Capítulo 8

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Rafael

Escuto uma voz masculina alterada do lado de fora da minha sala e logo já temo por Bianca.
_ Como não tem? Você é burra? Eu preciso desse remédio sua vagabunda!_ Saio da minha sala já com os punhos cerrados, e era como se eu fosse explodir a qualquer momento, mas eu não podia, eu perderia no mínimo o meu emprego  por conta disso. Então tento sem muito sucesso ser o mais educado possível.
_ O que está acontecendo aqui?
_ Que bom que chegou, é o chefe né?_ O babaca diz em dois tons mais baixos do que falava com Bianca. Covarde, com mulher é fácil gritar né?!
_ Sim, sou eu! Posso saber porque estava agredindo verbalmente minha funcionária?
_ Sabe como são incompetentes esse jovens, eu preciso desse medicamento e ela disse não ter, ou será que não querem me dar?!_ Peguei a receita da sua mão, a olhei e não contive uma risada  sarcástica. É claro que Bianca não tinha errado, mesmo em pouco tempo eu pude perceber o quão inteligente e responsável ela é.
_ Não temos esse medicamento, e não tem porque escondermos ele do Sr. Agora que o Sr. Fique sabendo que o que aconteceu aqui foi desacato ao servidor público e ela poderá lhe processar!_ Eu disse seriamente para o babaca. O cara ficou completamente sem graça e tentou em vão se justificar e desculpar. No mesmo instante em que aquele ridículo sai da farmácia vou até Bianca que se encontra pálida e completamente em choque, naquele momento meu coração se apertou e tudo que eu queria era protege-la de tudo e de todos.
_ Bianca, fala comigo..._ Chamo pela terceira vez, então ela me olha e vejo que seu olhar se suaviza diante de mim. Lhe entrego um copo de água, e então quando ela conseguiu voltar do seu transe completamente envergonhada, eu senti que não era só o que havia acontecido, tinha algo a mais, eu não deveria agir como um coleguinha dela, mas algo completamente desconhecido dentro de mim falava mais alto.
_ Bianca, você está melhor?
_ Sim Rafael, me perdoe toda essa confusão_ Ela me olhou muito receosa e eu vi medo, será que está com medo de mim?
_ Calma Bianca, você não teve culpa de nada!_ Digo segurando sua mão, e uma corrente elétrica passa pelo meu corpo, com apenas um toque! Eu quero tanto proteger essa menina.
Nesse momento o Vitor chega do almoço e nos pega em um momento constrangedor. Me apreso em explicar o que havia acontecido e peço para que fique responsável pelo atendimento enquanto Bianca pudesse se acalmar em minha sala.
Já sentada em minha sala de forma tão indefesa, sinto que é hora de saber mais sobre o que estava acontecendo.
_ Bianca, sei que aquele cara foi muito agressivo com você, mas não só por isso que você ficou daquela forma. Aconteceu mais alguma coisa Bianca?
_ Me desculpa Rafael, eu não queria dar um show, me desculpa mesmo.
_ Bianca, para de se desculpar! Eu estou aqui não mais como chefe, como amigo, me conta o que houve. _ A vejo deixar os ombros cairem em sinal de que havia sido vencida, então seu olhar ficou distante como se revivesse algum momento, e então se tornou frio e triste.
_ Eu fiquei daquele jeito pelo o que ele me chamou, ele disse que eu era uma vagabunda. Ele não foi o primeiro que me disse isso e ao ouvir me lembrei de algo que vivi. _ Bianca brinca com os dedos da mão e vejo seus olhos lacrimejarem. Eu seria capaz de matar quem fez isso com ela.
_ Eu tinha um namorado e parece que a mãe dele não gostava muito de mim, eu não era adequada, na verdade eu e minha família não tínhamos dinheiro o suficiente para ser. Então depois de anos me engolindo ela chegou ao seu limite. Foi até minha casa buscar o filho em um domingo a tarde, e então começou a dizer várias coisas sobre mim, e cada palavra que ela disse ficou gravada de uma forma muito dolorosa. O pior de tudo foi ver minha família se envolver em tudo aquilo por minha culpa, e o cretino do meu ex não moveu um músculo para me defender. _ Imagino toda a cena e tenho vontade de socar alguma coisa, como fizeram isso com ela? É só uma menina... Já chorando ela completa e o que eu ouvi me fez querer matar esse cara.
_ Eu não sou Rafael, eu não sou uma vagabunda, ele sabia disso, ele sabia que tinha sido o único cara a me tocar._ Ela tinha sido somente daquele babaca, um moleque ridículo que não soube cuidar dela.
_ Bianca, não chora, eu sinto muito... _ Digo já a abraçando, não pude me conter. Aos poucos foi se acalmando e eu precisava saber de mais uma coisa.
_ Esse cara é o que você estava sábado?_ Ela me olha como se eu tivesse dito algo absurdo.
_ Não, o Renato é só um amigo._ Não deveria, mas aquilo me deixou completamente satisfeito.

P.S. Eu amo meu chefeOnde histórias criam vida. Descubra agora