꧁꧂TODO O MEU CORPO ESTAVA dolorido, era como se eu tivesse tirado uma soneca longa... um soninho de aproximadamente dois mil anos, e agora eu havia sido forçada a acordar e me movimentar. Meus músculos estavam dormentes e minha mente parecia estar num looping trágico de merdas que isso que eu estava fazendo iria, em um futuro próximo, causar.
Minhas pálpebras espetavam de cansaço enquanto eu andava na calçada movimentada, com Ruby ao meu lado e uma bolsinha presa debaixo do meu braço.
- Qual é o plano? - Minha voz estava rouca devido à falta de uso, Ruby mal conseguiu escutar.
- O plano é... - A observei enquanto ponderava. Ela não tem um plano?
- Você não tem um plano. - Apontei e ela revirou os olhos.
- Eles irão te acolher como um cachorrinho abandonado, não se preocupe. Os Winchester adoram causas perdidas.
- Eu não sou uma causa perdida. - A corrigi.
- Mas eles não sabem disso. - Falou em um tom óbvio.
Então eu teria que mentir mais...
- Eu não gosto disso.
No mesmo momento em que declarei, Ruby parou de andar. Agora seu corpo estava na frente do meu, me impedindo de andar.
- Eu estou aqui há muito tempo, preparando o terreno. E então você chega e ainda quer atrapalhar todo o trabalho que eu tive... - Seus olhos ficaram negros e eu entortei a cara, desgostosa. - você não vai ficar no caminho do meu objetivo.
Torci a cara.
Os olhos de Ruby voltaram ao normal, mas de repente seu rosto começara a contorcer em agonia. Enquanto ela soltava leves gritinhos estrangulados, eu inclinei minha cabeça para o lado e cerrei os olhos, desafiando-a a falar mais uma palavra.
- Seu objetivo é o mesmo que o meu, demônio. O que nos diferencia são os motivos pelos quais fazemos o que fazemos.
Assim que parei de falar, permiti Ruby a voltar ao normal, esbaforida e com as bochechas rosadas, como se tivesse acabado de correr uma maratona.
- Eu não vou mentir. - Olhei em seus olhos, altiva, enquanto firmava meus pés no chão.
- Se você falar a verdade, considere-se morta.
- Eu não vou falar toda a verdade, mas não vou mentir.
Ruby bufou, mas não falou nada e apenas respeitou — ou fingiu respeitar — minha decisão.
- Você manda. - Ela estava visivelmente insatisfeita, mas tentava deixar suas emoções bem marcadas escondidas.
Sorri, um pouco aliviada e um pouco receosa. Se eu não iria mentir e apenas omitir, o que eu deveria falar, e o que não deveria? Durante o percurso curto até o motel, tentei montar um script na minha cabeça mas tudo que planejava sempre parecia deixar espaços para questionamentos que não poderiam ser respondidos.
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𝐏𝐎𝐈𝐒𝐎𝐍 𝐈𝐕𝐘 ° 𝐬𝐮𝐩𝐞𝐫𝐧𝐚𝐭𝐮𝐫𝐚𝐥 || EM PAUSA
Hayran Kurgu━━━━ 𝐃. 𝐖𝐈𝐍𝐂𝐇𝐄𝐒𝐓𝐄𝐑 | ele conseguia ouvi-la ao pé de seu ouvido; ele conseguia toca-lá enquanto sonhava; e quando estava bêbado o suficiente, conseguia sentir o gosto dela na ponta da língua. Tal como uma gota de água gelada percorre um c...