Um Presente de Morte (HP1)

Um Presente

Novembro de 1979

    Ele nunca compreendeu a morte, o que ela era e porque existia. Nunca havia a encontrado realmente, não até alguns meses atrás quando ela enfim chegou aos seus pais.
    Não importava se ele compreendia a morte, ou se quer a aceitava, ele teria que a enfrentar. Soube disso no exato momento que abriu e leu a carta com a incomparável letra de Alvo Dumbledore. Ver novamente a Mansão Potter não estava em seus planos por algum tempo, e lá estava Dumbledore lhe pedindo exatamente isso, algo que ele não poderia negar; não por ser seu antigo diretor, mas porque jurou fazer tudo o que estava em seu alcance para ajudar a Ordem da Fênix. E se Dumbledore queria a mansão para uma reunião, então assim seria.

    Após responder a carta e a enviar novamente, voltou para onde estava reunidos seus amigos para contar sobre a reunião de emergência, logo após ir ao encontro de sua esposa que repousava de um mal estar anterior.

[...]

    Já era noite quando Tiago e Lílian Potter surgiram em frente a antiga Mansão Potter. Ainda encaravam a mansão quando ouviram sons de aparatação, e com eles vinham seus amigos Sirius Black, Remus Lupin e Pedro Pettigrew.
    Alvo Dumbledore chegou logo após, e juntos entraram para a reunião.

    Um por um, outros membros iam chegando e se acomodando na espaçosa sala que a mansão possuía; Frank e Alice Longbottom foram os primeiros a chegar, estavam radiantes desde que descobriram que iam ser pais. Marlene McKinnon e Dorcas Meadowes, já se acomodavam em um sofá magicamente ampliado ao lado das poltronas onde os irmãos Prewett; Gideon e Fabian, estavam.
    Emmeline Vance se acomodou ao lado de Edgar Bones, depois de vir do corredor da mansão, onde encontrara Alvo Dumbledore para relatos da última missão.

    Mas Tiago Potter não estava tão focado nisso, sua atenção total no momento era para o pacote pardo que Dumbledore chegou em mãos, e agora estava depositado no centro da sala a vista de todos.
    Talvez fosse algo recuperado de uma das missões, um objeto das trevas ou de algum comensal? Seria o motivo da urgência de Dumbledore?

    Seu devaneio foi quebrado pela entrada de Dumbledore, seu rosto estava tão sério quanto das outras reuniões; mas por alguma razão, Tiago sentia que desta vez tinha algo diferente.

    - Acho que podemos começar. - Dumbledore iniciou. - Alguns membros estão em missão, creio que os demais que faltam não tenham intenção de vir.

    - Alvo, o que é este pacote? - apesar de ser algo que Tiago pensava no momento, a pergunta não veio dele. Edgar Bones parecia tão curioso quanto ele.

    - Isto é o motivo pelo qual eu reuni vocês aqui hoje. - como Tiago suspeitava o motivo do olhar diferente de seu antigo diretor era aquele pacote.

    - Não estou entendendo, o que exatamente é esse pacote? - Edgar questionou confuso.

    - Há algumas semanas percebi entre os meus pertences este pacote com um envelope misterioso, devo dizer não sei como foram parar lá. Com os acontecimentos atuais achei que seria prudente verificar o conteúdo, na tentativa de revelar algo que o pacote esconda. - Dumbledore revelou enquanto sentava-se em uma poltrona disponível.

    - E encontrou? - Emmeline perguntou.

    - Não Srta. Vance, não encontrei nada que o pacote possa esconder. - a curiosidade e dúvidas só aumentava nos demais.

    - Mas o que há no pacote? - Marlene perguntou, antes mesmo que Tiago pudesse.

    - Eu ainda não o abri, receio saber tanto quanto vocês. Mas o envelope me leva a crer que não está apenas endereçando apenas a mim. - Dumbledore respondeu insondável.

    - E o senhor está com esse envelope? - Tiago ouviu sua esposa ao seu lado perguntar.

    - Oh sim, mas é claro minha cara. - Dumbledore estendeu a Lílian, um envelope da mesma cor do pacote sobre a mesa, que ela pegou sob o olhar vigilante de todos.

    Silêncio reinou enquanto Lílian Potter abria o envelope e o lia, Tiago pôde ver um vinco se formar entre suas sobrancelhas, mas ela não disse nada quando passou para ele também ler o conteúdo.
    Tiago leu, e como sua esposa passou o bilhete para Remus que estava ao seu lado. Em minutos todos já haviam lido e pareciam tão confusos quanto ele.

    - Quem é "M"? - quis saber Fabian Prewett.

    Ninguém o respondeu, nem mesmo o grande Alvo Dumbledore sabia a resposta.

    - Como assim nos conhece? - Tiago pensou ter ouvido Pedro ganir, e se preocupou com ele que sempre foi o mais temeroso dos marotos.

    Perguntas surgiram de todos.
    "Que destino foi traçado?"
    "Quem entregou a própria mãe?"
    "Quem pode ser o inevitável?"

    - O que quer dizer "um vislumbre do futuro"? - questionou Remus.

    - Creio que seja exatamente o que pensa, Sr. Lupin. - Dumbledore o respondeu.

    - Mas é perigoso mexer com o tempo. - Lílian se espantou ao seu lado, e Tiago não podia estar diferente; ele compreendia o quão perigoso era brincar com o tempo.

    - Mas nem sabemos o que tem neste pacote, como podemos estar mexendo com o tempo? - Dorcas questionou. E ela não podia estar mais certa, ninguém sabia o que estava guardado naquela encomenda, e muito menos como ela pode mostrar a eles o futuro.

    - Sinto que nada será respondido até abrirmos isso. - Remus exclamou, refletindo o que todos pensavam ou sentiam.

[.]

    Após muita discussão e opiniões não dava mais para evitar o que aconteceria, eles teriam que abrir o pacote se quisessem saber mais. Tiago tinha a sensação de que nada mais seria igual após isso.

    - Quem vai abrir? - Edgar perguntou apreensivo, passando a clara impressão de que ele não queria fazer isso.

    Sem dizer nada Sirius estava em pé, pronto para abrir o pacote. Enquanto uns se aproximavam, outros iam para trás para fugir de qualquer coisa que a encomenda fizesse.
    Rasgando o papel pardo que encobria o pacote, Sirius revelou uma caixa branca que lembrou a Tiago a uma série de televisão trouxa que certa vez assistiu com Lílian.

    Quando Sirius abriu a caixa todos puderam ver no topo um livro em branco, quando o pegou e folheou Sirius revelou seu interior tão branco quanto o exterior.

   E aos olhos de todos, onde deveria ser a capa surgiu a palavra "leiam".

ENVELOPE

"Não sou o passado, nem presente ou futuro. Eu sou o instante qual não se pode ser parado.

   Vocês me conhecem e sabem bem quem eu sou, sempre estive perto em todos os momentos, mesmo nunca nos termos visto antes.
   Sou tão velha quanto se sabe, e já tive vários nomes. Mas sempre serei o inevitável.
   E por ser o inevitável que lhes mando isto.

   Para alguns dentre vocês um futuro diferente lhes fora entregue, um futuro que não deveria existir.
   A mudança surgiu dos planos de alguém que se negou a me abraçar quando nasceu, e entregou-me sua mãe em seu lugar.

   Por isso mando este presente, um vislumbre do futuro, na esperança de que possam mudar aquilo que nem mesmo eu considero justo.

.M."