Conte meus Contos

Déjá vu

  Dezembro de 2019

Um senhor de 84 anos se via preso em amargura. Seus tempos de pureza haviam passado, agora só restava uma carcaça velha.
  Se olhando no espelho, ele começa a chorar se lembrando da família na qual um dia já fora sua jóia mais rara.
  Sua esposa, seus filhos, seus pais e irmãos... Todos se foram. Os mais velhos Deus os teve no céu, os mais novos se afastaram; sua arrogância os afastou. 
  Toda noite ele chorava, implorando para Deus lhe trazer de volta o prazer da vida. Queria voltar no tempo, concertar seus erros e enfim morrer em paz. 
  Após tantos pedidos, promessas, orações e arrependimento, Deus finalmente ouviu suas preces. 

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   - Léo, irá se atrasar! - Uma voz feminina gritou ao fundo. Leonardo abre seus olhos desorientado. Não estava entendo o que estava acontecendo.
  - Léo, o café vai esfriar! - Gritou novamente. Se lembrou da voz de sua mãe mas não era possível, ela havia morrido a muito tempo.
  Se levantou ainda tonto com o que estava acontecendo, nada daquilo fazia sentido. Seu quarto estava claro e limpo. Uma cama pequena estava bagunçada e encostada na parede, pequenas roupas se via pelo guarda roupas. Léo se olha no espelho e não acredita no que vê!
  - Esse sou eu? Mas como? - Perguntou-se olhando sua feição jovem no espelho. Ele havia voltado, como pedira por décadas.
  - Deu certo! Obrigado! - agradeceu em meio às lágrimas. Leonardo se lembrara de tudo, todas as decepções que causara a seus familiares e decidiu, ali mesmo, que faria tudo diferente.
  Desceu as escadas saltitante, mal acreditando que era jovem novamente. Ver sua mãe foi excepcional, nada no mundo tiraria aquela sensação de alívio. 
  - Senti tanto a sua falta! - disse com a voz abafada por conta do abraço apertado. A mãe, sem entender nada, apenas retribuiu o amor do filho. Lhe deu tapinhas na bunda, o fazendo se sentar para comer.
 
  Leonardo estava realizado. Começara cedo as mudanças. Se livrou de parentes e amigos tóxicos, conheceu pessoas novas, se apaixonou e casou -se, dando netos maravilhosos a sua mãe. Sempre muito grato e otimista com tudo.
  O fim de sua história não era mais triste e vazio, se fora antes da esposa mas não antes de ver seus filhos se formarem e tornarem-se adultos responsáveis. Tudo o que sempre desejou, finalmente se realizara, estava em paz.
  Seus amigos lhe deram o apelido de Dejá vu, não havia uma pessoa que não se sentisse familiarizado com Leo, mesmo que nunca o tivesse visto. A sensação era como se já havia passado por aquele momento, o que de algum modo, não estava errado.
  Suas ações e planos mudaram mas afetaram não apenas a si próprio, como o mundo todo. Ele voltara no tempo mas não foi só, todos voltaram. Apenas Léo sabia sobre, então apenas ele mudou suas ações.
  A vida que outros os já haviam vivido, ficaram flashes em seus subconsciente, fazendo assim o chamado Dejá vu. 

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(Final Alternativo) 

Os anos foram passando e Leo se via ainda mais esquecido sobre seu passado. Fizera escolhas não tão agradáveis e lições valiosas deixaram de existir. Não via mais sentido em seu pedido, voltara anos para sofrer como havia sofrido antes. 

  Se casara com quem amava mas não conseguiu ter filhos, era infértil. Sua mulher, muito magoada o deixou para realizar o sonho de ser mãe, Leo se via sozinho novamente. Morrera cerca de 3 anos depois da deixa da mulher. Arrependido pela volta ao tempo de infância e pela falta dos conhecimentos que tinha, tirou a própria vida. 

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Março de 2378

- Essa foi a história real de Leonardo Golveia, voltara no tempo a partir de tecnologias arriscadas, colocando sua mente e futuro à prova. - diz a voz robótica em seu fone de ouvido.

  Henrique estava abismado, simulações de vidas passadas era comum em seu colégio de tecnologia mas nunca imaginara que conseguiria voltar no tempo apenas em uma simulação. Nunca se esqueçerá de Leo, o famoso Dejá vu de 2019.