Cap. 2 - OS CAMEOS E OS PEDAÇOS DE MAU CAMINHO

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- BOM DIA! - DISSE UM SENHOR IDOSO E SIMPÁTICO, calvo, porém de cabelos brancos, que usava um belo óculos estilo aviador de lentes avermelhadas, sentando numa poltrona ao meu lado, me dando um sorriso fácil e simpático do outro lado do corredor.
Eu já correspondia sua gentileza, enquanto ele lia algum tipo de livro ou revista que tinha a estranha palavra "EXCELSIOR", como título.
Eu tentava espiar o que mais estaria escrito ali, quando outro homem, muito bem vestido com um casaco marfim, e outras roupas de frio que combinavam num visual realmente imponente, e cuja presença eu não havia notado desde a decolagem passou voltando ao seu lugar no avião, enquanto discretamente fechava a barguilha da calça, que esquecera aberta, ao sair do toalete.
Apesar de ele ser um negrão de tirar o chapéu, eu não tinha olhos para ninguém, agora que era a Senhora Bullen.

Talvez isso se devesse ao fato de que... Dezoito anos depois, Etward Bullen já não era minha única razão para viver, agora havia nosso filhos gêmeos, híbridos e imortais, Kirsten e Robert.

Tive ali um lindo flashback de quando eles acabaram de nascer:

 -  Olha amor, ela é a sua cara.
- Não, - Etward negou na mesma hora - ele até parece comigo, mas ela lembra muito você meu amor.
- Na verdade, acho eles dois a cara dos tios. - Repliquei sorrindo.

- Como? - Ele treplicou, mas foi interrompido por Alince que sugeriu:

-  Ella, você deve estar exausta, cunhadinha. Está na hora de tomar um pouquinho de A+, está bem?"

Eu não conseguia tirá-los da cabeça afinal, Etward viajara do Nevada, onde gerenciava um departamento ultra secreto de experiências genéticas na Área 51 ( será que eu deveria ter escrito isto?), para Nova Iorque onde uma batalha entre super heróis acabou afetando um edifício das empresas Bullen, quando um super vilão, arremessou o Homem de Ferro contra um dos prédios dos laboratórios da nossa família.
Quando o Sr. Stark; aqueles dois magos estranhos e o Homem-aranha desapareceram no céu perseguindo aquela nave espacial que mais parecia um Donut, a destruição foi tudo que ficou para trás.
Minha filha Kirsten, há dois anos e meio decidira morar na Europa com os tios Alince e Vasper, enquanto Robert que preferia ficar em Enforks com Rosanne Redine ( sua namorada que acabou descobrindo que a vida que ela deveria viver, não pertencia à realidade onde estava), também precisou viajar para Nova Iorque afim de ajudar o pai, no suporte às famílias dos funcionários afetados de forma direta e indireta pela batalha que devastou vários quarteirões daquela cidade.
Já eu... Agora me lembrava que estava pegando um vôo particular, do Nevada para nossa mansão em Enforks, no coração da floresta, já que havia uma pequena pista de pouso por trás de uma cachoeira aos fundos da casa.
No entanto; para minha desagradável surpresa, enquanto eu procurava um livro para ler no Wattpad, sem que fosse de "CEO frio e calculista" ou de "Dono do Morro whitewashing", o piloto do avião anunciou que teria de fazer um pouso de emergência logo depois, o que me obrigou a comprar passagens na primeira classe de um vôo comercial, cheio de escalas até um aeroporto que ainda ficava a vários quilômetros da minha casa.

- Com licença! - Aquele homem, ( voltando ao tal avião) do qual eu falava, disse educadamente enquanto eu já me preparava para o caso de ele ser um belo neurocirurgião negro e sensual querendo me levar para uma queda de avião monomotor em uma montanha onde ficaríamos sozinhos com um labrador durante meses, e nos apaixonaríamos loucamente a ponto de "botar fogo" numa cabana abandonada no meio de uma montanha nevada, depois que eu acidentalmente caísse dentro de um lago congelado.

- Sim; eu sou um neurocirurgião moça, e meu nome... - Ele ainda faltava quando eu o interrompi:
- Então seu nome não é Idris Elba? O famoso cirurgião gato que infelizmente perdeu a própria esposa por conta de uma doença rara? Ou seria Milton, aquele do Esquadrão...
- Desculpe; - Ele respondeu me interrompendo e revirando os olhos, enquanto meneava a cabeça. - Mas o meu nome é Ben.
- Ben? - Questionei e então encerrei aquela conversa; afinal eu não era mesmo uma mulher ruiva prestes a se casar, que teria a "brilhante ideia" de tomar um vôo num pequeno avião monomotor com um desconhecido, no qual o piloto teria um piripaque só porque viu uma tempestade ao longe.
- Ah, - Ele disse dando um sorriso capaz de fazer qualquer ser Homo sapiens hétero ou homossexual titubear!
- Obrigado pela parte do "gato", senhorita...
- Senhora. - Joguei aquele balde água fria, apesar de saber qual seria o destino dele, depois daquela montanha.
- Senhora... - Ben disse escondendo seus dentes resplandecentes, quando voltei a interrompê-lo:
- Meu nome é Ella Zwan Bullen, esposa de Etward...
- Espera, Bullen? - Ele me interrompeu, surpreso:
- Bullen, das empresas e laboratórios Bullen?
- Exato. - Respondi garbosamente. - Você conhece, Ben?
- Mas é claro! - Ele disse, quando a expressão do seu rosto mudou de contentamento para tristeza profunda. - Minha esposa trabalhava para vocês antes de... Você sabe.
- Ai meu Deus! - Pensei comigo mesma, ao me lembrar de uma brilhante executiva das empresas Bullen que teve de abandonar seu cargo por conta de uma doença rara, e por isso mesmo constatar, que aquele pedaço de mau caminho diante de mim, realmente era o neurocirurgião que realmente conheceria uma desconhecida com quem embarcaria num pequeno avião monomotor, do qual o piloto teria um piripaque ao ver uma tempestade.
Eu ainda me questionava sobre como eles conseguiriam sobreviver tanto tempo naquela montanha, mas já estava torcendo para que o final da história deles não fosse apenas choro e uma corrida que terminasse num abraço que mal seria dado, quando o filme que contaria toda aquela tragédia romântica, simplesmente cortasse para os os créditos finais.
- Minha nossa! - Exclamei voltando do meu devaneio; porém no lugar de Ben, agora havia apenas um bilhete na poltrona ao meu lado.
Na verdade, eu continuava revoltada por ter perdido meu voo particular, do qual felizmente saí ilesa após aquele pouso de emergência.
Mesmo sã e salva; eu me via obrigada a pegar aquele voo comercial que ( segundo as aeromoças simpáticas), ainda faria outra escala no Oregon, mas já que estava ali, e pelo menos a caminho de casa, decidi assistir a um filme que tinha disponível na televisão: Homem-Aranha: Cinquenta Tons de Teia.
Intrigada com o nome, eu assisti esperando ver mais um filme de super-herói, mas...

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