i'm still into you

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O caminho dos dois do banheiro até o quarto foi rápida e um tanto quanto desastrosa, com direito a pancadas em móveis e coisas caindo pelo chão devido à pressa e por ambos não estarem de fato vendo muita coisa. Apesar disso, continuavam a se beijar fervorosamente, enquanto o moreno tentava, simultaneamente, arrancar o cinto e abaixar as calças do parceiro enquanto andavam.

O clima esquentava e era inevitável o que viria a acontecer depois. A respiração de ambos permanecia entrecortada, mas não ligavam. As mãos de Prior percorriam todo o torso e abdome de Daniel, que respondia involuntariamente com sua língua, que explorava cada centímetro da boca do moreno sem nenhum pudor.

Então um de seus pensamentos que por horas estivera calado decidiu tomar forma, através de um sussurro de bafo quente e ofegante, que arrepiou por completo o pescoço do arquiteto.

- Se eu soubesse antes que você tava afim de me pegar, eu não tinha feito tanto doce.

Felipe não pode deixar de sorrir de canto, malicioso. E tampouco iria deixar aquela isca sem anzol, então devolveu o sussurro.

- Eu tava dando a maior bandeira, mesmo sem ter consciência disso, e você nunca se ligou. Lerdo do caralho.

Logo em seguida, antes mesmo que pudesse voltar a raciocinar, o loiro sentiu subitamente sua cueca ser abaixada pelo outro rapaz sem a menor cerimônia. Ao olhar para baixo, ignorou o próprio membro ereto para visualizar o moreno, que traçava cada detalhe de seu corpo com o olhar, tal qual como uma criança curiosa. Ao observar o brilho das pupilas dilatadas do rapaz, não conseguiu conter o sorriso e o rubor das bochechas.

- Tá olhando o que aí? Achou bonito? - perguntou ele com um ar inocente.

Prior sentiu o ar lhe faltar ao ser pego no flagra. Tudo aquilo era tão novo para ele, que apesar de saber que o corpo masculino não era lá um mistério - principalmente por ter um - algo lhe trazia um misto de pudor e descoberta. 

Por um milésimo de segundo, um pensamento que lhe arrebatara de supetão o fez querer soltar um riso, mas decidiu contê-lo. Estava impressionado do quanto a vida podia ser uma caixinha de surpresas, afinal sequer havia imaginado sentir atração por pessoas do mesmo sexo até sentir coisas ao flertar de brincadeira com Daniel ainda no Big Brother. Aquele loiro despertava coisas nele que mal conseguia imaginar respostas plausíveis.

Ao perceber que o parceiro permanecia pensativo e imóvel, o gaúcho também se abaixou para fitá-lo frente a frente. O movimento despertou a atenção de Felipe, que movera seu olhar para ele.

Aquele bendito contato visual que faziam com que os dois perdessem o controle em segundos. Uma coisa só deles e amavam isso.

Mas dessa vez foi um pouquinho diferente.

Daniel não permitiu que o momento durasse muito. Com delicadeza e um misto de timidez que vinha sendo trazido à tona aos poucos, respirou fundo e segurou com uma das mãos o rosto de Prior, que sorriu levemente sem mostrar os dentes. As pupilas de ambos voltaram a dilatar e as poucas frestas do luar vindas da janela semiaberta com cortina tornaram a desaparecer quando o pequeno espaço entre eles já não existia.

O desejo e o desespero davam, sutilmente, lugar a sensações um tanto mágicas. Cada toque, passada de mão no cabelo, enlace ou gesto trazia um ar de cumplicidade entre os dois que jamais existira até então, como se a intimidade entre eles já fosse algo rotineiro. Enquanto Daniel segurava com as duas mãos o rosto do paulistano enquanto se beijavam, Felipe enlaçava sua cintura à do parceiro a fim de permanecer o mais próximo possível dele. 

Então, ao ofegarem, encostaram novamente suas testas e, ao trocarem olhares novamente, Felipe soltou suas mãos, deixando o gaúcho um pouco perdido, mas ainda calado. Porém logo tudo foi esclarecido quando este estendeu suas mãos entre eles. Como resposta, Daniel também colocou suas mãos sobre as dele e as enlaçou. Lentamente, os dois se levantaram juntos e voltaram a se encostar, porém, não houve beijo. 

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