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Depois de tomar café da manhã, voltei para meu quarto e sentei-me à escrivaninha para começar a redigir o discurso. Ou tentar. A verdade é que eu não fazia ideia de como começar algo assim, tudo que eu escrevia parecia horrível. Então lembrei de alguém que tinha o costume de se dirigir ao grande público – ainda que fosse online.

"Alya? Bom dia!", falei quando ela atendeu o celular.

"Bom dia, amiga!" ela exclamou em resposta, alongando o último "a".

"Oi! Então, erm... eu preciso de ajuda-"

"Para escrever o discurso?" ela concluiu por mim.

"Sim!"

"A caminho!" Ela desligou o telefone.

Dois ou três minutos depois, ouço batidinhas em minha porta e Alya surge através da abertura no chão, surpreendendo-me.

"Alya! Como você chegou aqui tão rápido?", indaguei enquanto a abraçava.

"Na verdade, eu já estava vindo. Minha tia encomendou um bolo para uma festinha que vai rolar na escola dela e veio buscar agora. Aproveitei e vim junto pra te dar uma força, já que hoje é o grande dia!"

Sorri para minha amiga, feliz por poder contar com ela.

Subitamente, um rugido assustador ressoou vindo pela janela e nós corremos para ver o que era. Havia um monstro de três ou quatro metros de altura caminhando pela rua: ele era verde e lembrava uma gosma gigante derretendo. A cada passo que ele dava, parecia ficar maior, e os gritos das pessoas, estranhamente, sumiam depois de cada rugido, deixando-as mudas.

"O que é aquilo?!", Alya sussurrou.

"Acho que alguém foi akumatizado", respondi.

Naquele momento, o monstro deu outro rugido e começou a cantarolar muito alto:

"Eu sou Monsieur La Peur

A mim você vai escutar

E quando eu assustar você

Nunca mais poderá falar!"

Tikki saiu discretamente do armário e acenou para mim indicando a sacada. Eu precisava encontrar um jeito de tirar Alya do quarto para poder me transformar. Foi então que eu me lembrei da tia dela.

"Alya! Sua tia! Será que ela já saiu da padaria?"

"Eu não sei!", ela respondeu aflita.

"Corra! Se ela estiver lá, a impeça de sair até que Ladybug e Chat Noir tenham resolvido isso!"

Alya foi correndo escada abaixo, e eu tranquei a porta assim que ela saiu. Tikki veio voando ao meu encontro com um olhar preocupado em suas grandes íris azuis.

"E o seu discurso, Marinette?!"

"Eu posso terminá-lo assim que resolver isso! Tikki, transformar!"

A fantasia de joaninha substituiu minhas usuais roupas e eu puxei o ioiô da cintura. Corri para a minha sacada e com a ajuda dele pulei de prédio em prédio, seguindo o monstro. Ele estava caminhando em direção à Torre Eiffel e agora já tinha quase metade da altura dela. Cada vez que La Peur rugia, vários pedestres gritavam de medo e, em seguida, perdiam a voz, fazendo com que ele ficasse maior. Ele era alimentado pelas expressões sonoras de pavor das pessoas.

Olhei ao meu redor, mas nada de Chat Noir ainda. Teria que começar sozinha.

Avancei sobre os prédios o mais rápido que pude até ficar a cerca de 100 metros diante do monstro, então fiz uma barreira entre dois postes com o fio do ioiô. Eu não tinha criado plano nenhum por enquanto, só queria retardá-lo para ganhar tempo o suficiente para fazer isso.

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