as últimas harpias

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-está bem. Podemos voar juntos. Mas se tentar algo, eu o mato. Disse a ele que me olhou com cara de medo.

- ta......Então. sou o ívan. Como se chama?

- ivan?

- não. Não. É ívan. ívan. Mas como se chama?

Eu fiquei pensativa com aquela pergunta.
Eu não lembro do meu nome...três séculos e eu nunca havia parado para pensar em um nome.

-eu...eu não sei, eu...eu nunca tive um nome...

- sério? Tudo bem,não tem problema, escolhemos um nome para você...

Eu ainda estava pensativa sobre isso.
Ele andava em circulos, provavelmente ele estava escolhendo meu nome.
-gosta de clem? Perguntou ele.

- clem? Oque significa?

- era o nome da minha irmã.

- e onde ela esta?

- eu não sei, eu era criança quando me capturaram, mas isso é uma longa história.

Eu poderia dizer que tenho tempo, mas ele não parecia querer contar sobre isso, provavelmente os humanos caçaram toda família dele.
Pobrezinho dele,mas porque será que ele quis dar a mim um nome tão especial? sera que me pareço com a irmã dele? Isso não é nada reconfortante, uma vez que acho seus olhos e sua boca atraentes. Mas provavelmente ele não me vê da mesma forma.

-e então? gosta de clem menina?

- sim, mas não sou uma menina, sou uma mulher, tenho 337 anos.

- e eu tenho 568, eu vivia com outras harpias, e pra mim você ainda é uma garota.

- okay senhor adulto, perdoe-me pela petulância. brinquei fazendo uma referência, nós dois rimos.

- bom, clem...pra viajarmos seria mais adequado que vestisse isso...disse ele me estendendo o vestido.

- não.

- ora porque?

- esse vestido foi o causador da minha ruína.

-então me conte...

expirei...e contei oque acontecera comigo.

-eu não sei o porque, talvez minhas garras tenham a assustado, mas...eu não entendi o porque...tentei explicar a eles mas,não me deram ouvidos.

Ele me olhava com uma expressão triste, então ele respirou fundo.

- olha, clem...os humanos, bom...eles não entendem a nossa língua...

- oque?

- para eles, o som de nossas palavras são...estranhas...

- estranhas como?

- bom...uma mistura de som de pássaros com arranhões talvez...foi por isso que a criança e os camponeses não a entenderam e gritaram quando a ouviram falar.

- eu...Não sabia. mas mesmo assim continuam sendo uns monstros. Como sabe disso?

- há alguns anos...uma família de camponeses cuidaram de mim, eu os ajudava no campo pois por eu poder voar, adiantava muita coisa. Eles me diziam isso, que não ouviam palavras mas, esses sons, então a maior parte do tempo eu ficava calado, me comunicando por gestos. Estive com eles por uns dez anos...

 Estive com eles por uns dez anos

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-eles estão mortos?

- não sei, tive que fugir pois os moradores locais tinham medo de mim. Então fui embora pra mante-los a salvo, e não tive notícias.

- eu sinto muito.

- tudo bem...bom...Então, sugiro que você vista isso.

-mas porque? acabei de te contar o motivo de ter jogado fora.

-ouça, passaremos por aldeias, é mais adequada que esteja vestida...

- porque? por acaso tem maldade?

- não. mas digamos que eu conheça a maldade deles. Ora vamos não seja teimosa.

- está bem!

Assim o fiz, nus preparamos para pegar voo.
Seguimos céu a fora, apesar de ter perdido meu lar, pela primeira vez senti uma felicidade diferente.
Me sentia bem em ter alguem pra conversar, e que esse alguém fosse uma harpia também. Durante o voo conversavamos bastante, o sol ia e voltava pelas nuvens. deixando tudo bem cansativo.
Ele me contara que nasceu em uma tribo de harpias da neve bem longe dali, por isso tão pálido e de asas brancas.
Sempre foi diferente das outras harpias,mais dócil se por assim dizer, elas que ele designava ferozes, selvagens, e muito instintivas...
Ainda filhote, caçava com eles quando um grupo de caçadores o capturaram e o venderam.
Depois disso ele teve que fugir de vários lugares e de várias situações difíceis.
Pelas coisas que ele me dizia que os humanos faziam com as harpias me levou a dedução de que provavelmente éramos os dois últimos, as últimas harpias.

O toque dos ventos (Concluído)Onde histórias criam vida. Descubra agora