Do primeiro até o último batimento.

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Ao nascer cada criança estava designada a um anjo, que a protegeria em todos os momentos de sua vida, lhe guardando e guiando. E com Jeong Yunho não havia sido diferente, no primeiro momento que abrirá seus olhos, bem ali próximo se si lhe guardava seu anjo, com um singelo sorriso adornando seus lábios, os olhos quase sumindo diante da linda e majestosa visão que tinha do recém nascido.
 
– Qual será o nome dele? ‐ Perguntará a simpática emfermeira com um sorriso tão grande quanto o da jovem mulher que segurava seu adorável bebê em seus braços.
— Jeong Yunho.
— Pois que os anjos o guardem e protejam seu menino em sua caminhada. ‐ Sussurrou ao notar os pequenos olhos do bebê se fecharem, indicando que seu corpo cedia aos poucos ao mundo dos sonhos. No canto daquele quarto sorriu novamente seu anjo, se aproximou da cama, guardaria seu primeiro sono, assim como todos os outros que viriam depois desse.
 
 

10 anos depois..

 
 


Yunho corria ao redor da grande quadra de basquete, suas perninhas curtas tentando correr mais rápido que seus amigos um pouco maiores que si, mas não desistia em momento algum ou iria se deixar vencer, pelo contrário, tinha um grande sorriso banguela em seu rosto ao gritar palavras desafiadoras para seus amiguinhos, fazendo risadas ecoaram pelo grande espaço quase vazio.
 
"Você consegue ganhar, Yunho-ah~"
 
Sussurrou para si mesmo a voz melodiosa e um tanto rouca, erguendo as mãos para de alguma forma incentivar ao garoto, mesmo que o pequeno não fosse o ver ou escutar.
 
— Eu consigo! ‐ Gritou para si mesmo ao aumentar sua velocidade quando notou que seus amigos o subestimavam, e com alguns passos longos terminava a última das voltas, batendo com sua mão pequena e cheinha contra a parede em tom azul. Seus gritinhos ao vibrar sua vitória podiam ser ouvidas por todo a quadra, fazendo todos ali rirem da animação do garoto que amava correr tanto quanto amava cantar. Era abençoado como dizia seus amigos, era simplesmente bom em tudo que fazia.
Bem ali no canto, um anjo usando tons azuis tão claro que quase se tornavam brancos, pulava um tanto animado ao ver mais uma vitória de seu pequeno protegido. Cada conquista do pequeno lhe arrancava tantos sorrisos quanto o do próprio, nunca se animou tanto, Yunho era seu primeiro protegido, e o único, dedicava todasua existência a proteger o menor, dando o melhor de si por ele.
 
 

Mais 10 anos depois…

 
 


Yunho vagava pelas ruas quase desertas de sua cidade, o fone no máximo estourando em seus ouvidos, tocando uma música que sequer tinha sua atenção, estava tão concentrado em pensar em nada, mas ao mesmo tempo pensar em tudo. Seguia um caminho aleatório, por onde nunca havia passado, a cabeça baixa e as mãos escondidas dos bolsos de seu moletom.
Um suspiro pesado escapou de seus lábios ao passar pela ponte Han, ergueu seus olhos para o céu escuro, estava magnífico, algumas poucas estrelas brilhavam ali. Apoiou seu corpo na barra de proteção, olhando a água correr calma, sem ter noção do caos que era o interior do garoto. Se pegou mais uma vez pensando em tudo aquilo, no peso em seu peito, na pressão em sua vida, e mais uma vez ignorava a música que tocava, mas a melodia sabia que era triste, trágica, nostálgica. As mãos grandes agora agarravam seus fios em um azul desbotado, agarrando com força, como se puxando seus cabelos fosse capaz de também se livrar daqueles pensamentos.
Não sabia dizer quando tinha se tornado aquele garoto, quando exatamante tinha perdido aquele sorriso grande, aquela risada alta, a vontade de dançar, correr. Tentava lembrar quando se perderá de si mesmo em algum momento de sua vida, e tudo parecia tão escuro, não importava em que direção olhasse, a vida não tinha sentido algum para o coreano naquele momento. Suspirou ao sentir uma lágrima solitária descer por sua bochecha, não tardou a limpar, estava tão cansado de chorar, de respirar, de simplesmente existir.
O frio dominou seu estômago, suas mãos soavam, não sabia mais em que momento daquele caos que eram seus pensamentos, tinha passado para o outro lado, a única coisa que o impedia de cair na água era sua mão incerta que agarrava a barra de proteção lisa, quando notou as lágrimas corriam grossas por seu rosto, estava exausto, vazio, mas ao mesmo tempo tão cheio, tantas responsabilidades, tinha apenas vinte anos e já sentia que era o suficiente para uma vida. Não pensou duas vezes ao virar de costas para a água, era tão alto, agarrou com agora suas duas mãos a barra, não queria ver a água quando finalmente soltasse ela, ergueu novamente seus olhos, o céu mais uma vez chamava sua atenção, sorriu.
— Desculpa, me perdoa. ‐ Não sabia para quem exatamente direcionava aquelas palavras, para si mesmo? Para alguém que estivesse lá em cima o vendo desistir? Para seus pais que não faziam ideia dos pensamentos de seu filho? Sequer havia alguém o escutando?
Um sorriso triste e vazio adornou seus lábios cheios e pálidos, aos poucos deixava suas mãos escorregarem, conseguia já sentir a morte lhe abraçar.
– Não! Por favor! ‐ Foi a última coisa que ouviu antes de sua mãos soltarem por completo da barra, abriu os olhos ao sentir uma mão quente tentar lhe agarrar, mas os dedos escaparam entre os seus. Ao ver a expressão de desespero na face do desconhecido, Yunho sentiu medo, pavor, ele não queria morrer, ele não podia. Suas costas atingiram a água com um baque forte, sentindo a água invadir seus ouvidos e o impedindo de respirar.
 
 
 
O impacto de alguma forma o deixou praticamente imóvel, não tinha força alguma para mover os braços e voltar para cima, sentia seu corpo afundar cada vez mais e a escuridão se fazer presente. Era sufocante, não conseguia, acaba ali, e não tinha ninguém para o salvar, foi o que pensou, até erguer o rosto e ver uma mão vir em sua direção, parecia brilhar, era tão quente, e parecia tão confortável, reconfortante, ele poderia finalmente ir, estava tão calmo. A última coisa que pensou antes de perder por completo sua consciência foi a voz que gritará para si, que pedia para não soltar, aquela voz tão melodiosa que lhe tocará e pareceu afastar o vazio, tão reconfortante, como estar deitado em um dia chuvoso entre seus lençóis quentinhos, bebericando alguma bebida também quente, conforto. Yunho sentiu isso antes de finalmente se perder por completo.

Happiness is a AngelOnde histórias criam vida. Descubra agora