-Você sabe que assassinato é um crime muito grave não é Sra. Romero?
Ela apenas suspirava, mas o que ele estava fazendo? Alba sabia muito bem o que havia acontecido, perguntas não a fariam se sentir melhor, era óbvio que sua morte era o decreto. Ela precisava de silêncio e tempo para se acostumar com a ideia e se preparar para o pior, mas o que aquele homem queria, chegando de repente na sua cela, querendo trocar palavras? Estava estragando a auto preparação para sua condenação.
-Sei. -Ela apenas responde- Já contei tudo o que eu sei para todos, para cada canto dessa prisão, mas ninguém nunca irá acreditar nas minhas palavras, sabe por que Sr. Peroni? Porque sou mulher, é claro!
Ele suspira:
-Sra. Romero, eu acredito na sua palavra, mas isso tudo faz parte da lei, sei que estava tentando ajudar sua amiga adúltera.
-Adúltera? Não, ela não era isso, ela apenas queria sua liberdade, apenas queria se livrar de um traste que a maltratava e a fazia se sentir um animal, não uma humana.
-Sra. Romero, ela era uma mulher, não poderia se dar ao luxo de ser sufragista, está errado.
- Quem decide o que está certo ou errado?
-A lei.
Alba suspira, a lei era feita pelos homens, mas sabia que não valia a pena discutir, já estava condenada de qualquer jeito.
- Eu vim ajudá-la. Posso fazer a senhorita sair daqui.
Ela o olha surpresa, como ele o faria? Mulheres acusadas de assassinato não podiam ser libertas. Ou prisão permanente ou morte. Todos sabiam.
- Não vejo como. -apenas responde.
- É um acordo na verdade, uma troca. Preciso que me faça um favor e em troca lhe dou sua liberdade.
Alba não podia perder aquela chance, precisava sair dali, não queria a morte, nem a prisão perpétua, mas também não queria voltar a mesma vida, sabendo que havia matado sua irmã. Precisava recomeçar.
-Qual a proposta?
Ele sorriu.
-Preciso que assalte a empresa de telefonia Cifuentes e roube meio milhão. Tranquilamente, sem trazer suspeitas, sei que é boa nisso.
-Mas como o farei? Eu não posso entrar na telefonia de qualquer jeito.
Ele olha para o lado, esperava que ninguém estivesse ouvindo a conversa, ela também esperava a mesma coisa.
-Estão realizando entrevistas de emprego para telefonistas na empresa. É aí que você entra.
Alba tenta raciocinar por um momento.
-Sei que consegue Sra. Romero. Veja que está é sua oportunidade, meio milhão em troca de sua liberdade.
Como aquele cafajeste ainda era capaz de rimar em uma frase tão séria?
Mulheres eram vistas de uma forma tão nojenta, podre e injusta.
Se ao menos fosse um homem, uma fiança seria necessária, ou até mesmo uma prisão de alguns dias ou anos, muito pouco perto da condenação de mulheres. Ela não havia assassinado ninguém, havia defendido sua irmã, porque o louco do seu marido não aceitava o término, carregara uma arma até ela e ameaçara atirar, Alba não podia deixar que ele o fizesse, então partiu para cima tentando arrancar do homem a arma.
Ela fechou os olhos por um momento, por um um momento longo, lembrando da cena. A arma disparara. Ela torcia para que a bala tivesse atingido o criminoso, mas atingira sua irmã e ele ao mesmo tempo, sem qualquer explicação. Os dois caíram no chão, duros, sangrando, tudo que ela fez foi chorar, se jogar ao lado de sua irmã sem reação nenhuma, apenas a tristeza, a dor. Se ao menos tivesse atingido a si própria, ela estaria contente por tê-la salvado, mas havia a matado.
Abriu os olhos, focando no advogado a sua frente, precisava sair dali.
Queria sua liberdade, iria lutar até o fim pelos direitos das mulheres, assim como sua irmã fazia junto a ela.
-Aceito. - ela disse, estendendo a mão ao advogado- qual o primeiro passo?
***//Nota da Autora:
O que estão achando da história?
Alba é mesmo uma mulher forte, mas será que terá sua liberdade ou será condenada a forca?
Comentem, favoritem e continuem lendo.Bjos
*Suziliesel*
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Dois homens e um destino
FanfictionO ano é 1928 , as mulheres nem sequer podiam imaginar em direitos, elas não podiam pensar de sua própria forma, de se expressar, de serem felizes sozinhas. Se você vivesse nessa época, a liberdade lhe pareceria uma meta inatingível, a vida era d...