Aritmomania

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Naquela manhã de domingo, acordei consideravelmente cedo levando em conta o horário em que tinha finalmente conseguido dormir na noite anterior - tarde da madrugada. Já estava cansado de ficar deitado apenas contando as mesmas linhas na parede de meu quarto, de qualquer modo eu teria que descer para a cozinha e socializar, só esperava que novamente não ocorresse nenhum tipo de discussão com minha mãe, não queria brigar por menor que fosse o motivo.

Eu precisava urgentemente conversar com alguém sobre minhas crises, que tinham se tornado diárias e preocupantes, por sorte minha próxima consulta seria no dia seguinte e eu finalmente poderia desabafar sobre tudo.

Me levantei da minha cama e a encarei, estava toda bagunçada e eu claro dediquei uns bons minutos para deixá-la na linha, arrumada, então segui para o banheiro. Fiz toda a minha higiene, normalmente sempre me demorando em lavar as mãos, não importava o que me dissessem, o que eu lesse, o que eu visse, minha mente sempre dava um jeito de me sabotar me dizendo que sim, algum dia eu iria ser infectado por não ter lavado a mão direito.

Você deve esfregar a sua mão no mínimo seis vezes Jungkook.

E essa era uma das minhas obsessões, o constante medo em ser infectado ou de contrair alguma doença. E provavelmente a pior delas.

Ao longo dos anos, para lidar com isso, meu corpo desenvolveu a compulsão em lavar as mãos, em sempre me certificar de que estavam limpas, que eu não corria perigo de ser infectado, de contrair qualquer doença que fosse. Querendo ou não, aliviava a minha mente, um pouco. Mas eu não podia fazer nada em relação a dores de cabeça ou uma febre que fosse, eu entendia que era a reação do meu corpo diante de algo errado com o mesmo, eu entendia que não necessariamente era algo grave, todo mundo sente dores de cabeça.

Mas minha mente me sabotava, o TOC me sabotava, afinal uma dor de cabeça também pode ser um tumor no cérebro.

Me olhei no espelho depois de ter passado sabonete líquido nas mãos pela oitava vez, a sequei, estava limpa. Sai do banheiro e fui de encontro a minha família na cozinha, Hoseok hyung estava com uma xícara de café na mão sentado no sofá assistindo a um desenho aleatório na TV.

Minha mãe estava lendo alguma coisa no celular, mas quando escutou meus passos na escada, seu olhar voltou para mim, me desejando bom dia, que retribui antes de também me servir de café e ir me juntar a meu hyung.

- Bom dia flor do dia. - ele me cumprimentou animado e eu soube que iria me bombardear de perguntas sobre o meu não encontro. - E então? - ele me olhou sugestivo me incitando a falar.

- O filme é muito bom, recomendo. - ele revirou os olhos, e minha mãe se sentou ao meu lado para ouvir a conversa.

- Qual é Jungkook! Eu quero saber de detalhes, quero saber se teve o famoso trocar de salivas! - me impressionava o quanto Hoseok e Jin conseguiam ser nojentos falando de algo tão simples.

Minha mãe me olhou surpresa, eu senti meu rosto esquentar rapidamente.

- Hyung, não aconteceu nada!

- Eu disse que não era uma boa ideia levar o Taehyung para seu encontro!

- Jungkook você teve um encontro? - minha mãe entrou no assunto e isso com certeza não era uma coisa boa.

- Não...

- Sim, com Jimin, mas ele chamou Taehyung pra ir junto, qual a chance de dar certo?

- Taehyung é o garoto do dia da festa? Aquele de cabelos acinzentados? - concordei brevemente com a cabeça. - Gostei dele, eu diria para você investir nele.

Minha gargalhada soou alta, de novo minha mãe tentava me desencalhar, era o cúmulo.

- Primeiro, não foi um encontro, segundo, meu foco não é o Taehyung hyung mãe, e sim o Jimin hyung, e terceiro, eu acho que ele é comprometido.

Em teus olhos vi constelações {taekook}Onde histórias criam vida. Descubra agora