Capítulo 8 - Curiosidade

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—olá.

Ah, lá vem você de novo, o que será que você sabe que eu não sei dessa vez?

—oi.

Acho o pai do Rex muito bisbilhoteiro, apesar de que ontem eu não quis ter a incrível oportunidade de ter que lidar com ele, não estava afim de conversar nem mesmo com a Luana, muito chateada com todas as coisas que soube, ela me conhece tanto que nem insistiu para que eu saísse do quarto, hoje cedo desci e decidi fazer uma caminhada, acabo de chegar, sai pra sair para pensar contudo ainda minha mente fervilha.

Ontem a noite ela chegou do jantar, se deitou na cama e dormiu, sabia que não queria mais falar no exato momento em que saiu do quarto após nossa curta conversa sobre a gravidez, não queria sentir como se lotasse a vida dela de expectativa, mas lá no fundo depois de tanto esforço para que a vida dela seja diferente da minha cheguei a conclusão que isso não depende só de mim, ainda que tenha sim desejado que ela tivesse tudo o que eu não tinha com a idade dela.

—você se exercita com frequência?

—as vezes.

Tenho sorte de ter um bom metabolismo, mas três vezes na semana eu tento me exercitar, eu trabalho com o corpo e sei que tenho que me manter bem fisicamente para que seja desejável para a maioria dos meus clientes, afinal de contas esse é o fator principal do negócio.

—eu já fiz o café, todos ainda estão dormindo, gostaria de um café?

—não obrigada, eu preciso de um banho.

Me aproximo da porta de entrada, acho que para mim já deu esse assunto, estou decepcionada, mas a Luana tem 20 anos ela sabe de tudo porque eu sempre ensinei pra ela todos os cuidados que deveria tomar, o corpo é dela então ela quem tem que tomar as decisões que julga melhor pra si mesma.

—você conversou com ela?—indaga Valentin.

—conversei, fique tranquilo—respondo.

—bem, é que o Rex estava meio calado ontem a noite, achei que você iria permitir que eles dormissem no seu quarto.

—eu não me opus, ele não foi porque não quis.

É engraçado encontrar no tom de voz do pai do Rex muita tranquilidade e educação, acho que me acostumei com a quantidade enorme de homens em sua maioria mal educados e grossos, o pai ele fala baixo, o sotaque forte entretanto ele parece ser muito paciente e gentil, diria até dócil.

—acho que ele ficou com vergonha—ele comenta pensativo.

—não precisa disso—explico—eu não me importo com o que houve é a vida da Luana e ela toma as decisões que julgar certas.

—mas não aprova.

Minha testa se enruga toda, fico olhando para o pai do Rex assim surpresa.

—não tem como eu aprovar algo que não tem a ver comigo senhor Muller, é a vida dela e ela quem tem que saber o que é melhor para ela, não eu.

—talvez ela precisa de mais que indiferença no momento, conversei com eles ontem...

—eu não estou sendo indiferente, me importo muito com a minha filha, só não acho que eu tenha que ficar me metendo nas decisões dela.

—já te disseram que é pouco educado interromper alguém enquanto falar?

—só se for onde o senhor mora.

Valentin me lança um olhar zombeteiro.

—acredito que você esteja bem equivocada em relação a isso, na minha religião os pais participam ativamente da vida dos filhos.

—entendi, o senhor é o que? Universal?

—eu sou mórmon.

—ok.

Confesso que não conheço tanto quanto queria da religião, na verdade não sei nada sobre essa religião em específico, mas decido não continuar com a conversa, entro dentro da casa e subo para o meu quarto sem olhar para trás, preciso de um banho, mais tarde tomo um café, agora não, ao menos não enquanto o pai do Rex estiver na cozinha bisbilhotando.

Garota de LuxoOnde histórias criam vida. Descubra agora