Capítulo 02

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Eu estava presa! Eu estava totalmente capturada pela escuridão existente naqueles olhos. Ainda presa pelo domínio de suas mãos grandes, eu vinha tentando a todo custo recuperar a minha respiração que a pouco tempo tinha sido cortada abruptamente pelo homem ferido. Homem esse que encontrei jogado no chão no beco perto da minha casa, e eu com minha burrice sem tamanho resolvi ajudar. Eu não sei onde eu estava com a cabeça para fazer uma coisa dessas, eu posso morrer aqui e agora e ninguém irá realmente vir ao meu socorro. Como eu posso me enfiar em algo tão perigoso assim?

Sinto uma vontade sobrenatural de gritar pela minha vida, mas algo nesses olhos me diz que se eu fizer isso eu vou morrer. Assim como ele havia feita a promessa, e eu acreditei sem nem piscar. Sua voz é baixa, com uma rouquidão, que se eu não estivesse passando por uma ameaça de morte poderia apreciar sem dúvida alguma. A sua pele pálida, que dá um bom contraste com a sua barba escura e os cabelos da mesma cor. Não posso parar de pensar que o homem na minha frente é muito bonito, tão bonito que chega a me distrair do fato que ele pode voltar a me privar de ar em um estalar de dedos.

E pode ser coisa da minha cabeça, mas eu acho de alguma forma que ele sentirá prazer nisso. Não sei como eu cheguei a ter esse pensamento, mas é uma coisa que consigo ver através dos seus olhos de ônix. E só com esse pensamento um arrepio gelado sobe na minha espinha. Por favor, Deus, não me deixe morrer por querer ajudar uma pessoa ferida.

— Como é o seu nome? — ele pergunta em inglês, sem tirar seus olhos dos meus.

— Eu... eu... — gaguejei o fazendo soltar um grunhido de irritação.

— Vou perguntar novamente, não gagueje isso é muito irritante. — Ele aproximou seu rosto no meu. — Qual é a porra do seu nome? — Seu tom de voz era baixo e perigoso.

— Meu nome é Isadora Martins, mas todo mundo me chama de Dora — falo rápido demais que tenho que fechar minha boca com rapidez para não falar nada demais.

— Certo Isadora, se eu te soltar agora você não irá gritar, não mesmo? — ele pergunta e eu sou rápida em confirmar com a cabeça.

— Não, não! — exclamo arregalando os olhos.

— Certo, faz bem! — ele fala me soltando no mesmo momento, para que deitasse no chão fazendo uma careta irritada de dor. — Merda, essa porra dói! — fala entre dentes e nesse momento eu vejo sua roupa molhada com mais sangue.

— Oh meu Deus! O que... O que eu faço para te ajudar! Você não deixar eu chamar ajudar, o que eu posso fazer, moço? — Me aproximei com o meu corpo tremendo muito de medo e adrenalina.

Ver aquilo me preocupou, eu não poderia simplesmente levantar e sair correndo, deixando um homem morrer sozinho, sem ninguém para segurar sua mão e dizer que vai ficar bem. Eu estou com medo, morrendo de medo para dizer a verdade, mas eu irei ajudar mesmo assim. E é isso que eu estou procurando pelos seus ferimentos, quando acho, percebo que ele está perdendo sangue demais. É tanto sangue que eu estou começando a pensar que se eu realmente não fizer nada, o homem deitado a minha frente não vai conseguir. Criando uma coragem que eu não sabia que existia em mim, eu tiro a minha blusa grossa de manga comprida, ficando só com a camiseta sem mangas que gosto de colocar.

— Eu vou tapar esse ferimento aqui moço, não sei o que estou fazendo, mas vou te ajudar — falo sem saber exatamente o que estou falando.

— Pobre criatura, se soubesse quem eu sou, e ou que eu sou não estaria perdendo o seu tempo — o homem murmura e eu tenho que chegar muito perto para saber o que ele está falando.

— Não! Não é perca de tempo, eu só... — Nessa hora que vejo que ele estava fechando os olhos. — Não moço, fique comigo! Você não pode fechar os olhos! — falo tocando no seu rosto. Observo ele abrir um sorriso lento, e nesse momento eu me vejo encantada.

CAPTURADA PELA ESCURIDÃO - Trilogia Darkness - Livro 01 (DEGUSTAÇÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora