Capítulo 05

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Ainda estou abraçada ao Axel, eu não sei o que sentir e muito menos o que pensar. Toda essa situação é tão estranha, e ao mesmo tempo ridiculamente reconfortante. Não que eu queira dizer que o meu captor é reconfortante, pelo menos não tanto, acho que pelo fato de nunca ter vivido tal coisa e nunca ter sentido esse turbilhão de sentimentos loucos e tão inapropriados. Faz de mim uma maluca por estar sentindo algum conforto nisso tudo, mas eu não sei, tudo é tão errado na minha cabeça só que todo meu corpo se sente bem ao ter esse homem perigoso preocupado comigo de algum modo.

Ele me beijou, simplesmente beijou a menina que todos afirmam para quem quiser ouvir, mas que foi tocada intimamente por um homem que não enxergar o quão estranha eu sou. Será que ele é cego ou louco? Não Dora você não pode pensar essas coisas, você não pode gostar dos beijos desse homem. Sabe-se lá Deus que coisa perversas ele pode fazer comigo, ele diz que não vai me matar, mas eu não posso confiar, não é? Nessa vida as pessoas estão propícias a se decepcionar, e eu sei bem o que é isso, pois já vivi essa dos por diversas vezes. E mesmo eu pensando que já estou calejada pelas dores da vida, eu nunca vou deixar de sentir a dor.

— Vem, vou te alimentar! — Axel fala com firmeza. Ele pega minha mão e já está pronto para me puxar, mas eu empaco no lugar.

— Eu não tenho nada para vestir, eu estou de roupão — falo olhando para ele com o cenho franzido.

— Você não precisa de roupas agora! — Sua voz sai firme e decisiva.

— Por quê? Eu vou ficar de roupão para sempre? — Minha voz sai alta e ele me encara com a sobrancelha erguida. E ao notar o que eu fiz, eu abaixo a cabeça envergonhada.

— Levante a cabeça, Isadora, não precisa ficar envergonhada. Só não grite tudo bem, fale o que você quiser comigo, mas não precisa gritar — ele diz levantando o meu queixo, eu encarei sem olhos negros que brilhavam como a noite sem estrelas. — Agora com relação as suas roupas, não se preocupe que amanhã vamos juntos comprar tudo. — Pisco várias vezes para me orientar do que eu acabei de ouvir.

— Eu não preciso de roupas novas, eu tenho... — Começo a falar mais ele coloca o dedo indicador na frente dos meus lábios.

— Você começará com uma nova vida agora, Isadora, por tanto não me questione. Eu odeio que me questionem! — enfatiza, fazendo um arrepio subir na minha espinha.

— E como eu vou dormir? — pergunto confusa e seu olhar intenso me faz engoli em seco.

— Nua é claro! Na intimidade do nosso quarto você não precisa se vestir — fala tranquilamente e eu dou um passo para trás.

— Eu não vou fazer isso? Eu não vou dormir pelada com você! — tento falar com o máximo de firmeza na voz. Ele não responde nada e anda até o criado mudo para pegar algo que eu não consigo enxergar o que é.

— Não é hora de discutir, você está com fome. Venha! — Axel aponta para mesa pequena perto das grandes janelas. — Aqui, use isso! — Ele se aproxima e coloca meus óculos no meu rosto.

— Oh, eu não tinha visto — falo espantada e agradecida.

— Eu percebi, coloquei ele estrategicamente perto de você, mas você estava mais preocupada em me atacar com a luminária do que pegar seus óculos. — Se eu fiquei constrangida com que ele acabou de falar, é óbvio que fiquei.

— Joga na cara! — murmuro em português com as bochechas vermelhas. Axel cerra os olhos na minha direção, mas não fala nada.

— Venha comer, eu não gosto de saber que você está com fome e ainda não se alimentou ainda. — Sua expressão está séria e eu vou até a mesa.

CAPTURADA PELA ESCURIDÃO - Trilogia Darkness - Livro 01 (DEGUSTAÇÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora