Quando abri os olhos, estava sentada em um sofá, em uma casa pequena e velha. Havia uma garota do meu lado, um pouco mais velha do que eu, deveria ter seus 19 anos. Sentado a nossa frente, mexendo em um computador antigo, estava um garoto jovem também.
- Onde eu es...?
- 8° Experimento: comer vômito- um homem entrou no cômodo e entregou um pote fedorento para a garota.
Ela não pareceu se afetar muito, parecia acostumada, mas isso não evitou que vomitasse no chão. Olhei enojada para o homem que a fez fazer aquilo. Ele nem ligou para mim e disse para o garoto:
- Leve-a para fora e comece os experimentos dela.
Ele se levantou e me pegou pelo braço, me puxando pra sair da casa.
- O que vai fazer comigo?- perguntei com medo.
- Você tem a opção de levar vários choques ou nos ver matando pombos.
Por mais que eu odiasse a ideia de ver animais morrendo, não consegui aceitar sofrer.
- Segunda opção.
- O.k., temos que nos dirigir para a área correta- ele também não parecia à vontade com aquilo.
Enquanto caminhávamos, decidi perguntar o que estava acontecendo.
- Eu fui sequestrada, não é?
- Você chorou quase a noite toda, queriam te machucar, mas eu disse que conseguia te fazer parar. Você não lembra?
Neguei com a cabeça, envergonhada.
- Você está aqui há dois dias, meu pai e meus irmãos mais velhos fizeram isso, eles são loucos. É a primeira vez que eles fazem, antes só caçavam animais silvestres, mas de repente, decidiram caçar humanos. Tenho medo deles.
- Mas você também fez, ora.
- Não é bem assim, eles me meteram nisso e agora, se eu falar qualquer coisa, ou eles me matam ou eu vou preso com eles.
- E eu? Esse ano seria minha chance de orgulhar minha família um pouco, ir pra faculdade, trabalhar. Agora estou aqui, pronta pra morrer.
Ele pensou um pouco.
- Me desculpa por tudo isso.
- Se você diz a verdade, faça meus últimos dias um pouco mais alegres.
- Quantos anos tem?
- 17.
- Tão jovem e minha família já estragou a sua vida.
- Você tem quantos anos? 18?
Ele concordou com a cabeça.
- Então também é muito jovem pra estar assim, aqui.
Ele sorriu, parecia que não fazia isso a tempos. Continuamos andando, cada vez mais pra longe da casa.
- Onde fica essa tal área?
- Pra cá que não fica.
- Que?
- Estamos fugindo- ele pegou minha mão e me puxou para trás de uns arbustos.- Cansei de não fazer nada.
Não tive muito tempo para duvidar de sua palavra. Ele me puxou e saímos andando sozinhos na estrada. O lugar era realmente deserto, perfeito para sequestradores. Eu estava com medo, com frio e assustada.
- Esqueci de perguntar seu nome.
- Ethan.
- Sou a Abby.
- Eu sei, me disse ontem, enquanto chorava.
- Obrigada- sorri.