"ME ENCONTRE.
ME LIBERTE..."
꧁꧂
MINHA MENTE GIRAVA EM ESPIRAL até atingir o chão do quarto de motel o qual eu estava. Meu corpo passou a espasmar involuntariamente quando relaxou, esparramado sob o tapete verde cor musgo — ou estava simplesmente manchado de sujeira.
A garrafa de tequila que eu segurava em uma de minhas mãos acabou por cair sobre mim, molhando minha flanela com seu líquido, o mesmo que eu havia utilizado para me embriagar.
Mas eu ainda ouvia a sua voz.
Doce e venenosa, na ponta da minha orelha, arrepiando meus pelos da nuca e me fazendo querer socar qualquer um que cruzasse meu caminho. Enviando um ardor crescente na boca do meu estômago. Incendiando alguma coisa dentro de mim.
E esse incêndio estava se alastrando rápido demais.
Me perguntei o que meu irmão iria falar se entrasse no quarto e me visse naquele estado. Provavelmente não seria nada agradável aos meus ouvidos.
Tentei me apoiar na cama, mas de alguma forma minha mão escorregou sob o tecido solto do acolchoado, fazendo com que eu caísse novamente.
Você vai me encontrar?
A voz reverberou e era como se essa mulher estivesse bem ali, ao meu lado, suspirando as palavras lascivamente.
Meus olhos giraram em deleite, e eu tentei não olhar, tentei não procurar por ela... Mas foi simplesmente impossível não fazê-lo.
Em meio ao semi-breu do quarto vi suas curvas voluptuosas. Altiva e irreverente, me encarando do alto como se fosse uma deusa, e eu um mero mortal.
Naquele momento me senti um inseto prestes a ser esmagado — e eu não estava nenhum pouco acostumado com esse sentimento.
Tentei esticar minha mão para toca-lá e a única coisa que senti foi uma textura incomum. Era como se estivesse tocando em vidro; gelado e liso. As pontas dos meus dedos teimaram em se arrastar pela sua superfície até que o contato terminasse por intermédio único e exclusivo dela.
Eu poderia facilmente passar horas passeando meus dedos por cada parte de seu corpo. Cada mísera e tentadora parte daquele corpo divino; na ponta dos meus dedos, na ponta da minha língua...
- Me encontre. - Falou em meu ouvido mais uma vez. - Me liberte...
Eu vou, quis falar, mas as palavras ficaram presas em minha garganta.
Agora seus dedos acariciam a extensão da minha mandíbula até minha bochecha em um carinho lânguido e sensível, enviando uma corrente elétrica à minha espinha.
Olhei para seu rosto bem marcado, com maçãs do rosto altas, lábios carnudos proeminentes e cabelos lisos, como uma cascata acastanhada e brilhosa que crescia para além de seus seios avantajados, apenas tampados por uma fina blusa preta de cetim.
E seus olhos... seus olhos não se igualavam à nada que eu havia visto antes.
Redondos e profundos; castanhos tais como avelãs maduras. Um brilho mortífero aveludado e gélido dançava em suas íris sutilmente, e eu só pude nota-lo por ter encarado-as por tempo demais.
Ela é um sonho? Pensei.
Mas eu nunca havia tido um sonho tão realístico e por um período de tempo tão longo. Ela estava comigo há semanas, não há alguns poucos dias. Desde o início do apocalipse, mais especificamente.
Poderia ter algo relacionado? Poderia.
Eu me importo? Nem um pouco.
Meu paraíso particular durou até a porta atrás de mim se abrir, irradiando claridade ao cômodo.
Não precisei virar para saber que era meu irmão. Tampouco precisei adivinhar que ela sumiria bem diante dos meus olhos, seu toque desvanecendo-se da minha pele lenta e tortuosamente, mesmo quando eu já não conseguia mais vê-la.
Agora apenas encarava a garrafa vazia em meu colo, esperando encontrá-la novamente.
E, seja em sonho ou não, irei encontrá-la novamente.
꧁꧂
Olá, pessoal!
Entrego-vos aqui mais uma fanfic minha da saga "já tenho coisa pra caralho pra fazer e invento mais." Mas pra vocês que leem minhas outras historinhas, todas elas já estão em andamento e cozinhando no rascunho para serem atualizadas em breve.
E sei que esse prólogo ficou meio confuso, mas prometo que o primeiro capítulo vai ser um pouco mais esclarecedor...
De qualquer maneira, espero que tenham gostado e até o próximo❤️
VOCÊ ESTÁ LENDO
𝐏𝐎𝐈𝐒𝐎𝐍 𝐈𝐕𝐘 ° 𝐬𝐮𝐩𝐞𝐫𝐧𝐚𝐭𝐮𝐫𝐚𝐥 || EM PAUSA
Fanfiction━━━━ 𝐃. 𝐖𝐈𝐍𝐂𝐇𝐄𝐒𝐓𝐄𝐑 | ele conseguia ouvi-la ao pé de seu ouvido; ele conseguia toca-lá enquanto sonhava; e quando estava bêbado o suficiente, conseguia sentir o gosto dela na ponta da língua. Tal como uma gota de água gelada percorre um c...