Amor e Renúncia

UM DIA INESQUECÍVEL

Acordo com o toque do meu despertador, o mesmo toca a música “Dona de mim” todas as manhãs exatamente às 05:30.

Ao levantar, sinto meu corpo todo protestar. A noite foi longa. Bianca passou cada segundo resmungando, levantando para ir ao banheiro e chorando pela dor de cabeça.

Ser babá, de fato, não é minha especialidade.

Vou até seu quarto. Ao me ver entrar, ela levanta, ficando sentada.

— Como você tá, Bi? — Sento na cama.

— Cansada.

— Tomar sorvete numa chuva daquela não foi uma boa idéia. — Ela concorda.

— Vai sair?

— Tenho que trabalhar. Não posso faltar hoje, alguém vai ter que vir ficar com você.

— Quem? — Arqueia a sobrancelha.

Penso em múltiplas opções, e nenhuma delas largaria seus afazeres para virar babá.

— Gabriel. Vou ligar pra ele.

— Eu acho que preciso ir ao hospital. Não estou me sentindo nada bem.

— Novidade, né? — Ela revira os olhos. — Eu vou me arrumar. Tome um banho e escove os dentes pra quando ele chegar você está um pouco menos feia. — Digo e corro para fora do seu quarto, tentando controlar minha gargalhada para não acordar toda vizinhança.

Tomo um banho e escolho um vestido que define muito bem as curvas do meu corpo. Faço cachos nas pontas do meu cabelo, e coloco um blazer básico.

Vou para cozinha e vejo Bianca comendo, mostrando pouca animação.

— Vai passar a manhã toda com essa cara? Gabriel vai correr de você.

— Que esquisito! Você nunca faz tantas piadas pela manhã.

— Hoje eu acordei feliz. Lembra da festa da faculdade? É nesse final de semana, e eu quero muito me divertir.

— Que forma de se divertir, hein?!

— Sermão uma hora dessas não, ok? — Reviro os olhos.

Pego meu celular e disco o número do Gabriel. Ele atende segundos depois:

— O que é?

— Bom dia pra você também!

— Fala logo. O que você quer?

— Preciso que você fique com Bianca, vou para o estágio e ela não está bem para ficar sozinha.

— Pra ela me expulsar outra vez?

— Para de drama. Ela te expulsou por um motivo justo. Vai vir ou não?

— Já estou indo.

Desligo a ligação. Pego minha bolsa, e me olho outra vez no espelho.

— Não vai tomar café? — Bianca me fita.

— Já estou atrasada, eu como alguma coisa no escritório.

— Vai de ônibus com esse salto?

— Jonathan vai me dar carona. — Pego o celular outra vez, ligando para Jonathan sem obter resposta.

— Você vai passar na faculdade? Pode avisar que estou doente?

— Aviso sim. — Ouço a buzina do carro do Jonathan. — Se cuida, amiga! Seu príncipe encantado já está chegando. — Beijo seu rosto e saio do nosso apartamento.