Capítulo 25

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—B-burlar?

— Houve sim, uma fraude. — Tony admite, arqueando as sobrancelhas e posso ver como isto o incomoda. — Quando detectei o que aconteceu, já não poderia mais voltar atrás. —agora ele contrai o corpo, lançando-o para a frente, apoiando os cotovelos nos joelhos e entrelaçando os dedos — Reconheço que nossas normas foram violadas, e isto é grave.

— Então, houve sim uma fraude.— sopro a conclusão tão incomodada quanto ele. Sinto meu rosto pegar fogo, minha boca secar. Isto é grave! Concordo com ele. —Mas, porque você não interviu Tony, você sempre prezou pela ética em sua empresa?

— Sempre prezei e sempre prezarei. —ele afirma convicto, fazendo brilhar os olhos verdes. — Mas optei por uma espécie de CPI interna.

— CPI interna? Como assim?

— Pedi para abrir sindicância confidencial, tão logo me dei conta de que mudaram os resultados. Quando obtive a confirmação, já estávamos juntos e eu não quis envolver você nas mudanças. Também não achei justo você ir embora, sendo que as regras com relação ao vencedor do projeto, eram claras.

— Uma espécie de fazer justiça com as próprias mãos?

Tony para e pensa, talvez refletindo que foi exatamente isto o que aconteceu.

— Algo assim.

— Então, me devolveu o cargo?

— Exatamente. Minhas intenções eram as mais justas possíveis, Rose. Afastei seu coordenador e todos os envolvidos.

— Mas você foi relapso com Mikael.

— Porque? Acha que ele também não sabia sobre o próprio resultado? —ele me encara e certamente que me vê boquiaberta, pasma com a recente descoberta. — Como você disse, todos sabiam.

— Mas...

— Carlos ainda está sob investigação. Mas, agora ele já sabe disto.

Agora que eu o alertei, ele quis dizer nas entrelinhas.

— Foi um trabalho lento, está sendo lento. Fernando está auditando os fatos junto comigo, é algo extenso e cansativo que envolve justiça, danos morais e mais um monte de processos. Mas tenho chances de investigar e punir cada um por isso. Se foi preconceito com relação ao gênero—, ele faz uma pausa e por fim, apruma o corpo novamente — ou corrupção, ou qualquer coisa Rose, qualquer coisa, um mínimo detalhe, eu quero saber. E quero faze-los pagar por manchar a marca da minha empresa.

Sua feição agora é tensa, é como se ele desafiasse a si próprio.

— Mesmo assim, profissionalmente falando, me coloco a sua disposição. Compreendo sua demissão, apesar de não aprova-la. —ele solta todo o ar e me fita sério, como um perfeito executivo— Só te peço para não manter diálogos com Pedro, Carlos, enfim, com todos os envolvidos, por questões óbvias.

—Está bem.

Ele deve saber que estava em meus planos, um dialogo com Pedro. Tenho curiosidade de lhe perguntar se valeu a pena ter feito o que fez. Mas, sou ética e aplicada, vou seguir a orientação de Tony, considerando os motivos legais de toda a situação.

—Mas você tem total liberdade para procurar seus direitos, com relação a fraude do projeto, por danos morais ou as penalidades que se encaixarem no ato do contrato.

— Eu pretendo sair limpa Tony. —murmuro minha decisão — Só quero uma carta de apresentação, porque sei que vão me pedir.

Ele balança a cabeça, leva as mãos aos cabelos e me encara.

A Nossa SorteWhere stories live. Discover now