A Bruxaria pode ter várias definições de acordo com a época e referência em que se busca. Na idade média, a Igreja Católica definiu as Bruxas como pessoas perversas e diabólicas, o medo cristão moldou o significado da Bruxaria como práticas ilegais e abomináveis ao decorrer do tempo. Mas o que significava ser um bruxo naquela época? – As pessoas que morriam ou eram torturadas acusadas de bruxaria nem sempre se consideravam bruxas, ou praticavam algo semelhante ao que é entendido como bruxaria hoje. Curandeiros e benzedeiros, especialmente mulheres, foram mortas acusadas de bruxaria. Qualquer suspeita de heresia e qualquer voz contrária à igreja foi, do século XVII ao XVIII, reconhecido como bruxaria e essas também eram vítimas da Santa Inquisição. "Bruxaria" foi a palavra escolhida - não à toa, vez que seu significado se refere justamente ao herético - para representar todo o mal e tudo que era contrário à igreja, seus interesses e ao seu "Deus".
Criminosos e pecadores foram queimados, livros de iniciação e magia foram destruídos, assim como livros de estudos científicos considerados heréticos, e entre tudo isso, muitos inocentes também morreram somente para favorecer a Igreja, que crescia muito, e seu principal rival eram as crenças pagãs. No entanto, não é difícil notar que a Igreja Católica teve de crescer junto ao paganismo mesmo que o refutasse por todo o tempo: seus costumes, estátuas, santos e cultos foram profundamente influenciados pela cultura pagã. Tão influenciados que a certo ponto até caminhou ao henoteísmo (crença onde existem divindades diversas, mas que não se igualam ao conceito máximo de Deus). Isso tudo se deve porque o Cristianismo cresceu em um ambiente pagão e de pessoas essencialmente politeístas. Eles tiveram que articular e moldar aos poucos as crenças originais, associando cada divindade pagã as suas novas divindades cristãs, mesmo que a crença e adoração tivessem sempre que ser direcionada a somente um deus e "salvador".
O catolicismo, depois de mais adaptado e aceito no atual contexto, aos poucos foi se integrando, dominando e também introduzindo o pecado naqueles que ainda praticavam os costumes das religiões anciãs. Sem demora, ser um adorador de qualquer deus pagão seria então maligno e significava cultuar o próprio diabo, sendo esta outra imagem que também se construiu em total influência com os deuses antropozoomórficos do paganismo para que pudessem, sem dificuldades, associar todas suas características animais diretamente com o Mal. As datas famosas pagãs, relacionadas aos Sabbaths principalmente, também foram aos poucos sendo apagadas e substituídas pelo catolicismo por outras semelhantes em certos aspectos - como a páscoa e o natal - para suprir e combinar com os costumes pagãos, mas ao mesmo tempo refutá-los e esquecê-los. Esta é a história da Bruxaria Histórica.
O fato é que a Bruxaria que conhecemos hoje, a Bruxaria Moderna, é um conceito novo, mas que de certa forma sempre existiu e nunca foi má para ninguém e seus aspectos nunca foram diabólicos antes que o cristianismo medieval decretasse isso. As bruxas, na realidade, trazem à tona o que chamam de Mágika através de seus cultos, deuses, danças, cânticos e símbolos. A Magia reside também dentro nós, e quanto mais a ignoramos e refutamos menos ela consegue fluir como água através de nossos chakras e ao nosso favor.
A bruxaria tenta buscar essa energia mágica dentro de nós, trazendo para fora; do micro ao macro. Estudando-a com seriedade e usufruindo desse poder. Assim, a bruxaria hoje é a religião do autoconhecimento, autocontrole e é o próprio Poder. As bruxas são amantes da magia e do poder; Sua sensualidade e sensibilidade devem-se completamente a isso. Quando temos acesso à Magia e sabemos usá-la, aguçamos os nossos sentidos conscientes e despertamos outros mais profundamente psíquicos e espirituais, tomamos controle do nosso destino, pois aprendemos a moldar a realidade em nossa volta, através de feitiços, simpatias, clarividências, meditações, rituais e outras diversas artes místicas dentro do Ocultismo.
Os termos usados para esta definição talvez soem malignos aos que desconhecem suas origens, porque os costumes cristãos e a maneira cristã de pensar sobre eles afetam e influenciam diretamente nossa sociedade até hoje. No entanto não se trata de maldade, temos que destruir esses mitos sobre Bruxas verdes, feias e totalmente perversas. A verdade é que a bruxaria, apesar de reconhecer e usufruir tanto da Luz quanto das Trevas, como um sendo complemento do outro (dualismo), não trabalha com más intenções ou crueldade e nem cultua "divindades malignas" ou Demônios, seres que trariam o mal desnecessário para os homens. A bruxaria é uma religião de Amor, Magia e Liberdade, que celebra a Natureza e honra a todos os deuses.
"Não há crucifixos, invertidos, ou o que seja, não há sermões, zombaria e nenhuma absolvição ou hóstias [...] O incenso é usado, mas tem um propósito prático. Não há oração ou homenagem ao diabo, nem liturgia, ou mal, nem nada do tipo, nada é dito de trás para a frente e não há gestos com a mão esquerda; de fato, com a exceção de ser um serviço religioso e de todos os serviços religiosos serem semelhantes, os ritos não são de forma alguma imitação de nada que eu tenha visto [nas igrejas]. Não digo que nunca tenha havido demonistas. Apenas digo que, até onde conheço, as bruxas não fazem as coisas de que são acusadas e, conhecendo como conheço suas religiões e práticas, não penso que elas já as tenham feito. " - "A Bruxaria Hoje"- GARDNER, Gerald.
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Wicca: a Religião das Bruxas
SpiritualTendo como principais referências obras de Gerald Gardner, Gary Cantrell e o sumosacerdote da bruxaria no Brasil Claudiney Prieto, "Wicca: a Religião das Bruxas" traz uma sucinta história e significado para a bruxaria moderna, praticada por muitos d...