papéis amassados recheados de sentimentos entalados

outono

frio.

a discrição perfeita para como eu me sinto; para como você fez com que eu me sentisse.

como foi roubar todo o calor que fluia de uma pessoa cujo amor era capaz de drenar todos os rios e mares se assim fosse seu desejo? consigo ouvir sua voz, ouvir seus juramentos, consigo lembrar de suas mãos em minha mente, apertando e correndo minha sanidade.

eu era como o ar, forte, violento, livre, aventureiro.
você, como uma pedra, pesado e imóvel, mas não imutável.

eu te segurei nos braços, te soprei todas as minhas brisas e te mostrei como voar. eu dei o primeiro passo, aquele recheado de coragem, aquele que ninguém pode dar por nós. eu dei esse passo por mim e por você, mas você era bom, era bom em artes marciais. não pensou duas vezes para me derrubar e imobilizar.

você roubou minha força. roubou meus ventos. roubou minha essência aventureira. a cor que demorei a pintar em mim agora foi apagada por você.

por quê?

invertemos os papéis. enquanto eu carrego comigo o peso de não querer viver, você leva consigo todo espírito de puro amor e paixão pela vida.