Capítulo 3

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Pontualmente ás sete eu chego à empresa. Trabalho oito horas por dia e tenho os finais de semana e feriados livres. Hoje, mais do que qualquer dia eu tenho que sair as quatro porque não tenho intenção de chegar tarde ao coquetel, até porque preciso sair cedo – a francesa - para ir direto para o show.

Eu lembro que tomei café da manhã às nove horas. Que almocei. Lembro também que tive que sair da frente do meu PC apenas duas vezes. Só vim saber que Pedro não veio trabalhar quando ele me liga, quase quatro horas.

— Estou ligando para lembra-la do coquetel.

— Você podia ter feito isto aqui.

Ele ri abafado causando um eco no telefone.

— Imagine, não estou trabalhando.

— O que? Você faltou?

— Não. Eu decidi que não precisava ir hoje. Porque, algum problema?

— Por isso tentei ligar em sua sala umas cem milhões de vezes.

— Bem, se fosse algo sério você teria me chamado no celular.

— De fato.

— Ótimo. Sei que conseguiu resolver.

— É, consegui sim. Obrigada pelo elogio.

— Eu não te elogiei.

— Mas faria isso, porque eu mereço. — eu sorrio alto para ele ouvir. — A propósito, quem lidera o MM da sede da Recife?

— Hum, Luiz Beltrame.

— Ele é brasileiro?

—Sim.

— Ah, que bom. Pelo menos não vou ter que disfarçar meu portunhol.— Justifico, refletindo mentalmente meu alívio porque já sei que um de meus chefes é norte americano.

— Não vai. Olha, preciso desligar. Só liguei para reafirmar a importância de sua presença no...

— No coquetel. — eu o imito unindo nossas vozes na frase. — Entendido senhor chefe.

— Que bom. Vá linda, hein. Tchau.

— Com toda certeza, terno e gravata estão passados já. Tchau.

Vou embora com uma ligação pendente, do tal Luiz Beltrame que não se deu ao trabalho de me retornar. Mas tudo bem, penso que amanhã conseguirei concluir todo o projeto SAP do setor onde vou atuar lá longe.

Chego em casa ansiosa, retirando as etiquetas das roupas e dos sapatos que vou estrear. Definitivamente, não sei se estou mais ansiosa com o coquetel e com o fato de ver Antony Klaus, o chefe mor da Radical, ou com o show do Matheus e Kauan, que vai encerrar minha estadia aqui em São Paulo. Uma coisa é certa, meu estomago aperta com as duas possibilidades.

Marquei pé e mão com a Solange, uma moça do andar debaixo. O bom de morar em um edifício é que se pode ter vários serviços por parte dos próprios moradores sem que seja necessário sair de casa. Gosto quando ela faz minhas unhas porque além de ser quieta e simpática, ela tira todos os cantinhos das minhas cutículas. Eu deveria ir ao salão aqui perto para fazer depilação também, mas não tenho pretensão de me arriscar sexualmente com ninguém, então nem saio de casa. Solange dará conta do recado.

Foram quarenta minutos com manicure. Depois um leve descanso para as unhas secarem e eu poder definitivamente, fazer a maquiagem e escovar meus cabelos ondulados. Depois de quase três horas andando seminua pela casa eu finalmente decido me vestir.

A Nossa SorteWhere stories live. Discover now