QUARANTINE • ziam [✓]

One Chapter ‧ Quarantine

— Sim, mãe, eu estou me alimentando bem. — Zayn suspirou, afirmando pela milonésima vez a informação para Trisha. A mãe era extremamente preocupada com os filhos, principalmente com ele, agora que Zayn estava morando sozinho, em outra cidade.

— Você precisa se cuidar, meu filho. Esse vírus está louco e perigosíssimo. Mais de 100 pessoas já morreram aqui em Bradford... — Trisha continuou do outro lado da linha e apesar do cansaço, a preocupação bateu em Zayn novamente. Que a irmã, a avó e a família ficassem bem, pediu em orações novamente.

— Estou, mãe, prometo — Zayn a interrompeu. — Mas agora preciso ir, de verdade. Tenho trabalhos para entregar. Depois ligo para a senhora. — Zayn despediu-se e finalizou a chamada.

De fato, ele tinha trabalhos para fazer. Era designer gráfico e mesmo com a quarentena que o mundo precisara entrar por conta do vírus COVID-19, altamente perigoso e contagioso, ele ainda podia entregar as encomendas virtualmente, como sempre fazia. O problema era que com toda a pressão e ansiedade, Zayn não conseguia concentrar-se e terminá-los.

Ele encaminhou-se até o sofá, mudando os canais de TV mas todos estavam focados em transmitir atualizações da pandemia.

— Fuck! — Zayn xingou, desligando o aparelho e indo até a cozinha fazer um pouco de café para tentar retornar ao trabalho. Mas constatou que o pó havia acabado. — Era só o que faltava. — respirou fundo e aproveitou para ver o que mais faltava em casa, para fazer apenas uma viagem ao mercado mais próximo.

Após anotar tudo, Zayn pôs a máscara de proteção no rosto e saiu do apartamento, após verificar que era uma da tarde.

✣

— A senhora vai ficar bem, vó? — Liam tornou a perguntar, encarando a idosa, que revirou os olhos.

— Se perguntar isso mais uma vez, quem não vai ficar é você, quando eu enfiar minha sandália no seu...

— Vó! — Liam a interrompeu, rindo, e a idosa o seguiu. Apesar de ser ranzinza e "boca suja", como Liam sempre a provocava, Lydia era uma senhora amável e sempre cuidou do neto com todo empenho, já que os pais de Liam haviam falecido anos atrás em um acidente automobilístico.

— Okay, volto logo — Liam despediu-se da avó, pegando o celular com a lista de compras e a máscara de proteção.

Ele dirigiu-se ao elevador após sair do apartamento e apertou o botão do mesmo, vendo que ele vinha do 18º andar, um acima do seu. Quando as portas abriram, um rapaz estava dentro e Liam demorou alguns segundos para entrar, surpreso.

Ele conhecia aquele garoto. Bem, não conhecia. Liam não sabia seu nome, mas os dois já dividiram elevadores várias vezes e ele era muito bonito, com seu topete negro, pele bronzeada, barba por fazer e tatuagens pelos braços, assim como Liam.

Liam saiu de seu transe e deu um sorriso fraco para o garoto, entrando no elevador e percebendo-o afastar-se devagar e passar um pouco de álcool em gel nas mãos, mesmo que tenha retribuído o sorriso. Todo mundo está paranoico e fodido mentalmente, Liam constatou mentalmente e apertou o botão para o elevador voltar a descer.