Conte meus Contos

Winter Bear

  O sol se punha preguiçoso no horizonte. Ele não esquentava no inverno, apenas trazia luz para o dia. O vento gelado me faz cobrir a boca com o cachecol.
  Luzes amareladas dos postes dava um ar mórbido à estrada vazia. Nada tiraria de mim aquele momento, sozinho e no frio.
  O celular vibra no bolso, uma mensagem faz um sorriso brotar em meu rosto, "dorme como um urso no inverno".
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  Julho de 2019

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  Finalmente desembarcamos em terras parisiense, nada como o ar de Paris. Me disperso de todos com o compromisso marcado para mais tarde naquele dia. Aproveitei as poucas horas que tinha para turistar a cidade.
  Realmente não sei como minha câmera aguentou tantas fotos, lugares maravilhosos merecem ser guardados e protegidos em fotografias espontâneas.
  Tudo estava em tons de cinza, câmera lenta e música de fundo, como em um filme. Os pássaros voavam livres no céu, as pessoas passavam apressadas, os cachorros latiam, como sentia falta disso, do normal.
  Meu celular vibra e noto o nome "My Baby Bear" na tela, sinto meu rosto queimar e um sorriso nasce. Era um encontro, finalmente poderíamos nos ver pessoalmente, depois de anos apenas nos vendo por um celular. Já não via a hora de tê-la em meus braços.

  Se existisse algo mais belo que aquela mulher, ainda não era conhecido por ser humano algum. O vermelho de seus lábios, o preto de seus cabelos e o verde dos olhos eram a combinação perfeita. Como em meus sonhos, me envolvo em seu corpo com um abraço apertado, cheio de carinho e saudade. Nossos lábios se encontram dando um fim na angústia de viver separados. Minha alma gêmea, vivendo a quilômetros de distância.
  O quarto estava quente, aconchegante. Não sinto o frio cortante ao tirar a roupa, sua pele estava levemente arrepiada. Com o tempo, o quarto passou de um quente aconchegante para um quente caloroso cheio de paixão.

  - Não quero que volte, fuja e fique comigo! - ela disse aos sussurros com a voz ofegante. Não pude responder, como deixaria tudo pra trás? Todos meus sonhos e conquistas?
  - Eu te amo. - ela diz com a voz firme, determinada.
  - Eu te amo. - respondo com um tom de tristeza, ela sabia o que aquilo queria dizer. Nos amávamos mas não ficaríamos juntos, não nesse plano. Não nos separamos pelas próximas horas até meu compromisso. Decidimos ali mesmo nos distanciar, nada que eu faça nos unirá oficialmente, a deixo apenas com uma carta em cima do travesseiro:

" Ela parece um papagaio azul
Você viria voar pra mim?
Quero ter um bom dia
Parece um urso no inverno
Você dorme tão feliz
Te desejo uma boa noite.
Imagino seu rosto
Você me diz olá
E então todos os dias ruins
Não significam nada pra mim
Com você.
Urso no inverno
Dorme como um urso no inverno. "

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  Todos os dias após aquele encontro memorável se tornaram dias fatídicos. Nada traria aquele momento de volta, nada a traria pra mim.
  Na volta pra casa, naquele mesmo dia, tornei a olhar as fotos, Paris tinha um novo significado desde então.
  Com uma data importante chegando, juntei as palavras da carta e criei uma música, melódica e romântica. As imagens de nós dois foram excluídas do resultado final, só restou a mim, no fim das contas.
  A música saiu no dia perfeito, o 1000. Tudo estava maravilhoso até que uma mensagem me deixou desestruturado.
Naquele fim de tarde de inverno, em uma estrada vazia, meus olhos se enchem de lágrimas.
  "Foi a declaração mais perfeita que alguém pode fazer, você é tudo pra mim. Estarei te esperando em todas as vidas que tiver, dorme como um urso no inverno. "