O único amigo no momento para Hoseok era o copo de Vodca em sua mão e o garçom que ouvia seu conto de vida sem reclamar, mas, o que o servente realmente queria, era poder fechar o bar, e, mesmo que ele tivesse dito repetidas vezes para Hoseok que deveria ir embora e que já era tarde, o moreno não chegou a mover um músculo para fora do local, sempre com a desculpa que a próxima rodada de álcool seria a última, porém, “a próxima rodada" acabava demorando demasiado para chegar, e o garçom temia que ela não chegasse nunca.
— Mas espera só até você ouvir isso! — Era a oitava vez que Hoseok contava a história da sua primeira rejeição amorosa para o homem do outro lado do balcão.
Para si não tinha sido nada fácil ser rejeitado por alguém como Park Jimin, mas, o pior veio a acontecer depois. Além de Jimin, todos da escola lhe rejeitaram, inclusive os professores que deveriam estar lá para o ajudar.
Ser chamado de "bichinha", "viado" e sinônimos não chegava a chateá-lo; ficar sozinho no refeitório e em intervalos não era exatamente o fim do mundo; nem os pedaços de lixo que vez ou outra chegavam até a classe de Hoseok o ofendiam; mas, saber que os professores acharam o comportamento de Hoseok "estranho" apenas por ter atração por outros homens, isso lhe o tirava do sério.
Sua professora chamara seus pais para um diálogo, com total incentivo dos outros professores e da diretoria, como se Hoseok tivesse pichado uma parede pertencente à escola, ou, como se tivesse dado um murro – bem merecido – em algum dos alunos que o atormentavam.
Entretanto, por mais que Hoseok quisesse retrucar a todos que o acusavam de ser "anormal", sabia que não chegaria a lugar algum com isso; afinal, se incomodar com algo do tipo apenas atiçaria para que descontassem ainda mais raiva desnecessária nele, por isso mantinha-se quieto, sem contestar a solidão ou o castigo que seus pais o deram por meses.
— Depois da minha declaração super corajosa pro Jimin, sabe o que ele fez? — Indagou retoricamente.
— Ele amassou sua carta e a jogou em você, alegando que agora estava no lugar certo. — O garçom respondeu secando um copo e o guardando abaixo do balcão.
— Isso mesmo! — Exclamou, bebendo o último gole da bebida transparente que tinha em seu copo. — Dá pra acreditar nisso? — Hoseok havia voltado para o estado de indignação. — E, ainda por cima, ele contou para todo mundo, mesmo depois de eu ter pedido para que guardasse segredo. Chegou a inventar que eu até tentei beijar ele! — Acenou negativamente. — Sabe o que Jimin é?
— Um salafrário? — Não era um "chute".
— Sim! Um salafrário sem vergonha!
Hoseok não fazia ideia de quantas palavras já havia usado para ofender Jimin; só sabia que queria o ofender mais, e com todas as palavras que tinha conhecimento, até estava disposto a adquirir novas ao seu vocabulário; apenas tinha que ser pelas costas, afinal, tinha certeza que se os “amiguinhos bombadinhos e altinhos" do Park o ouvissem, demoraria para ver a luz do sol novamente.
Hoseok não fazia o tipo que apanhava, não porque se defendia, mas sim porque sabia a arte de "dar no pé" enquanto a tempo, não esperava nem até o "peguem ele" para saber que estava encrencado e que deveria correr pela sua vida.
Quando estava fora da escola tinha a manha de correr e esconder-se no atalho que havia na mata ao lado da praça, conhecia o local pois costumava o usar para chegar à escola de bicicleta de forma mais rápida.
Como morava em uma cidade pequena, no interior da Coreia, não era tão difícil conhecer toda a cidade e todos os seus pontos turísticos, e, além disso, saber que a maioria dos habitantes nunca saíram do município ajudava Hoseok a entender o porquê da mente tão fechada dos que o cercavam.
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Nove Caudas Para Nove Mentiras
FanficApós encontrar uma raposa de nove caudas visitando a mata Hoseok fica instigado e vai atrás de mais informações. E, ao mesmo tempo, o aluno misterioso do terceiro ano, acaba por parecer ter alguma conexão com o animal. Todos os direitos reservados©2...