CAPTURADA PELA ESCURIDÃO - Trilogia Darkness - Livro 01 (DEGUSTAÇÃO)

Capítulo 03

Se passaram duas semanas desde aquela noite terrivelmente confusa que eu vivi. E desde esse dia em diante eu resolvi não pensar mais sobre o assunto, e continuar a viver minha vida como se aquela noite nunca tivesse existido. Foi muito difícil chegar a esse denominador comum, principalmente na primeira semana, onde eu sonhava com aquele homem todas as noites. O mais louco e absurdo disso tudo, era que eu não tinha pesadelos por ter sido ameaça, ou pelo simples fato de quase ser executada no beco escuro. Não, nada disso, eu sonhava com aqueles olhos, sonhava com a lembrança daquela voz bonita. Era cada sonho intenso que eu acordava no meio da noite com tanto calor que eu não sei explicar.

Eu estava tão distraída com as lembranças de tudo isso que até às ofensas cotidianas de Kimberly e sua equipe de sem almas, passou totalmente abatido por mim. Por um lado, foi bom, porque eu estava tão apreensiva que aqueles homens perigosos iam aparecer e simplesmente terminar o serviço, que eu nem liguei para mais nada. E quando eu digo nada, é nada mesmo. Porque até as aulas obrigatória eu não estava prestando muito atenção. Mas tudo isso mudou quando eu percebi que não poderia continuar do jeito que estava. Já havia passado dias e eu ainda continuava viva, então eu não teria por que ficar olhando por cima dos ombros, não é mesmo?

Pela menos era isso que eu acreditava no final da primeira semana. As coisas começaram a mudar quando eu simplesmente comecei a sentir que havia olhos sobre mim. Sabe aquela sensação estranha quando você sabe exatamente quando tem alguém te encarando? Pois bem, é assim mesmo que comecei a sentir. E tenho que confessar que ainda sinto isso, mas eu comecei a colocar na minha cabeça que isso é coisa da minha dela. Aproveitei que o meu projeto de pesquisa está a todo vapor, para focar nisso. Porque de todas as coisas que acontecem na minha vida, não muito importante ou muito agitada, isso aqui é o que realmente importa.

— Dora! Isadora! —Ouço alguém me chamar e dou um pulo de surto.

— O que? — pergunto desnorteada.

— Você estava dormindo acordada aí — afirma Lara e eu nego com a cabeça várias vezes.

— Não é nada disso! — falo rapidamente ajeitando os meus óculos tortos. — Eu só estava meio pensativa — respondo dando de ombros

— Você estava pensando o que aí? — Lara questiona com ar de riso.

— Nada demais, era só na aula que vou ter hoje à tarde. — Tento passar verdade nas minhas palavras.

— Vamos lá, Dora! Quem é ele? —Lara me encara balançando de goma muito tosca as sobrancelhas.

— O quê? Na... não tem nenhum ele! — gaguejo a fazendo rir alto.

— Ah rá! É algum homem sim, não é? — Lara aponta e eu imediatamente o homem perigoso invade minha mente.

— Não, claro que não, tenho muitas coisas para pensar — falo sem olhar na sua direção.

— Você tem um namorado Dora? — ela questiona e de cabeça baixa eu nego. — Já teve um namorado em algum momento? — ela indagou e eu mordo os lábios inferiores.

— Eu não me encaixo em ser namorada de alguém — falo olhando na sua direção.

— Por que você diz isso? — Seu franzir de cenho me faz questionar se ela está ou não tirando uma com a minha cara.

Lara é uma pessoa legal, não sei se posso ou não considerar ela como amiga. Mas posso dizer que ela nunca foi ruim comigo durante o tempo que estou fazendo esse trabalho voluntário aqui biblioteca da faculdade. Com seus cabelos tingidos de ruivos, com leves cachos leves e arrumados, bem longe do cabelo seco e selvagem que eu tenho na minha cabeça. Seus olhos são da cor de avelã, quase verdes, seus lábios são bem grossos. Ela é uma mulher grande, com curvas e quadril grande, uma mulher muito, muito bonita mesmo. Então ela nunca vai saber o que eu estou querendo dizer, a Lara nunca deve ter passado despercebido para os homens. Pensando bem, eu não sei dizer se isso é bom ou ruim, mas isso somente ela pode dizer.