chapter II | 𝐧𝐢𝐠𝐡𝐭 𝐩𝐫𝐢𝐞𝐬𝐭𝐞𝐬𝐬

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MEUS OLHOS VAGAVAM PELA estrada escura, mas eu não a via realmente. O ronco do motor rugia ao meu comando grotesco e urgente enquanto eu só pensava em uma coisa.

Chegar até lá.

Era exaustivo, árduo e brutal, mas eu continuava.

Ouvi os pneus gritarem contra o asfalto após eu frear de maneira brusca. Lancei os pés para fora do carro em um pulo, ansiedade inundando meus músculos e enviando camadas de energia aos meus nervos, enquanto meus instintos me guiavam até a parte mais escura da cidade.

Enquanto atravessava o que me parecia ser uma terra de ninguém, eu não sentia medo, e sim um receio ácido e crescente. Um receio de tudo isso ser em vão. Se eu não conseguisse acha-la, o que eu faria? E se conseguisse, como a libertaria? E do que eu a estava libertando?

Esses pensamentos giravam na minha cabeça a todo instante, e nem o cheiro do mijo e dos outros fluidos nojentos — felizmente inidentificáveis por mim — foram capazes de me retardar. O local era escuro, estreito e úmido. Suas paredes viscosas roçavam meus braços, deixando as mangas da minha jaqueta de flanela molhadas devido ao atrito constante.

As únicas fontes luminosas que recaíam sob o local eram a lua cheia e um poste de luz amarelada e piscante bem ao final daquele corredor penumbroso.

Após o que me pareceu uma eternidade, senti a lâmpada sob minha cabeça, aquecendo meu corpo em escalas sutis. Olhei ao redor; passeando os olhos pelo lugar abandonado assim como um corvo sobrevoa um cemitério.

Uma estrutura quebrada fora tudo que vi nos minutos em que estive parado. A madeira escura havia sido corroída por cupins trazidos pelo tempo, árvores ao seu redor haviam se resumido a gravetos ressecados e pontiagudos, que apontavam para o céu como garras.

Dei alguns passos contidos pra frente, sentindo a areia mexer abaixo de mim. E a cada metro que eu cobria, o horizonte se ampliava, e com ele uma coluna de aproximadamente quatro metros surgiu. Agora uma porta vermelho-carmesim estava a poucos centímetros de mim, esta lacrando a construção supostamente abandonada.

Estiquei meus dedos para tocá-la, sentindo sua textura ondulada na minha pele. Empurrei sua estrutura com uma veemência repentina e meus olhos foram invadidos pela escuridão total do outro lado. Eu prossegui; coloquei o pé para dentro e me forcei contra o breu.

Alguns passos adiante, passei a ponta do meu coturno por um local íngrime e quase caí. Segurei o que me pareceu ser um vergalhão cravado na parede pedregosa, freando meu corpo de ir para frente.

Tateei o chão com mais cuidado e reconheci os decaimentos recorrentes como sendo uma escada, que ao que tudo indica era feita de pedras musgosas.

Tive que me segurar por todo o caminho até me estabilizar num plano mais extenso. Dei alguns passos para frente e atingi algo oco. Outra porta.

𝐏𝐎𝐈𝐒𝐎𝐍 𝐈𝐕𝐘 ° 𝐬𝐮𝐩𝐞𝐫𝐧𝐚𝐭𝐮𝐫𝐚𝐥 || EM PAUSAOnde histórias criam vida. Descubra agora