os vandoth

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Depois do banho começou a chover, nus vestimos e sugeri que voassemos para achar abrigo, mas ele não voa molhado, pelas poucas penas que tem não é suficiente para voar na chuva, o peso seria imenso. Caminhamos um tempo, ele dissera que estávamos perto da cabana dos vandoth, a família que o adotara a dez anos.
Chegamos a um espaço aberto e lá ao longe se via a grande cabana, o local cercado por raminhos e um pequeno portao de madeira no centro. Ele abriu o portão e caminhamos devagar até a cabana, na porta ao longe via uma camponesa que observava até perceber de quem se tratava.

- ívan! família! família! o ívan está de volta! ele voltou! Gritou para os demais e correndo em nossa direção enquanto levantava seu vestido para que não tropessasse. Em meio a chuva ela o abraçou forte, em seguida sairam um senhor e uma senhora e um rapaz da idade da camponesa. se abraçaram na chuva. Nunca vi tal demonstração de carinho vinda de humanos. em seguida me olharam surpresos. Ívan fez uns gestos com as mãos, como se estivesse se comunicando por um tipo de linguagem de sinais. eles pareciam entender, respondiam normalmente.
Então a camponesa pegou em meus ombros e fomos todos para dentro.

Já sequinhos e alimentados em volta da lareira, eu os observava. Eu estava coberta com um lençol sentada de frente a lareira. Apesar dele não abrir a boca para falar nada, ele se comunicava com eles de uma forma tão clara, pareciam muito alegres. E então por sua linguagem de sinais ele nus apresentou.

- muito prazer minha querida.me chamo ilinor. Disse a camponesa
estendendo a mão.

- estenda sua mão também. É um comprimento. disse ívan à mim sorrindo. Assim o fiz.

- estes são eget e sennia, eles são como meus pais. disse ívan apontando para o senhor e a senhora, depois apontou para ilinor e o rapaz que disse se chamar pietro, seus irmãos de criação. os cumprimentei.
Passamos horas conversando. eles falavam e perguntavam e ívan respondia e me traduzia por sinais.
Explicou que estavamos de passagem e que Iriamos em bora no dia seguinte. explicou a eles sobre a princesa, e que se casando com ela voltaria para os buscar. em seguida nus preparamos para dormir.
Não conseguia dormir simplesmente por estar em um lugar onde eu não estava acostumada, mas não podia nem me mover sem que derrubasse algo, entao resolvi passar a noite la fora.
Quando sai pela porta a noite estava silenciosa e estrelada, caminhei pelo quintal espaçoso de grama baixa.
Era muita informação para processar, num dia eu estava na minha torre, no outro em uma cabana humana dos pais adotivos de uma harpia das neves...
Então saiu da cabana pietro e veio até mim.
- não consegue dormir? Perguntou ele.
- não, é que não estou acostumada a dormir em casas humanas então....

respondi olhando pra ele, parei de falar quando percebi que ele me olhava com uma expressão que dizia:(queria falar a língua dela).

- tudo bem, foi petulância de minha parte perguntar uma vez que não entendemos vocês...perdão...disse ele.

- posso pelo menos fazer perguntas retóricas? é que seria muito incômodo ficar do seu lado sem falar nada...perguntou ele sorrindo. eu fiz um sim com a cabeça.

- deve ser muito legal poder voar...disse olhando para o céu e depois para mim. Eu mechia a cabeça de vez em quando para mostrar que eu o ouvia e entendia...

- ívan me contou como se conheceram, eu sinto muito. deve ser muito triste perder seu lar e ainda mais quando não se tem memórias de quem é.....
As penas nos seus braços são tão lindas,pedrez não é? ......
Você é tão diferente do meu irmão...tem mais cor, ele parece um fantasma...disse ele , rimos. Se ele soubesse mesmo como é um fantasma não iria comparar ívan com um...

- ilinor não concorda com oque ívan deseja....mas não se manda no coração não é mesmo?....Não acho que ela o ame de verdade....sabe, a princesa...falou, concordei com a cabeça.
- suas asas são bem maiores e mais cheias que as de ívan. eu acho bonito. São criaturas muito bonitas, achei que ele fosse o último. mas agora percebi que não. ele tem você agora, e você tem a ele...Não deveriam ficar distantes, se eu fosse o último humano e encontrasse por ai alguém como eu, faria de tudo para mante-lo por perto...mas claro que... enquanto ele falava pelos cotovelos me perdia em pensamentos...Até que ele tinha um pouco de razão, mas do que adiantaria tentar faze-lo vir comigo? Ele quer ser humano, nada do que dissesse o convenceria...a princesa pelo menos tem tesouros e luxos para o oferecer, e ele seria o rei...Já eu oque possuo para oferece-lo? Nada...nao aguentei mais ouvir pietro e vooei até uma árvore bem alta o deixando falando sozinho. ele pareceu magoado com minha atitude e voltou para a cabana. Em cima da árvore acabei pegando no sono sob a luz da lua...horas depois, quase de manhã, mas ainda um pouco escuro, acordei com um som de bater de asas e um vento forte. era ívan na árvore da frente, ele estava de pé em um grande galho me olhando.

- porque dormiu aqui fora? me perguntou.

- sabe que não me sinto confortável em casas humanas. respondi

- tentasse se esforçar um pouco. era só por hoje, eles só estavam tentando ser gentis. São minha família. Ficaram magoados, principalmente meu irmão. respondeu triste.

- não quis ser rude, nao reclame comigo.

- mas foi.

- perdoe-me, por não saber como se portar com humanos. por ser eu mesma. Respondi sendo irônica.
Ele fez uma expressão de raiva.

-oque você entende? Nunca teve uma família, sempre esteve sozinha e sempre vai estar. disse ele.

- prefiro estar sozinha sendo quem sou do que mudar pra me encaixar em um mundo no qual não me pertence! Respondi. a expressão dele caiu...me arrependi de ter o dito...

- faria isso e muito mais por amor. É jovem demais para entender. Você pode até estar disposta a morrer sozinha sendo quem é. mas não eu...respondeu ele pulando da árvore e voltando à cabana...bela maneira de acordar...

O toque dos ventos (Concluído)Onde histórias criam vida. Descubra agora