Quem é ele?

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Aquele era mais um daqueles dias em que Yunho vagava por entre os corredores da grande biblioteca do campos, um grande prédio apenas para abrigar aquelas centenas de livros. Sua mão tocava com leveza as capas de alguns livros, em busca de um que chamasse sua atenção o suficiente para lhe distrair enquanto não começava suas aulas. Seu curso quase não tinha aulas, e agradecia por aquilo, tinha mais tempo para estudar e para si mesmo.
Buscou seu celular dentro de seus bolsos e seus fones, colocando uma música aleatória de sua playlist, nomeado por si mesmo como "Algum nome legal" por falta de criatividade e por quão útil aquela playlist era pra si, contendo todos os estilos. Iniciou assim com uma calma, sorriu ao colocar novamente o aparelho no bolso enquanto voltava sua busca pelo livro perfeito para aquele momento. Chegou em uma das últimas sessões, onde várias almofadas estavam espalhadas pelo chão, na intenção de transformar o lugar em algo confortável para que os alunos lessem.
Um garoto alto de cabelos tão vermelhos quanto a almofada que segurava em seu colo, estava sentado no fundo, com as costas apoiadas na parede enquanto lia um livro que não conseguia ver pela capa de qual se tratava. Tinha algo familiar nele, e soube quem era quando o garoto levantou sua cabeça, os olhos quase sumiam com a franja grande os escondendo. Era o garoto que o havia salvado de seu quase atropelamento, desde aquilo não usava mais fones nas ruas, sentia que deveria seguir seu conselho.
Moveu seu corpo para o lado quando o garoto levantou de uma vez, derrubando a almofada em seu colo, pronto para sair, mas colocou seu corpo em frente ao dele, na intenção de realmente o impedir de sair. Estava curioso.
– Olá! Me chamo Jeong Yunho, recentemente você me salvou, queria agradecer a você.
– Não precisa. - A voz era tão baixa que se não estivesse perto não teria escutado nada que o outro disserá.
– Precisa sim. Você salvou minha vida e sou realmente muito grato por isso.
O garoto, tão alto quando Yunho murmurou um "" e desviou de seu corpo, correndo para fora da biblioteca, o de cabelo azulado ficava cada vez mais confuso com o outro e era apenas a segunda vez em que se encontravam.
Acabou deixando isso para lá ao ir para o refeitório, precisava encontrar seus amigos, estava faminto também e não demorou a encontrar Choi San parado na porta como um gatinho assustado, passou o braço sobre seus ombros o assustando, esse era o mais tímido de todos, por ter entrado recentemente, não gostava de fazer nada sozinho.
– Quem você estava procurando? Espero que seja eu porque sou muito ciumento! - Brincou rindo, o que arrancou um riso baixo do menor, expondo sua pequena covinha de certa forma muito adorável.
– Wooyoung, ele prometeu que iria me esperar na sala, mas saiu correndo, não vi mais ele.
– Ele é muito esquecido, não fique pensando demais nisso, ele não fez de propósito, eu tenho certeza disso. ‐ Ele apenas acenou.
Sentaram lado a lado na grande mesa em um canto do refeitório, em segundos todos seus amigos apareceram, sentando em seus respectivos lugares, menos Wooyoung, que parecia realmente ter sumido. Um assunto aleatório surgiu enquanto os garotos comiam e falavam animados, assim como as mesas vizinhas.
— O garoto novo parece tão sozinho, será que deveríamos fazer amizade com ele? – Em algum momento da conversa, o novo aluno foi o tópico, Song Mingi, Yunho prestava atenção em tudo, até mesmo quando San apontou com a cabeça para onde um garoto de cabelos tão vermelhos que brilhavam, estava sentado sozinho encarando seu sanduíche, parecia estar em outro planeta, viajando em seus próprios pensamentos.
— Então ele é o tal Mingi? A uns dias atrás ele me salvou…Eu ia sendo atropelado e ele me puxou, ele literalmente salvou minha vida. – Disse Yunho, recebendo o olhar de todos ali.
— Você o que??? E você resolve contar isso pra gente só agora?! - Seonghwa, o mais velho não hesitou em agarrar a orelha do maior ali, recebendo una careta de dor como resposta. Yunho ficou calado recebendo vários sermões, até mesmo dos mais irresponsáveis ali, ouvia tudo caladinho. O assunto Mingi mais uma vez forá deixado de lado.
[…]
As aulas pareciam se arrastar, os alunos entediados encaravam os slides que um dos professores optou por usar. O silêncio na sala foi interrompido por um celular que tocava alto, incomodando todos os alunos. O professor foi o primeiro a falar algo, levantando a voz e assustando os alunos presentes, até mesmo os que dormiam.
— De quem é?! Sempre deixem a porcaria desses celulares desligados! – Esbravejou batendo com força contra a sua mesa, assustando mais ainda os alunos. Já Yunho suava de nervoso, era seu celular que tocava dentro da mochila, queria desligar sem chamar atenção, ou levaria suspensão, não pegaria bem, pois era sua segunda.
— É meu. Desculpe, professor. Esqueci de desligar, erro meu.
Virou para trás de uma vez ao escutar a voz agora um pouco familiar para si, era o garoto chamado Mingi, o próprio se acusava, e o professor não demorou a andar em direção a sua cadeira. O azulado aproveitou a distração do professor para desligar seu aparelho, ainda com os olhos em Mingi, se perguntando porquê diabos ele estaria fazendo aquilo, sequer eram amigos. — Isso não vai acontecer novamente, foi um erro, é minha primeira vez na sua aula, professor Jung.
O professor pareceu o analisar de cima a baixo, ponderando se o daria uma punição ou iria aliviar para o novato.
— Tudo bem, senhor Song Mingi, mas que isso não se repita novamente, lhe darei apenas essa chance.
O silêncio após isso reinou. Nenhum aluno disse mais nada, estavam concentrados nos slides, menos Yunho, as vezes virava para olhar para o garoto de cabelos vermelhos, que tinha sua total atenção presa nas imagens, aquele assunto parecia muito interessante para si, mas uma coisa apenas atiçava a curiosidade do azulado, quem era ele? Qual sua história?

(…)

Yunho estava sentado em um dos bancos de madeira espalhados pelo campus, seu braço estava esticado sobre as costas do mesmo, os olhos presos no céu, pensando em muitas coisas ao mesmo tempo enquanto em seu fone tocava alguma música aleatória. Aquela era sua pior mania, sempre ouvindo música, mas nem sempre prestava atenção nela, estava sempre perdido no próprio mundinho em sua cabeça.
Seu peito doeu ao lembrar de sua fatídica noite, que acontecerá a alguns meses, tinha certeza que seu coração estava preenchido por sentimentos negativos, pensamentos suicidas, mas após quase experimentar a morte, tudo aquilo tinha sumido, nunca mais voltou a pensar daquela forma, parecia outra pessoas as vezes, isso era o que mais estranhava. Mas não lembrava muito, como havia sobrevivido, ou como tinha chegado ao hospital, evitava perguntar a sua mãe sobre aquele dia, pois sabia que ela estava tão abandonada quanto ele.
Seus olhos inconscientemente se voltaram para frente, não tinha como não o reconhecer, era Mingi, conseguia ver aqueles cabelos brilharem com as últimas luzes do sol, o observou andar, parecia tão concentrado em tudo que fazia, diferente de todos ali, que tinha seu pequeno grupinho, Mingi estava sempre sozinho, sempre, perceberá isso de tanto o observar.
— Song Mingi… ‐ Sussurrou o nome do garoto, confuso com quem ele era, mas curioso sobre o mesmo. Já o ruivo, como se ouvisse seu nome ser chamado, virou seu rosto em direção ao azulado, estancando seus passos, os olhares mesmo a distância se encontraram, Mingi olhava para Yunho, e Yunho olhava para Mingi, hipnotizando um ao outro, presos.
— Desculpa a demora! - Virou ao escutar a voz estridente de seu melhor amigo o assustar, quebrando os olhares, pelo o que pareceu durar uma eternidade para si, mas não foi desconfortável, nenhum pouco. Wooyoung estava parado em sua frente agora, não conseguia mais ver Mingi. — Eu passei o dia todo tentando fugir do San, mas ele me achou no fim da penúltima aula, você acredita que ele brigou comigo por que eu não pude ir a sorveteria com ele ontem? Eu disse "Sannie, estava ocupado estudando!" O que não era mentira, hoje teve uma prova enorme.
Seu amigo despejava tudo sobre si de uma vez, o que sempre fazia, então Yunho estava acostumado, mesmo que sua mente ainda estivesse naqueles olhos, pareciam tão…velhos para alguém tão jovem, Mingi parecia conhecer todo o mundo, isso o atraiu de certa forma, queria poder falar e saber quem era Mingi.

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⏰ Última atualização: Mar 19, 2020 ⏰

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