Given | Pelo bem da banda

Lágrimas

Já estava anoitecendo, algumas nuvens cinzas no céu indicavam que uma chuva poderia cair a qualquer momento. Ritsuka andava no meio da calçada com passos pesados, apressados e não era pra fugir da inevitável chuva e sim pra tentar se distanciar o mais rápido possível de Satou.

Ritsuka já teve algumas namoradas, mas realmente nenhum dos seus relacionamentos dava certo porque de fato não estava necessariamente interessado, parecia que sempre faltava alguma coisa.

Quando o novo ano escolar se iniciou Uenoyama estava solteiro e entediado nem mesmo tocar guitarra com Kaji e Haruki o satisfazia. Foi ai que conheceu Mafuyu e depois de tantos acontecimentos desde se tornarem amigos a ele ser o vocalista da banda um sentimento novo se iniciou. Uenoyama se apaixonou e não só pela adorável voz de Mafuyu e sim por sua personalidade única e seu jeito doce de ser com todos. A princípio seu jeito o irritava mas agora aprendeu a amar. Então porquê, porquê estava querendo tanto se afastar dele. A verdade é que lhe faltava coragem, coragem de se declarar, de colocar tudo pra fora e medo de dizer que  o ama e colocar tudo a perder.

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Haruki depois de chorar como não fazia a tempos acabou adormecendo no sofá da sala abraçado a um porta retrato com a foto do homem que secretamente amava. Por ter o sono leve acabou por despertar com o cheiro delicioso de café sendo preparado. Estranhou, pois morava sozinho e se morava sozinho quem estaria fazendo café na sua cozinha? Imediatamente se levantou do sofá deixando o porta retrato pegou a primeira coisa que achou pela frente pra se defender do possível invasor. Num pulo já estava na cozinha pronto pra golpear o intruso com a vassoura que tinha em mãos

— Akihiko? — Indagou surpreso

— Yeah!

— O que você está fazendo aqui?

— Café — Falou pegando duas xícaras e colocado o líquido preto dentro

— Porquê você está aqui?— Haruki perguntou deixando a vassoura de lado e depois cruzando os braços 

— Eu já disse — Falou lhe entregando uma xícara

— Eu não quero — Recusou

— Está bravo? Aconteceu alguma coisa

— Não — Disse secamente e novamente voltou para a sala

Kaji estranhou, deixou as xícaras sobre a pia e foi atrás do amigo

— Você está bem? — Perguntou preocupado

— Estou muito bem — Haruki mentiu

— Você esteve chorando? Seus olhos estão...

— Akihiko eu estou bem. Você já pode ir embora!!— Disse ríspido

Akihiko franziu o cenho visivelmente surpreso pela brutalidade com que as palavras foram ditas. Como se estivesse sendo expulso

— Tudo bem — O baterista disse—Depois nós conversamos

Kaji saiu da casa de Haruki e mesmo estando chovendo subiu na moto, colocou o capacete e acelerou confuso pela estrada

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Depois de sair do estúdio onde ensaiavam, Mafuyu esperava encontrar Uenoyama, mas ele já tinha ido embora. Satou não entedia porque ele estava tão mau humorado.

Andando pela calçada sentia as finas e geladas gotas de chuva. Tinha se esquecido do guarda chuva e embora uma das suas primeiras idéias fosse esperar em algum lugar até que passasse resolveu por fim voltar pra casa, mesmo que tivesse como resultado um resfriado no  dia seguinte.

O vento frio e a chuva fazia Mafuyu se encolher no seu casaco escolar e pensar no passado, pensava que numa noite há não muito tempo atrás, numa noite parecida com esta em que voltava pra casa sendo acompanhado por Yuki.

Yuki foi seu primeiro amor e entre as muitas lembranças uma muito diferente invadiu sua mente, as aulas de guitarra que tinha com Uenoyama, os divertidos e pacatos momentos que passavam juntos. Ao ter tais pensamentos Mafuyu parou no meio da calçada, como se estivesse congelado. Perplexo percebeu que aos poucos ia se esquecendo do Yuki

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Akihiko ainda estava tentando entender a atitude de Haruki. Enquanto esperava parado no semáforo o sinal ficar verde olhou de relance para o outro lado da rua e surpreso viu Mafuyu sozinho de cabeça baixa parado na calcada totalmente molhado

Assim que o sinal ficou verde Kaji preocupado parou a moto ao lado de Satou

— Mafuyu!? Mafuyu!? — O chamou

Satou ergueu a cabeça e olhou para Akihiko, seu olhar carregava tristeza e lágrimas em contraste com a água da chuva descendo por seu rosto com as mechas do seu cabelo molhado

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— Pode entrar — Akihiko disse depois de abrir a porta sua casa

— Obrigado — Mafuyu agradeceu

Depois de ve-lo naquela situação desolada na rua, Kaji resolveu levar ele pra sua casa. Os dois estavam encharcados. Murata Ugetsu os viu e lhes entregou toalhas para se secarem

— Eu posso usar o banheiro?—Mafuyu perguntou

— Claro. É por ali, segunda porta a direita — Kaji o instruiu

— Obrigado

Após Mafuyu ir pro banheiro Akikiko vai pro seu quarto sendo seguido por Ugetsu

— Aquele garoto parece estar muito mau. O que aconteceu? — Murata perguntou

— Eu não sei — Akihiko disse enquanto tirava a camisa

— Ele é o vocalista da sua banda, não é?

— Incrível você ainda se lembrar

— E o que ele está fazendo aqui?

— É uma longa história, Murata — Akihiko falou já vestido com a roupa seca—Você tem alguma roupa pra emprestar pro Mafuyu?

— Eh?

— As minhas vão ficar muito grande nele

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Uenoyama sentia um aperto no peito, sentia que a qualquer momento fosse explodir. Depois de sair do vagão do metrô caminhava em direção a sua casa segurando com força o guarda chuva, mas tudo o que desejava era estar com Mafuyu.

Ritsuka parou na esquina da rua da sua residência que dividia com sua irmã mais velha, ficou por longos minutos observando a casa e sem nem mesmo pensar, levado pelo impulso começou a correr na direção oposta, para a casa de Mafuyu

Uenoyama estava pronto pra dizer tudo o que sentia por ele. Bateu na porta dezenas de vezes, ligou e mandou mensagens para Mafuyu, mas tudo o que ouvia era os latidos do cachorro de extimação do lado de dentro.

A madrugada se iniciava e do lado de fora sentado perto da porta Uenoyama se encolhia de frio decidido a esperar por Mafuyu o tempo que fosse necessário.