inteiro com droga. Era mil vezes melhor, não? Ten acha que é, e vai continuar achar.

É o que a vida faz. Estraga as pessoas, e muitas vezes, faz com que elas tomem decisões erradas. E, claro, as consequências não podiam faltar. Mas Ten não estava muito preocupado com isso. Na sua mente, fumar, pelo menos, só quando se necessita mesmo, não iria prejudicar tanto — mesmo sabendo que faz mal, não importando quanto fuma por dia.

I don't like silence Onde histórias criam vida. Descubra agora