O Perigo Fascina 2

Capítulo 1

Meses antes.

A vida nunca havia ficado tão doce desde que mudei de endereço e identidade. Agora como Lívia, uma jovem de cabelos loiros e herdeira de uma fortuna bilionária, pude aproveitar momentos os quais antes não poderia pelos compromissos com a máfia. Não há nada de mal em querer se divertir, mas eu tinha feito aquilo em excesso nos últimos dias. E mesmo assim ninguém que não estivesse dentro daquela merda poderia me julgar já que não tem ideia do sacrifício que fazemos de nossos próprios interesses pela honra e fidelidade. Foram anos sofridos, anos que tive várias vezes vontade chutar o traseiro de cada um daqueles homens que me julgavam só pelo sexo e jogá-los em sepulturas cavadas por mim.

Levantei do sofá de couro preto onde estava deitada refletindo meus últimos dias quando me sentei sobre ele apanhando o celular sobre mesa de centro. Verifiquei as últimas notícias e chamei Ana, a mulher que me ajudou quando mais precisei naquele cativeiro, para me servir um vinho disposto na adega. No intervalo que ela o buscava tive tempo para procurar nas fotos da galeria a foto dele e posteriormente daquela família a qual tinha tanto afeto.

Eu não poderia negar que ele me fazia falta apesar de tudo. Seu cheiro, seus olhos verdes escuros e sua barba por fazer traziam uma dor de uma ausência que poderia ser eterna, não sabia como estava vivendo ou se estava sendo bem sucedido no meu cargo, mas de uma algo tinha certeza: o que fiz para ele foi imperdoável. Imperdoável porque sabia que ele me amava e que queria estar comigo apesar de seu jeito de agir, de se comportar. Ele me amava imensamente e por isso não me arrependo de como os fatos aconteceram já que nunca poderia amá-lo da mesma forma. Na outra foto, a família que tomei um carinho inexplicável, Yakov, Stefany e seus dois filhos, os quais me arrependo todos os dias de não ter tentado salvá-los de lá a tempo.

— Seu vinho, Atena. — Ana estendeu a bandeja com a taça de vinho para mim dando uma rápida espiada na tela do telefone.

— Obrigada querida. — Agradeci bebendo todo o líquido de uma vez sem ao menos saborear o sabor como fazia todas ás vezes.

Ana com os cabelos mais curtos tomou a liberdade de se sentar no sofá ao meu lado, colocar as mãos sobre as coxas e suspirar fundo para começar a falar.

— Se sente a falta deles, não seria melhor procurá-los? — Perguntou com cuidado evitando contato visual.

— Não, é a pior coisa que poderia fazer. — Respondi em tom rígido bloqueando a tela do celular depois de passar por uma foto onde estávamos todos juntos. — O que eu fiz não tem perdão. Para eles, estou realmente morta.

— Não acho que pensam assim.. — Disse melancólica desviando seu olhar para o chão de madeira escura.

— De qualquer maneira, é algo para se esquecer.

Ana permaneceu calada e pensativa enquanto eu levantava do assento e pousava a taça de vinho sobre a mesa de vidro. Subi as escadas em silêncio com o alvo de me preparar para mais uma noite de diversão.

Diferente de todos os dias, não me arrumei para mais uma boate, mas sim para desfrutar de uma boa refeição em um dos restaurantes mais caros de Las Vegas. Sentei-me a mesa que tinha sido guiada pelo funcionário e apanhei o cardápio sofisticado para analisar com finalidade de escolher o que fosse comer. Trajava um vestido preto de seda até os joelhos com as alças caídas nos ombros e um salto scarpin da mesma cor. Um garçom logo se aproximou para anotar o pedido e dar as recomendações do chefe, fiz o mesmo pedido que das outras vezes, um belo vinho branco e peixe, e aguardei que fosse servida.

Observei todo o local e pousei os olhos em um casal aparentemente apaixonado comemorando o que deveria ser anos de casamento. Peguei-me sorrindo e imaginando como seria se eu não tivesse me vingado e continuado com ele tentando fazer dar certo nossa convivência tão conturbada.