Capítulo 3.

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Tão quieta- a cidade estava tão quieta, comparada ao caos que se estendia no horário comercial. A neblina me impossibilitava de ver qualquer coisas a pouco mais de dois metros à frente. E o tempo nublado, não indicava que seria um dia agradável.

Havia passado as últimas horas procurando informações sobre Egon. E não encontrei absolutamente nada, exceto por um nome. Andrew Haftin. Teria que servir por enquanto.

Começo e andar em direção ao local combinado com Magnus. No dia anterior o príncipe insistira em vir até a parte sórdida da capital novamente, mas recusei. Ele havia tido sorte na noite passada, ao vir desacompanhado. Mas um raio não cai duas vezes no mesmo lugar. E eu não iria ser responsável pela morte do futuro rei, já tinha problemas demais com os quais lidar.

O vento uivante se transformou em um suspiro baixo, enquanto seguia meu caminho. A neve passou a cair preguiçosamente, em punhados grandes e fofos. Era hipnotizante a beleza letal e suave do gelo.

Eu estava congelando. A fina camisa e o casaco de malha que vestia, mal me esquentavam. Um casaco de pele pensei, será a primeira coisa que comprarei quando finalizar minha missão.

Caminho por mais um tempo até o cenário começar a mudar. As construções antigas e mal cuidadas deram espaço a prédios elegantes e bem arrojados, jardins bem cuidados, e fontes cristalinas.

Alguns comerciantes já começaram a abrir suas lojas, apesar de ainda ser muito cedo.

Paro em uma esquina, e pouco mais de dois metros a frente avisto Magnus na entrada de uma rua sem saída. Dois cavalos negros estão ao seu encalce, um para ele e um para mim, suponho. Como o combinado. O príncipe trajava uma túnica preta com detalhes em verde, coberto por uma espessa capa forrada com pelos. O cabelo negro meticulosamente arrumado estava salpicado com flocos de neve. Parecia absorto de seus pensamentos, distraído e casual. Parecia até mesmo..... alguém normal?

Atravesso a rua a passadas largas e me aproximo.

—Está atrasada—Diz Magnus como forma de cumprimento.

—Bom, ao contrário de vossa majestade eu não possuo uma cavalaria a mercê para usar quando bem entendo.- digo irritada.

—Se bem me lembro, ontem eu me ofereci para ir buscá-la.

Ignoro seu comentário, sem a mínima vontade de explicar a minha recusa.

—Vejo que se arrependeu, afinal.

—Vá para o inferno.- murmuro.

—E deixá-la aqui sozinha?- cantarolou Magnus.

—Você é sempre assim petulante?- Digo enquanto subo em minha égua.

—É um dos pré requisitos para ser um príncipe, Srta. Morwen- um sorriso brincalhão dançava em seus olhos.

E por algum motivo, também sorrio.

Acho que sentia falta de desse tipo de coisa. Interação humana.

—Você é impossível.

Espero Magnus subir em seu cavalo. Mas em vez disso ele vai até uma bolsa de couro anexada ao animal e retira uma capa semelhante a dele.

Franzo o cenho.

—O que é isso?- pergunto confusa.

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