não, ainda não.

67 16 5
                                    

Suas mãos tremiam, assim como o resto de seu corpo, não imaginava que algo como aquilo fosse acontecer, estava decepcionado consigo mesmo, não o conseguirá proteger naquele momento, não foi sequer capaz de o guiar da maneira certa, e lá estava ele, tão jovem e pálido....Yunho estava sem pulso, não respirava, e seu anjo da guarda o encarava sem reação, não sabia o que fazer, sabia que tinha errado, mas seria incapaz de apenas desistir daquele que viu nascer, crescer e em algum momento o perdeu de si, mas quando pode finalmente o encontrar, ali estava, seu último batimento. O anjo estava assustado, ajoelhou-se tremendo, juntou suas mãos, entrelaçado os dedos uns nos outros e ergueu seu rosto, pedindo silenciosamente, daria sua existência em troca da de Yunho, desistiria de tudo que era para que o garoto pudesse descobrir quem ele era, para que Yunho fosse capaz de viver. Era tudo que queria, que aquele não fosse o último batimento do menor. Implorou aos céus, que fosse ele ali, que o menor pudesse seguir com sua vida, mesmo que sem ele a seu lado.

[…]

Sentia alho roçar em seu nariz, algo macio e quentinho, mas ao mesmo tempo era como se um caminhão estivesse sobre seus ossos, esmagando cada um deles, queria abrir seus olhos, gritar, queria fazer algo.
— Hoje faz um mês, você não quer acordar para mostrar seu sorriso para a mamãe? Em? ‐ Conhecia aquela voz em qualquer lugar, era sua mãe, a voz tão baixa e calma lhe transmitia paz, uma paz que só sentia com ela. — Mamãe promete te comprar o maior sorvete com aqueles sabores estranhos que você tanto gosta. Seu pai sente sua falta, seus amigos também, eles vem aqui todos os dias, principalmente aquele de cabelos vermelhos, ele é um amor, mas nunca me diz seu nome, mas é tão adorável o jeitinho que ele olha para você e faz birra para não ir embora, ele parece realmente preocupado filho, acalme a gente, abra seus olhos, por favor.
Yunho estava acordado, mas não conseguia que seu corpo respondesse a nenhum de seus comandos, e estava se desesperando por isso, escutava tudo, sentia o perfume de sua mãe e o cheiro de produtos de limpeza. Como se seu corpo estivesse preso ao limpo, mas logo sentiu sua própria consciência se esvair de seu corpo, apagando dessa vez por compelto.

[…]

— Faz um mês hoje. ‐ A voz da mulher parecia cansada, como se não dormisse a dias, como se estivesse doente, estava mais baixa que o normal. — Lembra daquele garoto que falei que sempre estava aqui? Ele não voltou mais, mas descobri seu nome, é Mingi, algo como luz, Song Mingi, não é um nome bonito?
Um suspiro, seguido de lágrimas.
Yunho queria acordar, acalmar o coração de sua mãe, sentia a mão quente segurar a sua, o polegar percorrer seu dorso e algo macio tocar a palma, era tão bom sentir sua mãe, amava tanto sua genitora.
Uma luz forte quase o cegou, estava atordoado, seu coração batia forte no peito e se sentia sufocado, algo estava em sua garganta.
— Yunho! ‐ Foi tudo que escutou quando vários barulhos de uma vez e luzes o deixaram confuso, sentia como se fosse perder a consciência novamente, mas queria resistir, se manter firme ali, como se agarrasse uma linha fina, que o mantinha entre a consciência e inconsciência.

2 meses depois…

Yunho ria de alguma piada besta que seu amigo, Choi San havia contado, estava deitado na grama do campos, sentindo o sol fraco do fim da tarde acariciar sua pele como uma breve carícia. Se pegou mais uma vez lembrando do dia em que recebeu alta, tinha ficado tanto tempo em coma que sua mente era uma grande confusão, e lembrava de poucas coisas do dia do acidente, só lembra de acordar, nada mais. Só sabia que agora recebia acompanhamento psicológico, aquilo o estava fazendo bem, assim como seus amigos de antes e os novos que havia feito, eram um grupo barulhento de sete adolescentes, de cursos diferentes, mas que sempre arranjavam tempo um para o outro, para aqueles momentos.
— Vocês viram o novo garoto do curso de artes? Ele é muito bonitinho, mas fala pouco, parece ser tímido demais. – Começou Seonghwa, o mais velho entre eles, com seus vinte dois anos. — Tentei falar com ele outro dia e ele quase saiu correndo de mim, só sei que ele é muito inteligente e desenha como ninguém, fiquei impressionado, fora que a presença dele trás paz de alguma forma…?
— Tá apaixonadinho! - Acusou Hongjoong, o segundo mais velho, mas a aparência um tanto infantil e o seu pouco tamanho não deixavam transparecer isso.
— Você sabe que ele não faz meu tipo, mas é sério, ele de alguma forma parece ser uma boa companhia, e o nome dele é Mingi.
Yunho abriu seus olhos ao escutar aquele nome, não sabia porque mas era tão familiar que ficou curioso dando atenção aquela conversa.
— Não gente, ele tá falando sério, eu sentei perto dele na última aula, e eu me senti até mais leve, a presença dele é realmente muito boa, mas nunca escutei ele falar.
Aquele assunto ali se encerrou, após Yeosang dizer aquelas palavras, logo mudaram de assunto, deixando de lado o novo garoto. Mas Yunho tinha certeza haver algo familiar naquilo, naquele nome, mas logo esqueceu aquilo a seus amigos sugerirem tomar sorvete, levantou animado limpando sua calça jeans escura. Sorvete era um de seus maiores vícios.
Após encerrar o dia e se despedir de seus amigos, andava pelas ruas escutando uma de suas músicas favoritas, Twisted do Missio, uma música viciante que lhe deixava com vontade de dançar ali mesmo, distraído como era movia suas mãos levemente, como se estivesse dançando de forma contida. Quase não teve tempo de raciocinar quando sentiu uma mão forte agarrar sua cintura e cair em cima de algo macio, muito macio. Assustado abriu novamente seus olhos que sequer percebeu estarem fechados, algumas pessoas encaravam aquela cena de boca aberta, moveu seus olhos e viu que um carro tinha se encontrado com uma árvore, e aquilo era bem a seu lado, a árvore poderia ter sido ele se alguém não o tivesse ajudado. Retirou seus fones e só então percebeu que ainda estava sobre algo macio, moveu seu rosto olhando para baixo, era um garoto, parecia ter sua idade, os olhos extremamente pequenos, suas feições delicadas atraíram a atenção de Yunho, que permaneceu o encarando até notar um pequeno corte logo acima da sobrancelha do desconhecido.
— Meu Deus! Você está bem? Está doendo? Meu Deus eu sinto muito! Eu juro que não vi! ‐ Perguntava afoito, levantou de cima do outro e segurou sua mão, logo o ajudando a levantar, ele parecia ter um olhar perdido.
— Por favor tome mais cuidado, não ande com fones de ouvido tão alto, por favor, eu te imploro, não se machuque.
Foram as únicas palavras do desconhecido de cabelos tão vermelhos quanto a camisa que usava. Ele logo largou sua mão e não tardou a ir embora dali, como se nada daquilo tivesse acontecido e fosse um dia normal de sua vida. Mas o coração do azulado batia tão forte contra seu peito que achava que poderia desmaiar a qualquer momento, quase esteve novamente de cara com a morte. E também naquela voz, por que parecia tão familiar para si de alguma forma? Ecoando várias e várias vezes em sua cabeça, e sequer notará a preocupação em sua voz. Jeong Yunho sentia familiaridade.

Happiness is a AngelOnde histórias criam vida. Descubra agora